Artesão aproveita pneus usados para esculpir arte

Artesão conta que a cada compra de um item produzido por ele, se sentia inspirado a reciclar cada vez mais na esperança que seu trabalho fosse reconhecido

Postado em: 10-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Artesão conta que a cada compra de um item produzido por ele, se sentia inspirado a reciclar cada vez mais na esperança que seu trabalho fosse reconhecido

Thiago Costa 

Marcos Antônio fez da arte em pneus o seu sustento. O artesão tem como matéria prima, desde 2002, pneus usados. Enquanto ainda morava em Boa Vista do Tupim (BA) ele confeccionou suas primeiras obras, chinelos feitos de sobras desse material. A cidade que deu início á arte na vida do homem é um município carente e o artesão percebeu que haviam pessoas com chinelos surrados pelo tempo e com pouco dinheiro para adquirir novos, e que a durabilidade do seu material seria superior aos encontrados no mercado, o que facilitaria muito a vida de muitas pessoas da região.

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O homem que atualmente é proprietário de uma borracharia na cidade de Goianira, a 32 quilômetros da Capital, nem sempre foi borracheiro.  Ele contou que sempre buscou aperfeiçoamento profissional em suas peças. “Sempre busquei fazer o meu melhor, daí eu comecei a fazer as cadeiras, os vasos de plantas e vi que esses produtos vendiam. Fiz lixeiras e comecei a divulgar o meu trabalho. A população aceitou bem os meus produtos. Estão preocupadas em tirar o lixo das ruas e por isso eles acabavam comprando para me ajudar e, consequentemente, acabam ajudando o planeta” comemora Marcos Antônio. 

O artesão conta que a cada compra de um item produzido por ele, se sentia inspirado a reciclar cada vez mais na esperança que seu trabalho fosse reconhecido e agora, 14 anos após sues primeiros chinelos vendidos, o artesão comemora que tem sido procurado por novos clientes que têm visto sua arte e reconhecido o seu trabalho. Marcos Antônio afirma que, mesmo sabendo o valor do seu trabalho, é sempre necessário fazer um meio termo com o cliente e fornecer aquele desconto camarada. 

Em 2018 o artesão foi convidado pela organização da pecuária de Goiânia para levar seu material à exposição agropecuária. Foi lá que Marcos se sentiu ainda mais motivado e percebeu que seu trabalho é algo diferente, um produto que as pessoas se interessam. Quando Marcos voltou para casa, ele se empenhou por muitos dias, até concluir uma das peças que mais chamam a atenção de quem passa pela GO-070, por onde quem passa consegue ver a borracharia de esquina toda equipada com os vários produtos confeccionados entre um e outro cliente da borracharia que chega e o pede para remendar um pneu para seguir viagem pela estrada. 

O artesão tem para o ano de 2019 o projeto de construir um fusca que, de acordo com ele, já é confeccionado em uma zona rural do município, pois ele teve dificuldades com as pessoas que passavam pelo local enquanto construía o helicóptero de pneus usados. Marcos garante que as pessoas queriam parar e tirar fotos com a aeronave de borracha mesmo sem ela estar pronta. O artesão quer melhor equipar o helicóptero, arte que tem um lugar de destaque entre as outras peças, embora garanta que tem um amor por todas as obras. 

A dona de casa Leila Lima é vizinha do artesão e conta que há três anos acompanha a vida do homem que trabalha a arte em pneus usados. A mulher se orgulha ao dizer que o trabalho do vizinho é lindo e atrai muitas pessoas que param na rua para tirar fotos. “Eu acho o trabalho dele importante, porque do pneu ele faz obras de artes muito bonitas”, elogia a vizinha. 

Leila encara o trabalho de Marcos como um atrativo e diz que sempre que vê o trabalho do artesão na internet, tem o prazer em compartilhar o conteúdo em suas redes sociais. Ela deseja que a arte do Marcos se espalhe, pois todos os vizinhos da borracharia reconhecem, de acordo com a vizinha, que quem mais chama a atenção, positivamente, é o Marcos com seus trabalhos expostos pela rua onde moram.

Investimento

O artesão pretende montar um castelo todo confeccionado em pneus no lugar onde hoje funciona sua borracharia e loja dos seus artesanatos. Uma das maiores dificuldades do homem é a falta de condições financeiras para isso. Ele informou que não precisa de cestas básicas para viver, pois sua renda com o artesanato supre suas necessidades, mesmo que nem todos os meses sejam bons para a venda. O homem gostaria de investir no seu comércio para que as pessoas que passassem pela GO-070 se deslumbrassem com a grandiosidade do seu trabalho em forma de castelo que ele pretende construir onde passa a maior parte do seu dia e também é o local que ele reside. 

Os planos do homem é que ele possa ter um ambiente que iniba os roubos de suas peças, o que já aconteceu durante as noites e, por conta to pequeno espaço de sua borracharia, ele não tem a possibilidade de armazenar todas as suas peças em um único lugar. Para isso, pretende que algum empresário o ajude a financiar o castelo de pneus, para que, além de ser um atrativo a mais para o município metropolitano, o ajuda a manter as suas obras de arte seguras. 

Preocupação

Não é só a arte que aflora os sentimentos do artesão goiano, mas também a responsabilidade com o meio ambiente. Para Marcos, a atual situação mundial é de extremo calor, como antes não acontecia. Ele direciona a responsabilidade dessas alterações climáticas a falta de zelo por parte da população como, por exemplo, com o descarte irregular de lixos. “Queimar pneus vai desgastar mais ainda o nosso meio ambiente. Então, de agora para frente, se as pessoas não começarem com melhores atitudes, a situação vai ficar mais complicada ainda. Antigamente o clima não era tão quente assim. Tinha mais chuva”, desabafa.  

Multa para quem descartar pneus em Goiânia é de R$ 30 mil  

Diego Moura é fiscal da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) e informa que ainda existem pessoas em Goiânia que descartam pneus usados de forma irregular. De acordo com o fiscal, esses descartes acontecem, principalmente, na região próxima ao aeroporto de Goiânia.

O fiscal explicou que, com base em decreto Federal, o valor inicial para quem for pego descartando pneus de maneira irregular é de multa que varia de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, além do infrator ter o veículo usado para o descarte apreendido pela fiscalização do órgão no ato do flagrante, que poderá ser retirado pelo proprietário somente após o pagamento do valor estipulado pelo órgão municipal. 

Em Goiânia, a Amma fixou a esses infratores uma multa de R$ 30 mil, independente da quantidade descartada durante o flagrante. Diego contou que somente nos últimos 15 dias, três pessoas foram flagradas enquanto descartavam os pneus de maneira irregular, o que gerou a cada um a multa fixada pela Amma e que deverá ser paga ou o infrator sofrerá sanções legais para responder pelos atos criminosos contra o meio ambiente. 

O dinheiro arrecadado é destinado para o Fundo Municipal do Meio Ambiente e deverá ser utilizado para a preservação e recuperação que tenham ligação direta com preocupações com meio ambiente do município, elevando a eficácia dos órgãos que trabalham para que as pessoas se conscientizem que deve-se cumprir as regras para que o meio ambiente tenha o seu ciclo de vida respeitado. 

A Amma ressalta que, quem precisar fazer o descarte de maneira correta deverá procurar uma empresa especializada para recolher esses resíduos. A empresa privada que recebe os produtos usados faz a reciclagem ou encaminha os produtos para o aterro sanitário. Embora o órgão não indique quais empresas podem fazer a coleta, o órgão orienta que a própria pessoa identifique essas empresas pela internet ou ela mesma se dirija ao aterro sanitário para que lá a equipe responsável a proporcione melhores esclarecimentos. 

A prefeitura de Goiânia, juntamente com a Amma e Comurg oferecem ao usuário que não tenha grandes quantidades de pneus para o descarte, que vá até o Ecoponto localizado na rua GB5 com a rua GB6, no setor Jardim Guanabara, para que, em uma situação de um possível descarte pequeno de aproximadamente quatro pneus, que seria uma troca completa dos produtos em um veículo de passeio, esse usuário não precisa pagar a taxa do aterro sanitário.  

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