Cantor de rap some após abordagem policial

Família percorreu hospitais, delegacias e setores próximos do local onde o jovem morava

Postado em: 28-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Família percorreu hospitais, delegacias e setores próximos do local onde o jovem morava

Marcus Vinícius Beck*


Kaíque Sabotinha, 20, é um dos membros mais conhecidos da cena rap na Região Metropolitana de Goiânia. Por volta das 17h da última quarta-feira (22), ele desapareceu de sua residência, no Setor Colinas de Homero, em Aparecida de Goiânia. Três homens, que diziam ser policiais, mas estavam vestidos à paisana, invadiram a casa em que ele morava com os pais em busca de drogas e armas. No entanto, os supostos PM´s não encontraram nada e acabaram levando Kaíque.   

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Desesperada, a família percorreu hospitais, delegacias e setores próximos ao local em que o jovem morava. Até o fim da tarde de ontem (27), quando se completou cinco dias do desaparecimento, nenhuma notícia sobre o paradeiro de ‘Sabotinha’ veio à tona. Encontrá-lo acabou virando o sonho da família e de amigos, que iniciaram uma campanha que se espalhou nas redes sociais. “Fizemos ocorrência de sequestro e cárcere privado”, afirma o irmão de ‘Sabotinha’, Kam Liberato. “Mas a polícia já está investigando e tem três suspeitos de terem participado do sequestro”, completa. 

Sabotinha, apelido em alusão ao rapper paulistano Sabotagem, morto em 2003, é conhecido não apenas em seu bairro, mas também no movimento rap goiano. Ele chegou a ser o primeiro campeão da Batalha do Rei, considerado um dos maiores festivais de rap da Capital. “Sabotinha é tido como uma referência por jovens que desejam se tornar cantores no futuro”, garante o irmão. Segundo Kam, o jovem não tem passagens pela polícia. 

O DJ Jonas dos Santos Ferreira, 28, salienta que Sabotinha era talentoso e, além disso, o movimento cobra justiça e deseja que o rapper retorna para as batalhas com vida. “É o que nós desejamos, porque isso ocorre praticamente todos os dias com os irmãos pretos da periferia”, confessa o DJ, acrescentando que o sumiço é uma prática normal que ocorre com negros. “Ricos não passam por esse tipo de transtorno, pois a polícia lhes protege direto”, completa. 

Outros integrantes da cena rap da Capital cobram explicações das autoridades, e esperam que o rapper retorne com vida. “A solidariedade deve vir com uma grande ajuda. Seja compartilhando ou ajudando nas buscas do garoto, essa ajuda é muito importante”, dizia um comunicado, que circula por uma rede social. Para o movimento, o filme, mais uma vez, está se repetindo diante “dos nossos olhos”. “Não podemos ficar parados”, finaliza. 

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, mas foi informada de que o caso está com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e, por isso, “não têm quaisquer informações” para passar à imprensa. 


Outro caso

Imagens de câmera de segurança registraram ontem (27) o momento que um policial militar entrou no carro do auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, 31, e realizou os disparos contra o para-brisa. O crime, que tirou a vida do homem, aconteceu na tarde do último sábado (25), e resultou na morte do rapaz e do assaltante, que era menor de idade e que havia tomado o auxiliar como refém. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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