Caso Kate A luz: vítimas alegam esquema criminoso de coach que acusou Yasmin Brunet de tráfico de pessoas

Três mulheres concederam uma entrevista ao jornal 'O Globo' e relatam como acabaram sendo envolvidas em esquemas criminosos das influenciadoras

Postado em: 10-11-2022 às 13h24
Por: Victória Vieira
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As vítimas alegam que a coach se autodenominava de guru espiritual e "bruxa" Kat | Foto: Reprodução/Facebook

Novas vítimas denunciaram Katiuscia Torres, Desirre Freitas e Leticia Maia, mulheres envolvidas no caso “Kate A Luz“, por aplicação de golpe nos Estados Unidos. Três mulheres concederam uma entrevista ao jornal ‘O Globo‘ e relatam como acabaram sendo envolvidas em esquemas criminosos das influenciadoras que acusaram Yasmin Brunet de tráfico de pessoas.

As vítimas alegam que a coach se autodenominava de guru espiritual e “bruxa” Kat. Com isso, ela se aproveitava para explorar os pontos fracos dos clientes, afim de saber como poderia extorqui-las.

“Ela ficou cinco anos me acompanhando com todos os caras que eu saí. Ela sabia que eu era insegura e sempre falava para eu ir para as consultas para ter mais confiança. Para falar com os homens, ela escrevia a mensagem e eu só encaminhava. E os conselhos davam certo, por isso eu confiava. Tenho uma família muito bem estruturada, meu foco nunca foi ganhar dinheiro. Mas ela queria o meu dinheiro e conseguiu”, relatou uma testemunha não identificada.

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A mulher revela que conheceu a coach em 2017 via Skype e acabou levando prejuízo com os conselhos amorosos. Na época, Katiuscia cobrava R$ 1000 pelas consultas, além de outros serviços como “banho de iniciação”, que segundo ela, deveria ser feito pessoalmente e custaria US$ 10 mil. Já cada sessão de bruxaria estava em torno de R$ 800. Todos os lucros eram em dólares, ao todo, a vítima recebeu um golpe de R$150 mil.

“Eu fazia tudo o que ela mandava, decidi que abriria mão da minha vida no Brasil para passar um tempo lá. Coloquei condições de que teria de ter meu espaço. Ela e as meninas (Letícia e Desirrê) me tratavam como rainha”, disse. “Mas comecei a ver que os banhos com cristais não funcionavam, o meu ex não me procurava, e as meninas deixaram escapar que a Kat as proibiram de falar de negócios comigo. A Flare, uma terceira menina que trabalhava com a Kat, também disse que o meu ex-namorado não era o homem para a minha vida. Então, depois de cinco dias, eu vim embora e nunca mais falei com nenhuma delas”, relatou.

A segunda vítima também preferiu não ser identificada, mas divulgou uma história semelhante. Em seu caso, o primeiro contato com Kat foi em 2018, quando a procurou pedindo ajuda para lidar com um relacionamento conturbado. Aconselhando, Torres sugeriu que a jovem fosse morar nos Estados Unidos e se tornasse uma “sugar baby”. Esse é o termo utilizado quando mulheres mais novas se envolvem com homens mais velhos (sugar daddy) e em troca, são presenteadas com itens caros ou viagens.

“Eu procurava as consultas, mas ela também sempre me procurava falando que a voz disse que eu precisava ouvir um conselho. Depois que terminei meu relacionamento, ela disse ter percebido que meu problema era não gostar do curso de engenharia do petróleo que estava cursando e propôs que eu fosse trabalhar com sugar baby nos EUA. Ela queria ter várias meninas fazendo o mesmo que eu porque me contou que pretendia montar um Airbnb para isso”, confessou.

Para a catadora de recicláveis Maiara Ribeiro, de 28 anos, a situação foi assustadora e a deixou com um sentimento de humilhação. Na ocasião, elas se conheceram através das redes sociais, após ela fazer um comentário abaixo de uma foto postada pela influencer. Ao dizer que queria ser “poderosa igual a Kat”, a mulher respondeu afirmando que poderia ajudá-la trabalhar com sua autoestima e a convidou para ir aos Estados Unidos com tudo pago. Porém, logo após realizar a promessa, Katiuscia sumiu e nunca mais apareceu.

“Ela me dizia que eu voltaria da Califórnia uma mulher muito mais confiante e com dinheiro. Mas em momento algum ela me ofereceu um emprego ou disse para eu levar o meu marido e minhas duas filhas. Eu só acreditei, fui atrás dos documentos e encaminhei para que ela pagasse. Estava disposta a arriscar para ter uma vida melhor, mas infelizmente fui enganada”, declarou. “Uma das seguidoras dela me contou o que estava acontecendo e agradeci a Deus por ela ter parado de me responder. Eu me senti humilhada”, ressaltou Maiara.

Katiuscia Torres, Desirre Freitas e Leticia Maia, as três influenciadoras que acusaram Yasmin Brunet de tráfico de pessoas, foram presas nos Estados Unidos no início de novembro. As três estão na lista das detentas do Condado de Cumberland, na Carolina do Norte. Até o momento, o motivo da prisão não foi divulgado.

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