Encrenca em dobro: Demolidor enfrenta dois vilões diferentes em 2016
Elenco e produtores comentam a segunda temporada do herói da Netflix, marcada para estrear em março
(Liv Brandão/de Los Angeles)
Enfim trajado com seu uniforme bordô e preto (um tanto mais sóbrio do que o dos quadrinhos, é verdade), Matt Murdoch e seu Demolidor se preparam para voltar a vigiar Hell’s Kitchen na segunda temporada de Marvel’s Demolidor, que estreia na Netflix em 18 de março. Livre da ameaça de Wilson “Rei do Crime” Fisk, o grande vilão do primeiro ano, o super-herói cego vivido por Charlie Cox terá que lidar não apenas com um antagonista, mas com dois: a ninja assassina Elektra Natchios (Elodie Yung) e o anti-herói Justiceiro, alter ego de Frank Castle (John Bernthal), dois queridinhos do universo Marvel e motivo de festa e ansiedade entre os fãs. E não só: “Quando contaram que teríamos o Justiceiro e a Elektra foi quase como uma manhã de Natal”, brinca Douglas Petrie, um dos showrunners da série após a saída de Steven S. DeKnight.
Na história, Demolidor e Justiceiro combatem criminosos em Nova York, mas, enquanto um tenta se manter nos limites éticos e morais possíveis para um vigilante, o outro usa métodos ultraviolentos para vingar a morte da família, algo que o super-herói, católico e certinho, certamente desaprova.
“No primeiro ano, Matt lidou com seu catolicismo e suas habilidades. Ele é advogado, portanto, acredita no sistema. Mas, agora, um dos temas é: que direitos tem uma pessoa a fim de promover a justiça? O que é certo ou errado, bom ou mau? Onde está a linha que divide essas coisas, e o que ele está disposto a fazer ou não? O Justiceiro vai justamente confrontá-lo com isso”, explica Cox, com todo o sotaque inglês que disfarça na série. “O público vai decidir se Demolidor e Justiceiro são aliados ou inimigos, algo que tentamos não responder. Afinal, nada é preto no branco. É claro que o Demolidor não pode se aliar ao tipo de violência promovida pelo Justiceiro. Ao mesmo tempo, ele é capaz de olhar para esse homem e ver a si mesmo”.
“O Justiceiro não é um super-herói, é um homem torturado pela perda. O poder dele é a raiva”, diz Bernthal. “E esses caras ainda estão tentando descobrir quem são. Quando se coloca um contra o outro, há a possibilidade de uma descoberta real, uma mudança, em vez de serem apenas dois caras discutindo. São personagens complexos, numa relação genuína, em que as vidas deles são afetadas pelos acontecimentos”.
Tanto o americano Bernthal quanto a francesa Elodie precisaram se esforçar nos treinos físicos para dar conta das sequências de luta que aparecem já nas primeiras cenas do novo ano.
“A primeira temporada foi construída mais lentamente. Agora, os roteiristas fizeram o oposto. Muita coisa acontece o tempo todo”, conta Cox.
Apesar do frenesi que a simples menção a Elektra – a tal “grega com quem Matt Murdoch teve um caso na faculdade” – causou entre os espectadores na temporada passada, e a despeito de ser ainda pouco conhecida em Hollywood, Elodie jura que não sentiu frio algum na barriga ao vestir o figurino vermelho da personagem.
“Sei que esta é uma das maiores franquias do showbiz, mas não sou o tipo de pessoa que se sente pressionada”, diz a atriz, que já havia encarnado uma ninja em G.I. Joe: Retaliação e correu atrás das HQs para se inteirar. “A Elektra é muito complexa, e precisei aprender o que é ser sociopata, porque, afinal, é isso que ela é”.
A entrada da personagem ainda está cercada de mistério, tanto que ainda não há imagens oficiais da atriz no papel. Nos quadrinhos, Elektra vive um romance com Matt Murdoch, mas, quando o pai, embaixador, é assassinado, ela larga tudo e volta para a Grécia. Tempos depois, reparece em Nova York sedenta por vingança.
“Desde que a Elodie chegou, adicionamos nuances à história, tudo ficou melhor”, aposta o chefe do departamento de TV da Marvel, Jeph Loeb, sem explicar se a série seguirá o enredo das HQs. “A interpretação dela traz algo novo. Ela segura cenas de ação, drama, romance, além de ser capaz de nos fazer rir”. (Agência O Globo)