Preparadores usam técnicas de coaching em Goiânia

No Brasil, a nova habilidade cresceu mais de 300% nos últimos cinco anos, tendo saltado de 7 mil coaches, em 2012, para 25 mil, em 2015

Postado em: 14-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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No Brasil, a nova habilidade cresceu mais de 300% nos últimos cinco anos, tendo saltado de 7 mil coaches, em 2012, para 25 mil, em 2015

Victor Lisita*

A vida é definida por uma série de momentos que afetam nossas ações e pensamentos a curto e longo prazo. Se o trabalho não vai bem, é provável que outras partes do dia a dia sejam influenciadas por isso. Para uma pessoa que tem metas relacionadas com a saúde e bem-estar físico, um pequeno contratempo pode causar desmotivação e desistência. Em contrapartida, com a evidência de resultados positivos, é capaz do indivíduo tomar as rédeas das próprias atividades e ultrapassar os limites. É fato que mudança envolve aprendizado, envolve entendimento sobre si e reflexão do próprio pensamento.

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O personal trainer Fernando Araújo, de Goiânia, afirma que é necessário procurar um professor qualificado durante a busca por mudanças nos hábitos diários. “Existem pessoas que precisam de um olhar diferenciado para mantê-la nos próprios objetivos, seja de bem-estar ou de desempenho físico e mental”. Não é por menos que Fernando procurou uma formação de Coaching. Com ela, o profissional garante ter expandido seus conhecimentos, assim como sua técnica de abordagem com o aluno e consciência com a própria vida. De maneira similar a um treinador, o coach trabalha para desenvolver habilidades e confiança.

De acordo com uma pesquisa feita pela International Coach Federation (ICF), um total de 53 mil profissionais no mundo faziam parte do mercado de coaching até o primeiro semestre de 2017. No Brasil, o segmento cresceu mais de 300% nos últimos cinco anos, tendo saltado de 7 mil coaches, em 2012, para 25 mil, em 2015. Em contrapartida, o mercado movimenta US$ 3 bilhões ao ano apenas nos Estados Unidos. Enquanto lá existem 40 profissionais para cada 1 milhão de pessoas, aqui a proporção cai de seis para 1 milhão. Por mais que seja uma área relativamente nova na terra do Carnaval, Fernando garante que existem outros profissionais em atuação na Capital. “Muitos buscam por esse complemento na formação de maneira isolada. Na época em que fiz o curso, havia uma grande quantidade de pessoas comigo”, conta.

Abordagem

Maria de Fátima Barbosa é uma integrante do milhão que tem encontros com um coach. Aos 56 anos, a farmacêutica hospitalar tem aulas nas segundas e quartas-feiras com um personal trainer para um acompanhamento diferenciado. Por cerca de uma hora, ela treina sua força muscular e, em descansos regulares, conversa sobre superação, otimismo, confiança e metas. “Decidi procurar um profissional para me acompanhar após perceber que não tinha mais resultados praticando sozinha”, explica. “Tudo mudou depois que desenvolvi uma hérnia de disco quando me movimentei de maneira errada em um equipamento”.

A Associação Brasileira de Coaches (ABRACOACHES) informou, em um estudo de 2016, que 61% dos profissionais são procurados para melhorar a habilidade de liderança e desenvolvimento dos clientes. Do total de coaches entrevistados, 70% trabalham com uma abordagem positiva, com destaque na força dos contratantes ao invés das fraquezas. “O coach precisa ter um olhar mais aprofundado do aluno. É importante ter conhecimento das dificuldades e das fragilidades para saber fortalecer os pontos positivos”, explica Fernando. O personal trainer frisa que o segmento não é um tratamento psicológico ou terapia, ainda que tenham instrumentos desta área de estudo, assim como da sociologia e programação neurolinguística. “A atenção das aulas é voltada com a situação da pessoa no início delas e visa planos para o futuro”.

A farmacêutica hospitalar conta que há um ano traça metas juntamente com o professor. “É uma relação de confiança. Existe um comprometimento permanente com o objetivo, que se resume em melhor qualidade de vida”, relata. Para ela, que pratica atividade física há mais de 20 anos, manter o ritmo atualmente não é difícil por conta da diversificação das aulas. “São motivadoras. Tentei praticar atividade física com um personal trainer há algum tempo na minha vida. Porém, as aulas eram chatas e monótonas e eu não fazia por prazer”.

Trabalhos

Fernando pontua que as preocupações do segmento vão além dos treinos físicos, mas também visam cuidados com a alimentação, entregando dicas e orientações. “Algumas pessoas estão acostumadas a fazer dietas estranhas que são vistas na internet. Existe muita informação errada por aí com a garantia de milagres. A verdade é que o trabalho saudável não é rápido e instantâneo”, alerta. O personal costuma indicar um nutrólogo que também possui uma formação de coaching.

É importante partir para novos caminhos com a mente aberta e estar preparado para mudanças de hábitos. Maria de Fátima sabe que o caminho não é fácil, mas acredita que uma pessoa pode mudar quando se compromete em realizar um objetivo. “O que motiva a transformação são os resultados alcançados das metas propostas. Quando a pessoa se sente diferente, ela irá mudar”. De acordo com a farmacêutica, a alimentação dela atualmente é mais saudável do que a de tempos atrás, tendo uma idade metabólica de 16 anos a menos do que a idade cronológica. 

Assim como em outras áreas profissionais que possuem coaches para auxiliar funcionários, existem outros espaços para atuação dentro de um segmento específico. Enquanto o profissional pode ajudar um cliente em suas metas, ele também pode aconselhar sobre procedimentos que podem ser arriscados para a saúde. Fernando explica que o coach é muito importante quando alguém decide fazer uma cirurgia. “É um processo, um trabalho de mudança de mentalidade. São necessários ao menos 90 dias para conseguirmos um trabalho satisfatório”.

Resultados

O personal garante que quem teve um acompanhamento diferenciado percebe melhores resultados, tanto no desempenho no cotidiano, quanto na continuidade dos novos hábitos. Maria de Fátima afirma que leva os conselhos para outras áreas da vida, como a família, trabalho e amigos. “Não penso em parar com as atividades. Fazem parte da minha vida”, conta. Com o tratamento da hérnia de disco, hoje ela observa os resultados no dia a dia e se considera uma pessoa diferente e mais disposta. “Minha resistência física é outra. Minha musculatura foi tonificada, tenho mais bem-estar, equilíbrio emocional e consigo correr na esteira e fazer exercícios normalmente”.

De acordo com Fernando, não existe diferença de resultados com o trabalho personalizado feito em grupo ou individualmente. “A verdade é que todos possuem um atendimento individual. Os ‘ajustes’ são feitos semanalmente e cada pessoa terá uma resposta distinta”. Segundo ele, antes de 90 dias são vistas mudanças físicas e de medidas, contudo, para que o processo se torne um estilo de vida, é necessário um trabalho em longo prazo e duradouro. “A saúde é mais profunda do que modismos ou dietas”.

História 

O coaching sempre esteve ligado ao mundo dos esportes, tanto de alto rendimento, quanto os de competição, segundo o personal trainer Fernando Araújo. Ele explica que, em determinado momento da história, a prática começou a ser disseminada para áreas que trabalham com saúde e qualidade de vida. Contudo, a origem da qualificação data desde a Idade Média, quando o termo era utilizado para caracterizar os profissionais que conduziam as carruagens (coche), os cocheiros. 

A ideia mais próxima da que é usada atualmente remonta os anos 1830 na Universidade de Oxford. Naquela época, a palavra definia um tutor particular, um professor que auxiliava o estudante a se preparar para uma prova de alguma matéria. Na década de 1950, o termo foi para a área do esporte como uma técnica específica, utilizada para designar profissionais responsáveis por treinar e aperfeiçoar atletas e equipes esportivas, geralmente de tênis ou esqui.

Tempos depois, nos anos 1960, o modelo de coaching esportivo foi adotado pela área dos negócios nos Estados Unidos. O processo passou por uma série de modificações e modernização nos últimos 30 anos, tendo sido aplicado em outras organizações para maximizar os resultados de pessoas e das empresas.

*Victor Lisita é integrante do programa de estagiário do jornal O Hoje, sob a supervisão de Naiara Gonçalves. 

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