Ministério da Saúde estuda ampliar vacinação de febre amarela para todo o país

A proposta será discutida com os Estados e organismos internacionais. A vacinação deve ser feita de forma gradual, de acordo com as possibilidades dos estados

Postado em: 22-02-2018 às 13h55
Por: Márcio Souza
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A proposta será discutida com os Estados e organismos internacionais. A vacinação deve ser feita de forma gradual, de acordo com as possibilidades dos estados

O Ministério da Saúde estuda
ampliar a vacinação de febre amarela para todo o país ainda neste ano devido à
circulação do vírus em novas áreas. Durante reunião da Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apresentou nesta
quinta-feira (22) a proposta que deve ser definida com os Estados. A sugestão
será também discutida com organismos internacionais, como a Organização Mundial
da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Ao apresentar a proposta, o
ministro Ricardo Barros defendeu que estratégia de vacinar toda a população, deve
ser feita de forma gradual, de acordo com as possibilidades dos estados. “Isso
é uma proposta que será discutida com as diversas competências: secretários
estaduais, OMS e OPAS. Se decidido, haverá uma programação de vacinação para
cada estado”, esclareceu Ricardo Barros.

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A ideia é incluir todos os
estados do país como Área Com Recomendação de Vacinação (ACRV). Atualmente,
alguns Estados do Nordeste e parte do Sul e Sudeste do país não fazem parte das
áreas de recomendação de vacina, por não apresentarem circulação do vírus.
Neste locais devem ser vacinados, aproximadamente, 34 milhões de pessoas, sendo
11 milhões nos estados da região Sul e Sudeste, além de 23 milhões no Nordeste.

Atualmente, a estratégia de
vacinação contra a febre amarela faz parte da rotina de 21 estados brasileiros
e também é recomendada para pessoas de outras regiões que vão se deslocar para
áreas silvestres e rurais nessas localidades. O Ministério da Saúde, ao longo
de décadas, vem ampliando as áreas de vacinação, conforme a necessidade
apontada pelo monitoramento constante da circulação do vírus.

O Ministro da Saúde ressaltou
ainda que aguarda o funcionamento da nova fábrica da Libbs Farmacêutica, em São
Paulo, para aumento da produção da vacina no país. “Estamos aguardando o início
do funcionamento da nova fábrica que poderá produzir mais 4 milhões de vacinas
por mês. Assim, teremos a capacidade de fazer a imunização de toda a população.
Com isso, todo o Brasil se tornaria área de vacinação permanente”, concluiu.

A nova fábrica faz parte de um
acordo de transferência tecnológica entre a empresa privada e o Instituto de
Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) para aumentar a capacidade de produção do insumo em 48 milhões de
doses por ano. Desde o segundo semestre de 2016, Bio-Manguinhos vem trabalhando
para viabilizar esse acordo, transferindo à parceira todos os conhecimentos
necessários para a parte final da produção. A expectativa é de que até o início
de junho seja iniciado o fornecimento ao Ministério da Saúde.

A Fiocruz ainda trabalha na
conclusão da construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde em
Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, que teria capacidade para atender às
demandas atuais e futuras de produção da vacina de febre amarela, bem como de
outros imunobiológicos. A linha atual de processamento final da Fiocruz para a
vacina contra a febre amarela inclui também outros produtos estratégicos para o
Ministério da Saúde, como a tríplice viral, que é a vacina que imuniza contra
rubéola, sarampo e caxumba.

No ano passado, o Ministério da
Saúde adquiriu 65 milhões de doses da vacina de febre amarela do Instituto
Biomanguinhos/Fiocruz para distribuição a todos os estados do país e imunização
da população. Para este ano, está prevista a compra de mais 48 milhões de
doses.

Para atender exclusivamente à
demanda da campanha de fracionamento, o Ministério da Saúde distribuiu 19,4
milhões de doses da vacina de febre amarela aos estados do Rio de Janeiro (4,7
milhões), Bahia (300 mil) e São Paulo (10 milhões). Também foram enviadas 15
milhões de seringas aos estados, sendo 5,2 milhões para o Rio de Janeiro, 500
mil para a Bahia e 9,3 milhões para São Paulo.

CASOS 

O Ministério da Saúde
atualizou nesta quarta-feira (21) as informações repassadas pelas secretarias
estaduais de saúde sobre a situação da febre amarela no país. No período de
monitoramento (de 1º de julho/2017 a 20 de fevereiro de 2018), foram
confirmados 545 casos de febre amarela no país, sendo que 164 vieram a óbito.
Ao todo, foram notificados 1.773 casos suspeitos, sendo que 685 foram
descartados e 422 permanecem em investigação, neste período.

No ano passado, de julho de 2016
até 20 fevereiro de 2017, eram 557 casos confirmados e 178 óbitos confirmados.
Os informes de febre amarela seguem, desde o ano passado, a sazonalidade da
doença, que acontece, em sua maioria, no verão. Dessa forma, o período para a
análise considera de 1º de julho a 30 de junho de cada ano.

O Ministério da Saúde reforça a
importância da vacinação da população dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo
durante a campanha contra febre amarela. Dados preliminares dos  estados do Rio de Janeiro e São Paulo apontam
que, até esta segunda-feira (19), 5,1 milhões de pessoas foram vacinadas, sendo
4,7 milhões com doses fracionadas e 422,6 mil com doses padrão. O número
corresponde a 25,2% do público-alvo previsto no Sudeste. A recomendação é que
os estados continuem vacinando até atingir alta cobertura. O estado da Bahia
iniciou a campanha em oito municípios, nesta segunda-feira (19). 

Foto: Reprodução 

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