“Bloqueio de fronteiras vai provocar caos e confusão”
Declaração é de alto-alto comissário da ONU em reação à decisão anunciada no domingo pela Macedônia de recusar passagem aos afegãos em sua fronteira com a Grécia
O “bloqueio crescente” de fronteiras europeias vai provocar “mais caos e confusão”, advertiu o alto-comissário da Organização das Nações Unidass (ONU) para os Refugiados, Filippo Grandi, durante uma visita ao centro de registro de Lesbos, principal porta de entrada de migrantes na Europa. “Estou muito preocupado com as notícias sobre um fechamento crescente de fronteiras europeias ao longo da rota dos Balcãs porque isso vai criar mais caos e confusão e, muito provavelmente, aumentar os fluxos irregulares”, disse.
A declaração de Grandi é uma reação à decisão anunciada no domingo pela Macedônia de recusar passagem aos afegãos em sua fronteira com a Grécia, bloqueando milhares de pessoasque pretendem seguir para a Europa central e do norte.
O tráfego na mesma região também foi dificultado pela introdução de um controle mais rígido de documentos para sírios e iraquianos. “Isso vai aumentar o fardo da Grécia, que já assume uma responsabilidade muito pesada e criar desordem nos países que recebem migrantes e refugiados em um momento em que ainda não há alternativas para a gestão dos fluxos migratórios”, acrescentou o representante da ONU.
“O programa europeu de relocalização ainda é muito limitado e o programa de reinstalação na Turquia ainda não começou”, explicou Grandi. “Assim, fechar fronteiras ou geri-las de forma rigorosa na ausência de alternativas legais e seguras para os refugiados vai aumentar o caos e muito provavelmente aumentar os movimentos irregulares que põem as pessoas em risco”.
Segundo números divulgados hoje pela Organização Internacional das Migrações (OIM), mais de 100 mil pessoas chegaram à Europa através do Mediterrâneo desde 1° de janeiro, a esmagadora maioria pela Grécia.
Fluxo
O diretor executivo da Agência Europeia de Gestão de Fronteiras (Frontex), Fabrice Leggeri, previu que continuarão a chegar em massa à Europa refugiados e requerentes de asilo, já que as razões que os levam a fugir dos seus países se mantêm.
Leggeri apontou a guerra civil na Síria – país de origem de 40% das pessoas que atualmente pedem asilo na Europa – e as dificuldades econômicas e políticas nos Balcãs e em “muitos países da África” como as razões geopolíticas para a sua previsão. “Os prognósticos são sempre difíceis”, admitiu o representante da Frontex. (Agência Brasil)