Obra do Palacete Tira Chapéu compartilha rotina de restauro em suas redes sociais

Vitrais exibem formas humanas e da natureza relacionadas ao comércio, à agricultura e à indústria.

Postado em: 11-03-2022 às 08h25
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Obra do Palacete Tira Chapéu compartilha rotina de restauro em suas redes sociais
Vitrais exibem formas humanas e da natureza relacionadas ao comércio, à agricultura e à indústria | Foto: Reprodução

Por Elysia Cardoso

Além da qualidade dos processos de restauro do Palacete Tira Chapéu, em Salvador, a obra se consolida como referência em transparência e democratização das informações. Para isso, foram criados diversos perfis nas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube), além de um site e um blog.

Por meio desses canais de comunicação, é possível acompanhar praticamente em tempo real a evolução das etapas de restauro executadas, conhecer as inúmeras técnicas utilizadas e ter acesso à história do monumento.

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O edifício de três andares é um dos mais suntuosos palácios dentre os prédios ecléticos da capital da Bahia. Construído em 1914 pelo arquiteto italiano Rossi Baptista, a edificação tem se destacado no meio virtual e possui mais de 1.300 seguidores em seu perfil do Instagram.

Artigos, textos históricos, fotografias e vídeos são publicados regularmente mostrando o meticuloso trabalho artístico de preservação da originalidade dos elementos arquitetônicos, suas cores, formas e texturas. Veja aqui o cotidiano da equipe de obras registrado por Agnes Cajaíba.

Depois de pronto, o Palacete Tira Chapéu, inaugurado em 1917 pelo comendador Bernardo Martins Catharino e doado em 1918 à Associação dos Empregados do Comércio da Bahia (AECBA), vai virar um Centro Gastronômico e Cultural. Um espaço para atividades gastronômicas, artísticas e performáticas. A obra é realizada pela Construtora Biapó em parceria com a Elysium Sociedade Cultural e prevê o restauro de todas as fachadas, esquadrias de madeira, pisos, forros e balaústres, forro artístico, ladrilhos hidráulicos e vitrais.

Nos meses de janeiro e fevereiro, iniciaram os serviços de demolição de paredes com reaproveitamento de tijolos maciços existentes, pintura da fachada da Rua do Tira Chapéu, das esquadrias, demolição do piso, retirada de azulejos e remoção de portas. Também foi feita a recomposição do pilar no térreo da fachada e a pintura de detalhes de ornamentos. Felizmente, foram encontradas degradações relevantes somente em alguns pontos das paredes externas.

Um dos grandes desafios desta obra é a busca de soluções para substituir peças exclusivas que estavam condenadas ou foram perdidas com o tempo. Como elas não podem ser encontradas no mercado, a alternativa é confeccioná-las a partir de moldes baseados nos originais ainda existentes em outros pontos do edifício. Essa é a forma de garantir a unidade de todo o conjunto e a fidelidade no processo de restauração. O molde é feito de silicone por ser bastante flexível e indicado para reprodução de artefatos com alta complexidade.

Na cobertura do edifício, as telhas cerâmicas coloniais sobre estrutura de madeira foram retiradas, pois estavam em estado irregular com comprometimento crítico da estrutura de madeira do telhado, necessitando de reposições de peças. Em vários pontos, foi necessário fazer um escoramento para evitar o rompimento da estrutura.

No forro abaixo do telhado, havia muito entulho, telhas soltas e fragmentos faltantes. E as infiltrações provocaram degradações na própria cobertura e danos nos forros e pisos de madeira dos andares inferiores. Os trabalhos seguem com a prospecção de pintura, o restauro de frisos dos pilares e a recomposição de ornamentos nos barramentos da fachada da Rua Chile.

Curiosidade – O bombardeio da Rua Chile

O Palacete Tira Chapéu está localizado na rua considerada a primeira do Brasil, a Rua Direita das Portas de São Bento, atual Rua Chile, o principal fluxo de pessoas e mercadorias da colônia. Já no século XX, a Rua Chile seria alvo de um grave acontecimento, o bombardeio de Salvador, em 1912, comandado por tropas federais que abriram fogo contra a cidade na tarde de 10 de janeiro, autorizadas pelo então presidente da República, Hermes da Fonseca.

O bombardeio feito pelos canhões dos Fortes São Marcelo, de São Pedro e Barbalho acertou as duas primeiras balas junto à base do Palácio do Governo, que logo foi tomado pelas chamas, assim como as residências na Rua Chile. Após essas perdas, o local passou por readaptações e reconstruções durante a época de introdução do art nouveau e do ecletismo. A meta era substituir o velho pelo novo, construir avenidas largas, demolir prédios antigos, higienizar e tornar a cidade salubre mais bonita, ampliar o comércio. Dos anos 1930 aos anos 1960, a via viveu seu apogeu e se tornou um centro sofisticado de compras e lazer em Salvador, com clientes vindos de todo o Brasil. (Especial para O Hoje) 

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