Mitos sobre o 7 de setembro que você não sabia

A história contada sobre o dia em que Dom Pedro I declarou a Independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga é,

Postado em: 07-09-2022 às 12h23
Por: Maria Gabriela Pimenta
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Mitos e curiosidades por trás do Grito do Ipiranga | Foto: crédito

A história contada sobre o dia em que Dom Pedro I declarou a Independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga é, em alguns detalhes, fictícia e romantizada. Entretanto, criar histórias fantasiosas sobre um fato histórico responsável por lapidar a identidade nacional não é exclusividade brasileira: toda nação tem seus mitos estabelecidos. Este fenômeno ocorre para beneficiar as instituições vigentes e as pessoas envolvidas. Para explicar melhor, separamos alguns mitos sobre o 7 de setembro que você não sabia!

Nesta quarta-feira, celebramos o dia da Independência e, graças a historiadores e pesquisadores que se dedicam a desmistificar acontecimentos históricos, podemos identificar alguns exageros ou alteração nos fatos ocorridos. Além disso, é possível entender o motivo destas hipérboles. Por isso, para celebrar o bicentenário da declaração da Independência do Brasil com muito conhecimento, trouxemos alguns mitos sobre o 7 de Setembro que você não sabia.

Quadro “Independência ou Morte”

O quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, é o maior símbolo que temos do momento da declaração da Independência do Brasil. Entretanto, a maior parte do que é representado nesta obra é fruto de uma visão ficcional.

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Primeiramente, o pintor não estava no local na hora do ato. Pelo contrário, ele nasceu 20 anos após o acontecimento. A pintura foi encomendada por Dom Pedro II para registrar o “heroísmo” de Dom Pedro I ao contrariar a Coroa Portuguesa e lutar pela independência do Brasil.

14 pessoas?

A imagem mostra um grupo grande de pessoas ao redor de Dom Pedro I no momento em que a espada foi desembainhada. No entanto, a comitiva era, na verdade, de, no máximo, 14 pessoas.

“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas”

A famosa frase que dá início ao hino nacional brasileiro também não é uma representação verídica do que aconteceu. Estima-se, na realidade, que Dom Pedro estava em um local montanhoso, longe do riacho e nenhum grito foi ouvido de lá. De acordo com Jorge Pimentel Cintra, engenheiro especializado em cartografia histórica da Escola Politécnica e do Museu Paulista, em reportagem cedida a National Geographic, Pedro Américo sabia que não estava representando a realidade, mas sentiu necessidade de incluir o rio porque ficava mais bonito e era um símbolo relevante.

Vestimentas comuns, montado em uma mula

A representação na obra descreve Dom Pedro I com vestimentas luxuosas, o que é rebatido por historiadores. Com isso, de acordo com investigações, ele estava vestido como um simples tropeiro. Outra desavença na representação é o cavalo imponente, que na versão real, era uma mula – animal de grande resistência, usado como meio de transporte para longas viagens.

O grito “Independência ou morte!”

O grito “Independência ou morte” é uma das citações mais conhecidas entre o povo brasileiro e marca o momento em que a independência foi declarada. Mas será que esse grito foi tão imponente?

Na verdade, a frase proferida por Dom Pedro I foi bem maior. De acordo com o coronel Manuel Marcondes de Oliveira e Melo, barão de Pindamonhangaba e comandante da guarda de honra do príncipe e testemunha presente no momento do fato, Dom Pedro I disse: “Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português!” E bradou ainda o príncipe: “Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou morte!”. Ainda, ao contrário do que se imagina, a proclamação do príncipe na colina do Ipiranga não teve repercussão no momento de sua ocorrência e nem chamou a atenção dos jornais que circulavam pela corte no Rio de Janeiro, de acordo com Cecília Helena Lorenzini de Salles Oliveira, historiadora e pesquisadora do Museu Paulista.

O ano foi 1825

A data oficial que marca a Independência do Brasil é 7 de setembro de 1822. Entretanto, após o grito do Ipiranga, houveram processos burocráticos até Portugal reconhecer a independência do Brasil. Por isso, em algumas historiografias estrangeiras, a data é apontada como 1825.

O mito de que a Independência do Brasil foi pacífica

O processo de independência do Brasil não foi pacífico, como aprendemos nas histórias, nem apenas um simples acordo entre o Brasil e a Coroa portuguesa. Na verdade, houve muito derramamento de sangue nas guerras de independência. A mais conhecida é o conflito na Bahia, que ficou conhecido como Guerras da Independência. Durou um ano e cinco meses e causou mais de duas mil perdas em combate. Portugal não aceitou que todo o território brasileiro fosse independente e tentou lutar para que pelo menos uma área permanecesse sob domínio português. O fim da guerra até hoje é motivo de comemoração no estado baiano, mais celebrado do que a própria independência do Brasil.

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