A memória cinematográfica é um retrato da história nacional da sociedade

O filme ‘Central do Brasil’, lançado em 1998, foi a obra que inseriu O Brasil, definitivamente, no circuito mundial

Postado em: 16-06-2022 às 09h22
Por: Lanna Oliveira
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O filme ‘Central do Brasil’, lançado em 1998, foi a obra que inseriu O Brasil, definitivamente, no circuito mundial | Foto: Divulgação

“O cinema é um modo divino de contar a vida”, disse o cineasta italiano Federico Fellini. Já Orson Welles, diretor, produtor, roteirista e ator de cinema norte-americano disse certa vez que “o cinema não tem fronteiras nem limites, é um fluxo constante de sonho”. De modos diferentes, ambos ressaltaram a transcendência do cinema, como podemos imaginar e vivenciar através das telas. Refletindo sobre a importância da sétima arte, podemos considerar a relevância do cinema nacional e por isso o celebramos oficialmente esta semana.

O Dia Nacional do Cinema Brasileiro comemorado dia 19 de junho é uma homenagem às primeiras imagens em movimento registradas em território nacional: a entrada da Baía de Guanabara por Afonso Segreto, em 1898. De volta da Europa no navio Brésil, onde havia feito um curso de operação de cinematógrafos, o ítalo-brasileiro registrou a sua chegada ao Rio de Janeiro. Há, no entanto, quem celebre a data em 5 de novembro, dia no qual a primeira exibição cinematográfica pública foi promovida no País no ano de 1896.

Independente da disputa, o cinema brasileiro precisa ser comemorado e valorizado. Filmes de ficção e não ficção, documentários, longas e curtas-metragens dos mais diferentes gêneros têm sido realizados por mais de 120 anos por nomes como os de Nelson Pereira dos Santos, Luiz Carlos Barreto, Eduardo Coutinho, Glauber Rocha, Helena Solberg, Héctor Babenco, Fernando Meirelles, Walter Salles, Tata Amaral, Anna Mulayaert e Kleber Mendonça Filho. O cinema compõe a história cultural do País. 

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A memória cinematográfica brasileira é um retrato da história nacional. As telonas refletem os avanços tecnológicos, o contexto social e político, o imaginário popular e a rica e diversa cultura que abrange a sociedade. Seja para conscientizar, entreter, divertir ou emocionar, o cinema é um agente transformador. Embora o País tenha passado por momentos de estagnação e atraso no setor, o catálogo de filmes produzidos por aqui é rico e valorizado no mundo inteiro. ‘Central do Brasil’, lançado em 1998, foi a obra que inseriu a nação, definitivamente, no circuito mundial.

Dirigido por Walter Salles, ‘Central do Brasil’ foi Indicado ao Oscar em 1999, nas categorias de Melhor Filmes Estrangeiro e Melhor Atriz, o filme Conquistou os mesmos prêmios no Globo de Ouro semanas antes e o Urso de Ouro em Berlim de Melhor Filme e o Urso de Prata para Fernanda Montenegro pelo papel de Dora. Infelizmente não venceu nenhum dos Oscars, um dos maiores absurdos da história da premiação. Mas o projeto mostrou ao mundo mais uma vez o poder de emocionar do cinema nacional sendo lembrado por todos fora do Brasil até hoje.

‘Cidade de Deus’ (2002), ‘Carandiru’ (2003) e ‘Tropa de Elite’ (2007) foram alguns dos títulos que conquistaram o grande público e ganharam enorme prestígio internacional pela crítica social e qualidade de produção. Mas os tempos de glória não ficaram restritos à época de lançamento desses filmes. Nos últimos dez anos, diversos longas ganharam espaço no coração dos críticos e do público. Um exemplo disso é ‘Bacurau’, de 2019, talvez um dos destaques mais recentes do cinema nacional, que conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes no mesmo ano.

Produções como ‘Macunaíma’ (1969), ‘Eles Não Usam Black-Tie’ (1981), ‘O Auto da Compadecida’ (2000), ‘O Palhaço’ (2011), ‘O Som ao Redor’ (2013), ‘Que Horas ela Volta?’ (2015), entre outros, merecem ser lembrados nessa singela homenagem às obras nacionais e aos fazedores de cinema. Imergir na cinematografia brasileira é mergulhar na sua própria história, é entender por meio da arte como chegamos até aqui. E como já diziam Federico Fellini e Orson Welles, que contemos a vida por meio dos sonhos proporcionados pelo cinema.

Programação das comemorações

O streaming Star+ apresenta seu portfólio de filmes nacionais para aqueles que amam, apoiam e valorizam as produções brasileiras. Dentre as diversas opções, que vão de comédia ao drama, eles contam com grandes nomes nacionais, como Glória Pires, Leandra Leal, Bruno Gagliasso, Alice Braga, Reinaldo Gianecchini, Wagner Moura, Lázaro Ramos, entre outros. Títulos como ‘Vale Night’, ‘Fédro’, ‘O Segundo Homem’, ‘Veneza’, ‘O Auto da Boa Mentira’, ‘O Homem que Copiava’, e mais, estão disponíveis na plataforma.

Já o Canal Brasil, celebra a data com uma campanha nas redes com o mote ‘O Cinema Brasileiro é nosso; o Canal Brasil é nosso’. Com veiculação nos perfis oficiais do canal e nos seus intervalos, as peças vão trazer cenas de filmes brasileiros icônicos e inesquecíveis que geram identificação imediata. A campanha vai se desdobrar ao longo de todo o ano para enfatizar que o cinema brasileiro reflete quem somos e nossas particularidades. O canal lança ainda um estudo sobre o cenário e o consumo das produções audiovisuais do País.

O Dia do Cinema Brasileiro será celebrado também pelo Museu Mazzaropi, espaço dedicado à história do ator, humorista e cineasta Amácio Mazzaropi. No domingo (19), às 10h, ocorrerá uma sessão gratuita do filme ‘O Lamparina’ pelo YouTube. As obras do artista estão disponibilizadas gratuitamente no youtube.com/MuseumazzaropiOrgBr. Lá é possível assistir obras como ‘Zé do Periquito’, ‘O Corintiano’, ‘O Puritano da Rua Augusta’, ‘Jeca Contra o Capeta’ e ‘O Jeca Macumbeiro’.   

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