Somente 16% das crianças foram vacinadas no Brasil; o país é um dos mais lentos na américa latina

Especialistas apontam que a promoção de ações que desestimulam a imunização infantil é o principal problema do baixo índice

Postado em: 12-02-2022 às 14h40
Por: Alexandre Paes
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Especialistas apontam que a promoção de ações que desestimulam a imunização infantil é o principal problema do baixo índice | Foto: Reprodução/Internet

A campanha de vacinação infantil contra a Covid-19 começou em alguns estados no dia 13 de janeiro deste ano. Desde então somente na última quarta-feira (9/2) o Brasil alcançou o marco de 16% do total de crianças que podem se imunizar (população entre 5 e 11 anos). A porcentagem comemorada pelo ministro da Saúde Marcelo Queiroga é criticada por especialistas, pois os dados evidenciam o ritmo lento de uma campanha demandada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Uma análise realizada pelo Jornal Folha de S.Paulo mostra que o país demorou 23 dias para alcançar essa cobertura, que ocorreu no último fim de semana. Esse período foi quase o triplo do tempo gasto por países como Canadá, Austrália, Argentina e Uruguai, que levaram cerca de 8 a 9 dias para chegar aos 15%, de acordo com os dados oficiais.

O levantamento da Folha aponta o Brasil como um dos últimos colocados no ranking proporcional dentre dez nações que disponibilizam o detalhamento da vacinação por data e idade. Além do já citados acima a Alemanha, EUA, França, Chile e Itália também estão entre os dados da pesquisa.

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A vacinação havia chegado a 16,9% do público-alvo até a quarta-feira (9), conforme os dados do Ministério da Saúde. Segundo o IBGE, há 20,5 milhões de crianças com idade entre 5 e 11 anos na população. O Brasil só aparece à frente da França, um dos principais palcos do ativismo antivacina na Europa (4,5% com a primeira dose).

Quais seriam os motivos da baixa procura?

Especialistas listaram diversos fatores que podem explicar a lentidão e a baixa cobertura vacinal no Brasil. Para Renato Kfouri, do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o principal motivo é a oferta limitada de doses.

“As convocações parciais, por grupos de idade ou comorbidades, desaceleram o processo.Além disso existe uma distribuição desigual. São Paulo tinha um estoque da Coronavac e já vacinou metade das crianças, enquanto muitos municípios até hoje não receberam”, afirmou Renato.

O uso da vacina pediátrica da Pfizer foi aprovado em 16 de dezembro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A primeira remessa, com 1,2 milhão de doses, chegou ao Brasil quase um mês depois, em 13 de janeiro. Nesse intervalo, autoridades do governo federal promoveram ações de desestímulo à vacinação infantil.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a incitar ataques contra os técnicos da agência, e o ministro Queiroga, a afirmar erroneamente que as vacinas já haviam provocado milhares de mortes. “A disseminação de noticias falsas tem assustado muitos pais, que acabam optando em não imunizar seus filhos, mesmo sabendo que a vacinação é a melhor forma de se prevenir além dos cuidados já existentes” concluiu Renato Kfouri.

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