Assédio nos ônibus assusta mulheres

Passageiras que utilizam o transporte coletivo da Grande Goiânia não se sentem seguras

Postado em: 15-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Passageiras que utilizam o transporte coletivo da Grande Goiânia não se sentem seguras

Gabriel Araújo*

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Casos de assédio sexual em transportes públicos estão cada vez mais frequentes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSPGO), somente em janeiro foram registrados cinco casos de importunação ofensiva ao pudor, comumente relacionado ao assédio. Durante todo o ano passado, a secretaria havia registrado 76 ocorrências, uma a menos que no ano anterior, quando foi registrado 77 casos.

Apesar da mínima queda nos números, as passageiras que utilizam o transporte coletivo da Grande Goiânia não se sentem seguras. Uma estudante de 22 anos, que prefere não se identificar, afirmou que utiliza o transporte sempre apreensiva. “Assobios e olhares acontecem sempre, a gente tenta andar com algum conhecido pra evitar algo pior”, afirmou a jovem.

A Polícia Militar (PM) prendeu, na manhã da última segunda-feira (12), um homem acusado de assédio sexual dentro de um ônibus do transporte público de Goiânia. De acordo com a PM, o suspeito havia passado as mãos nas pernas de uma passageira e foi contido por outros passageiros que chamaram a policiais do 1º Batalhão da Polícia Militar. O caso ocorreu quando o ônibus chegava ao Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico.

Ele foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil e foi acusado de importunação ofensiva ao pudor e crime de dano, por ter danificado o ônibus ao tentar fugir. A pena é de multa.

Violência contra Mulher

Segundo dados do Painel Estratégico da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSPGO) o número de abusos sexuais ocorridos no Estado no ano passado foi de 631, com somente o mês de outubro registrando 73 casos. Em 2018. Já foram contabilizados 61 ocorrências, o que equivale a mais de uma pessoas sendo abusada por dia em Goiás. As regiões de Luziânia, Goiânia e Aparecida de Goiânia são responsáveis por 47,2% de todos os casos ocorridos no Estado.

De acordo com a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicada no ano passado, ocorreram 49.497 casos de estupro no país em 2016, um crescimento de 3,5% em relação ao ano de 2015. No Brasil, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no período da pesquisa, o que resultou em 4.606 mulheres mortas.

Para o presidente do conselho administrativo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cássio Thyone, o principal problema é a impunidade. “Ao colaborar com a punição pela condenação justa do agressor se reprime não apenas o fato em si, mas toda uma sensação de que ficarão impunes”, escreveu.

Em 2016, a organização internacional de combate à pobreza ActionAid divulgou uma pesquisa internacional onde mostrava que o assédio em espaços públicos é um problema global, pois foram registrados altos índices de assédio sexual nos países pesquisados. Na Tailândia o resultado foi de 86% das mulheres entrevistadas, na Índia foram 79%, enquanto na Inglaterra 75% das entrevistadas afirmaram ter sofrido assédios e, no Brasil 86% das mulheres ouvidas sofreram assédio em público em suas cidades.

O estudo ainda identificou as principais formas de assédio sofridas pelas mulheres brasileiras, o assobio é o mais comum, tendo 77% das entrevistadas como vítimas, seguido por olhares insistentes com 74%, comentários de cunho sexual com 57% e xingamentos com 39%. Dados mais alarmantes foram que metade das mulheres entrevistadas no país disse que já foi seguida nas ruas, 44% tiveram seus corpos tocados, 37% disseram que homens se exibiram para elas e 8% foram estupradas em espaços públicos. (*Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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