13 livros de poesia que precisam estar na sua estante

Ótimos livros para um momento de reflexão e lazer

Postado em: 23-04-2024 às 16h59
Por: Eduarda Leão
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Livros de poesia indicados para um momento de reflexão e lazer | Foto: Freepik

Existem livros de poesia que possuem o incrível poder de transportar o leitor para um universo completamente novo e inspirador. Bom, a poesia está entre nós até mesmo antes do ato de escrever e até nos dias atuais o ser humano continua encantado pelo brilho da subjetividade da voz poética.

Se você é dessas pessoas que não abrem mão de uma boa leitura poética, essa seleção com 13 livros incríveis de poesia certamente podem te agradar, confira!

Pela luz dos olhos teus – Vinícius de Moraes e Tom Jobim

Ilustrada pelo artista plástico carioca Filipe Jardim, esta antologia reúne 22 poemas de um dos fundadores da bossa nova. Desde seu livro de estreia, O caminho para a distância, lançado em 1933, passando por Forma e exegese (1935) e Livro de sonetos (1957), até chegar a Novos poemas II (1959), o encantamento amoroso é o tema que perpassa toda a obra de um dos nossos principais poetas líricos.

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Se no poema “A mulher que passa” Vinicius pergunta: “Por que me faltas, se te procuro?”, nos versos iniciais de “Soneto do Corifeu” ele define o estado de urgência em que vivia, numa assombrosa constatação: “São demais os perigos desta vida/ Para quem tem paixão, principalmente”.

Toda Poesia- Paulo Leminski

Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes construções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e super informada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”. Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Se por um lado tinha pleno conhecimento do que se produzira de melhor na poesia – do Ocidente e do Oriente -, por outro parecia comprazer-se em mostrar um “à vontade” que não raro beirava o improviso, dando um nó na cabeça dos mais conservadores. Pura artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos.

Entre sua estreia na poesia, em 1976, e sua morte, em 1989, a poucos meses de completar 45 anos, Leminski iria ocupar uma zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira, pela qual transitariam, de forma legítima ou como contrabando, o erudito e o pop, o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica. Não à toa, um dos títulos mais felizes de sua bibliografia é Caprichos & relaxos: uma fórmula e um programa poético encapsulados com maestria.

Este volume percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano, mestre do verso lapidar e da astúcia. Livros hoje clássicos como Distraídos venceremos e La vie en close, além de raridades como Quarenta clics em Curitiba e versos já fora de catálogo estão agora novamente à disposição dos leitores, com inédito apuro editorial. O haikai, a poesia concreta, o poema-piada oswaldiano, o slogan e a canção – nada parece ter escapado ao “samurai malandro”, que demonstra, com beleza e vigor, por que tem sido um dos poetas brasileiros mais lidos e celebrados das últimas décadas.

Com apresentação da poeta (e sua companheira por duas décadas) Alice Ruiz S, posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e um apêndice que reúne textos de, entre outros, Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, Toda poesia é uma verdadeira aventura – para a inteligência e a sensibilidade.

Da Poesia – Hilda Hilst

A intensa e prolífica atividade literária de Hilda Hilst se desdobrou em livros de ficção e em peças de teatro, mas foi na poesia que ela deu início e fim à sua carreira. Ao longo de 45 anos, entre 1950 e 1995, a poeta publicou em pequenas tiragens graças ao entusiasmo de editoras independentes ― com destaque para Massao Ohno, seu amigo e principal divulgador.

No início dos anos 2000, os títulos de Hilda passaram a ser publicados pela Globo, editora com ampla distribuição. Nessa época, a sua escrita, até então considerada marginal e hermética, começou a receber o interesse de uma legião de leitores e estudiosos.

Agora, a Companhia das Letras reúne, pela primeira vez, toda a lavra poética da autora de Bufólicas em um só livro, que inclui, além de mais de 20 títulos, uma seção de inéditos e fortuna crítica. O material contém posfácio de Victor Heringer, carta de Caio Fernando Abreu para Hilda, dois trechos de Lygia Fagundes Telles sobre a amiga e uma entrevista cedida a Vilma Arêas, publicada no Jornal do Brasil em 1989.

A poesia de Hilda ― que ganha forma em cantigas, baladas, sonetos e poemas de verso livre ― explora a morte, a solidão, o amor erótico, a loucura e o misticismo. Ao fundir o sagrado e o profano, a poeta se firmou como uma das vozes mais transgressoras da literatura brasileira do século XX.

Canções de atormentar – Angélica Freitas

Oito anos depois da publicação do já célebre Um útero é do tamanho de um punho ― lançado em 2012 pela Cosac Naify e reeditado em 2017 pela Companhia das Letras ―, Canções de atormentar traz o olhar afiado de uma poeta que, com inteligência e ironia, observa a si e ao mundo. Os poemas rememoram a infância no Sul, com o pé de araçá plantado pela avó, relatam o esforço inútil de tentar compreender o Brasil de hoje e discutem a injustiça, o machismo e a nostalgia de uma nação que não passou de projeto.

Em “porto alegre, 2016”, que trata da migração e dos protestos nas ruas, violentamente refreados pela ordem pública, a poeta escreve: “agora a colher cai da boca/ e o barulho de bomba é ali fora/ e a polícia vai pra cima dos teus afetos/ munida de espadas, sobre cavalos”. Canções de atormentar reúne poemas ora ferozes, ora desiludidos, sem nunca perder de vista a urgência, a vivacidade, o humor e o tom incisivo que consagraram Angélica como um dos nomes mais originais da literatura contemporânea.

O livro das semelhanças – Ana Martins Marques

O livro das semelhanças , obra de uma das mais aclamadas poetas brasileiras contemporâneas, é um acontecimento raro em nossa cena literária.

“Houve um tempo em que se usava/ nos livros/ papel de seda para separar/ as palavras e as imagens.” Tais versos, como muitos outros deste O livro das semelhanças , expõem com o wit e a delicadeza característicos da autora esse tatear entre as palavras e as coisas.

Em outro poema, significativamente intitulado “Não sei fazer poemas sobre gatos”, a autora admite – com graça e um certo veneno – que as palavras “soltam-se ou/ saltam/ não capturam do gato/ nem a cauda”, para depois concluir, com autoironia devastadora: “sobre a mesa/ quieta e quente/ a folha recém-impressa/ página branca com manchas negras:/ eis o meu poema sobre gatos”.

Pois graças a esses e a outros textos, esta nova reunião dos poemas de Ana Martins Marques parece ser a culminação de um dos caminhos mais relevantes da lírica brasileira dos últimos anos. Estão aqui, com uma força que já podia ser antecipada em seus livros anteriores, peças que versam, sobretudo, a respeito da tentativa – sempre temerária, mas também desafiadora – de recuperar o mundo e as coisas por meio da palavra.

Porém a autora sabe que vivemos tempos fraturados, em que experimentamos aquilo que poderia ser nomeado como uma certa falência da mimese, pois traduzir o real literariamente é deparar com o abismo que se interpõe entre o mundo sensível e a folha em branco. E Ana desconfia do quanto isso tem de frágil, de problemático – e de igualmente fascinante.

Dividido em quatro seções (“Livro”, “Cartografias”, “Visitas ao lugar-comum” e “O livro das semelhanças”), esta obra desperta o leitor para o prazer sempre iluminador e sensível de uma das vozes mais originais da poesia brasileira. Do amor à percepção de que há um espaço – geográfico, quase – para o lugar-comum, do entendimento da precariedade do nosso tempo no mundo à graça (mineira, matreira) proporcionada pela memória: eis uma poeta que nos fala diretamente. Ou, como diz em um de seus versos: “Ainda que não te fossem dedicadas/ todas as palavras nos livros/ pareciam escritas para você”.

O meu quintal é maior do que o mundo – Manoel de Barros

Manoel de Barros é um dos poetas mais originais de nosso tempo. Sua obra inaugura um estilo único, que transforma a natureza, os objetos e a própria condição humana em expressões poéticas carregadas de significado e emoção. Esta antologia inédita reúne poemas de todas as fases do escritor, oferecendo um panorama abrangente de sua produção literária. Em mais de setenta anos de ofício, Manoel redesenhou os limites da linguagem e seus sentidos.

Embora fosse um erudito, Manoel de Barros preferia ocultar-se atrás de diversas máscaras, inclusive a da ignorãça, como ele grafava, à antiga. Numa de suas entrevistas, ele diz: “O poeta não é obrigatoriamente um intelectual; mas é necessariamente um sensual.” É esse sensualismo poético que lhe permite “encostar o Verbo na natureza”. Talvez nenhum outro poeta tenha tido uma relação tão intensa com ela. A obra de Manoel de Barros foi escrita para o futuro. Meu quintal é maior do que o mundo revela a força, a vitalidade e o alcance universal da obra deste poeta inimitável.

Poema Sujo – Ferreira Gullar

Publicado originalmente em 1976, Poema sujo transformou a paisagem da poesia brasileira com sua torrente arrebatadora de versos, expressão máxima de uma subjetividade convulsa pela atmosfera sufocante da ditadura.

O poema foi escrito na Argentina, onde o autor se encontrava exilado. “Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre”, escreveu Gullar. “Imaginei que poderia vomitar, em escrita automática, sem ordem discursiva, a massa da experiência vivida – lançar o passado em golfadas sobre o papel e, a partir desse magma, construir o poema que encerraria a minha aventura biográfica e literária.”
Quarenta anos depois, o poema continua atual como nunca.

Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, Pablo Neruda

Publicado originalmente em 1924, Vinte poemas de amor e uma canção desesperada é até hoje um dos títulos mais vendidos de poesia em língua espanhola. Foi o segundo livro lançado pelo jovem Pablo Neruda (1904-1973), depois de Crepusculário, e já se vê aqui os principais temas que marcariam toda a obra literária do autor: o espanto do ser humano diante da experiência amorosa, o louvor à mulher amada e a celebração das paisagens chilenas.

Como apontou Gabriela Mistral, Neruda significou “um homem novo na América, uma sensibilidade com a qual abre um novo capítulo emocional americano”. O próprio poeta, que em 1971 seria laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, falou em suas memórias sobre a presente obra: “É um livro que amo porque, apesar de sua aguda melancolia, está presente nele o prazer de viver”. “Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis, e às vezes ela também me queria. Em noites como esta, a tive nos meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.”

Para o meu coração num domingo, Wislawa Szymborska

Terceira coletânea de poemas da vencedora do prêmio Nobel e um dos nomes mais cultuados da literatura polonesa.

Depois dos festejados Poemas (2011) e Um amor feliz (2016), Para o meu coração num domingo reúne 85 poemas da voz que encantou o mundo com seus versos afiados, que misturam rigor formal, pitadas de ironia e tom levemente coloquial. No poema que dá título ao livro, Wislawa Szymborska anuncia: “Você tem setenta méritos por minuto./ Cada contração tua/ é como o lançar de uma canoa/ no mar aberto/ numa viagem ao redor do mundo”.

Com organização e tradução de Regina Przybycien e Gabriel Borowski, este conjunto de poemas trata de experiências cotidianas, amor, sonhos, morte, filosofia, mitologia, história e antropologia, sempre com o olhar curioso, generoso e bem-humorado de uma das poetas mais extraordinárias do século XX.

Jóquei – Matilde Campilho

O escritor é alguém que presta atenção ao mundo, disse Susan Sontag. O poeta talvez seja alguém que, ao prestar atenção, se espanta com o mundo e, sobretudo, consegue fazer a linguagem se espantar com ele – e dar saltos. Pois este Jóquei dá muitos saltos, a todo instante.

São poemas em prosa, conversas por telefone, cartas para crianças, explosões de ternura. Passeando pelas ruas do Rio de Janeiro, perseguindo carros de bombeiro pelo Brooklyn ou contemplando ondas gigantes de um balcão, sopra deste livro – como disse o crítico Gustavo Rubim, saudando sua primeira edição (Lisboa, Tinta-da-China, 2014) – um “vento de pura selvageria”.

Desfeita, refeita: Poemas sobre o fim, o meio e o início – Ruth Manus

Seis anos depois de se mudar para Portugal para viver uma história de amor, Ruth Manus precisou enfrentar a dura realidade de que seu casamento terminara.

Diante da dor e da sensação inevitável de fracasso, ela escreveu poemas que acompanham o difícil período que viveu, assim como sua lenta recuperação.

Com ilustrações delicadas e sensíveis feitas por Maró Manus, mãe da autora, Desfeita, refeita é uma versão poética dessa jornada, entremeada por relatos em prosa que contam como as relações familiares de Ruth a levaram a descobertas libertadoras.

É um livro dedicado a todas as pessoas “que sangraram. Que se encolheram na cama. Que se amedrontaram com a hora de acordar. Mas que mesmo assim abriram os olhos e se levantaram”.

Jamais peço desculpas por me derramar: Poemas de temporal e mansidão – Ryane Leão

O novo livro de poesia da autora de Tudo nela brilha e queima.

Segundo livro de Ryane Leão, mulher preta, poeta e professora, criadora da página onde jazz meu coração, com mais de 600 mil seguidores nas redes sociais. Seu primeiro livro, Tudo nela brilha e queima, já vendeu mais de 40 mil exemplares.

“mesmo na correria, eu sigo em busca das sutilezas.
não posso deixar as distrações passarem batidas.
o peso do mundo não vai tomar conta de minha pele se eu me atentar às brechas, às margens.
anteontem eu vi o mar.
recebi abraços apertados que me agradeceram pelos poemas que escrevo com o coração na ponta dos dedos.
hoje de manhã as folhas das árvores balançaram com o vento e o barulho foi tão bonito.
daqui a pouco começo a cozinhar porque vou receber em casa as pessoas que amo.
quero saber de cor o que me traz paz, embora não sejam permanentes as belezas. o caos também não é.
e eu estou mudando a cada minuto, então tudo bem.
há algo que resiste por entre os escudos, que me relembra que existe uma coisa essencial em ser uma mulher que se reconstrói diariamente: eu sou profunda demais pra acabar.” 
– RYANE LEÃO

Exílios e poemas – James Joyce

Volume fundamental que reúne toda poesia publicada em vida por James Joyce, a peça “Exílios” ― que contém temas posteriormente explorados em Ulysses ― e um conjunto de notas elaboradas pelo autor durante o processo de escrita.

Antes da publicação de Ulysses , James Joyce lançava a peça Exílios , em 1918. Nela, o autor explora temas que aparecerão em sua obra magna, como as relações complexas de adultério e desejo. Joyce também trabalhou constantemente em seus poemas e em 1917 lançava Récita privada .

Neste volume estão reunidas a peça e também sua produção poética oficialmente recolhida em livro, sendo possível ter uma visão mais ampla da ideia do autor não só sobre o exílio, como também sobre a própria literatura.

Além da peça e dos poemas, esta edição conta com um conjunto de notas que Joyce elaborou durante o processo de escrita e alguns fragmentos de diálogos não incluídos na versão final do texto.

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