J.K. Rowling e transfobia: Relançamento de Harry Potter reacende críticas a autora. Entenda

Comentários em suas redes sociais em 2020 fizeram a escritora receber duras críticas relacionadas a transfobia.

Postado em: 21-11-2021 às 10h55
Por: Ícaro Gonçalves
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Comentários em suas redes sociais em 2020 fizeram a escritora receber duras críticas relacionadas a transfobia | Foto: Reprodução

Vinte anos já se passaram desde o lançamento do primeiro filme sobre os bruxos de Hogwarts. Para comemorar a marca, cinemas de todo Brasil voltarão a exibir a partir deste domingo (21/11) o longa “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, desta vez em 3D. Todavia, o anúncio da reexibição do filme reascendeu polêmicas envolveu a autora da saga J. K. Rowling, especialmente quanto a acusações de transfobia.

Os debates tem circulado em maior parte pelo Twitter e Instagram. “A transfobia da J.K Rowling acabou com o meu entusiasmo para qualquer coisa sobre Harry Potter (…) Isso é triste demais para alguém que foi muito fã”, publicou Christian Gonzatti, professor e criador do portal Diversidade Nerd. Seu tweet já foi curtido por quase 15 mil pessoas.

No Instagram, o influencer trans Nick Thomás, com mais de 45 mil seguidores, reforçou em vídeo as denúncias de transfobia contra a autora. “Não existe dissociar autor da obra. A partir do momento que você consome um conteúdo oficial de Harry Potter, você está diretamente contribuído para sustentar essa visibilidade transfóbica que ela (J. K. Rowling) tem”.

Mas você sabe o porquê das acusações contra a autora? Relembre:

A história começou após um comentário feito pela autora em junho de 2020 sobre o título de uma matéria, na qual ela criticava a expressão utilizada: “pessoas que menstruam”. Para Rowling, o termo adequado a ser utilizado deveria ser “mulher”, ignorando o fato de que o texto tinha por objetivo ser inclusivo com homens trans que nasceram com o sexo biológico feminino e, por isso, também menstruam.

Rowling tentou justificar seu posicionamento em outros tweets, afirmando que não se pode negar o impacto do sexo biológico na vida das pessoas e na sociedade. Nos comentários, ela defendia a opinião de que identidade de gênero – isto é, se a pessoa se identifica como homem, mulher ou não-binária – é definida exclusivamente pelo sexo biológico. Este pensamento é problemático por não reconhecer a existência da população trans, nem de quaisquer pessoas que não se identificam com seu sexo biológico.

Após isso, muitos fãs e até mesmo autores e atrizes se disseram decepcionados com a postura de Rowling. Daniel Radcliff (que interpretou o próprio Harry Potter) publicou no portal Trevor Project um texto em defesa da população trans, no qual afirmava que:

“Mulheres trans são mulheres. Qualquer afirmação que diga o contrário apaga a identidade e a dignidade da população trans e vai contra todos os conselhos dados por associações de profissionais de saúde, que sabem muito mais sobre o assunto do que eu ou a Jo (apelido de J. K.)”, disse Radcliff.

A atriz Emma Watson (Hermione) se manifestou, se posicionando de forma contrária às ideias da escritora. Watson ainda estimulou que seus fãs fizessem doações para instituições dedicadas a ajudar pessoas trans. “Pessoas trans são quem dizem ser e merecem viver suas vidas sem serem constantemente questionadas ou terem que ouvir que elas não são quem dizem ser”, afirmou.

Celebridades trans de Hollywood também se posicionaram, como Nicole Maines, primeira atriz trans a fazer uma super-heroína na TV (Dreamer, em Supergirl). “Não, eu não apenas ‘decidi’ (ser trans): tive que me provar e reforçar minha identidade para estranhos, pessoas da minha família, psiquiatras, amigos, pares, colegas e para minha comunidade de novo e de novo”, escreveu Maines.

Por fim, Maines, Sonserina declarada, se disse ainda ser fã da franquia. “Esses livros e sua mensagem ainda existem, e qualquer opinião pessoal de Rowling não tirará isso de nós. Ninguém pode tirar isso de nós, esse mundo realmente pertence aos fãs. Ninguém pode mudar se eles nos ajudaram a nos assumir. Isso pertence a vocês”.

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