Síndrome do Burnout passa ser considerado doença do trabalho pela Organização Mundial da Saúde

Para especialista, empresas poderão ser responsabilizadas em processos judiciais por esgotamento mental de funcionários

Postado em: 13-12-2021 às 17h16
Por: Fernanda Santos
Imagem Ilustrando a Notícia: Síndrome do Burnout passa ser considerado doença do trabalho pela Organização Mundial da Saúde
Para especialista, empresas poderão ser responsabilizadas em processos judiciais por esgotamento mental de funcionários | Foto: Reprodução/ Google

A Organização Mundial da Saúde (OMS) irá considerar, a partir de 1º de janeiro de 2022, a Síndrome de Bornout uma doença do trabalho. Com isso, ela passará a ser classificada como CID 11, conforme proposto durante conferência internacional de 2019, cujo documento passa a valer no próximo ano.

A CID 11 ainda inclui o estresse pós-traumático, distúrbios em games e resistência antimicrobiana. No documento, a Síndrome de Burnout é oficializada como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Com a mudança, ela terá relação direta com o ambiente de trabalho e traz responsabilidade para a empresa sobre a saúde dos funcionários.

De acordo com Roberto Aylmer, médico, PhD e professor da Fundação Dom Cabral, para a revista Exame, o reconhecimento pela OMS terá efeito em processos trabalhistas relacionados ao tema. “Com essa classificação, uma vez que o médico faz o diagnóstico, a empresa tem culpa. Não é a pessoa que é exigente demais, perfeccionista ou faz parte de um perfil mais propenso, não é mais uma cobrança interna apenas”, afirma.

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A Justiça irá avaliar o caso a partir do laudo médico. Deverão ser coletadas provas de degradação emocional e fatores que podem provocar a síndrome, como assédio moral, cobranças agressivas e metas irrealistas.

Segundo o médico, a pandemia também teve efeito sobre a saúde mental dos funcionários. “Tivemos um acúmulo de coisas esquisitas e estressantes, não poder sair de casa, lidar com a morte, alto desemprego, trabalho em casa sem poder recarregar… foi muito doloroso”, afirmou. Com isso, Aylmer acredita que promoveu um comportamento de que para demonstrar comprometimento no trabalho é preciso sofrer. “Horas extras, mensagens fora do expediente, trabalho no final de semana são formas de mostrar para empresa o trabalho duro”, observa.

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