Mulheres de Aparecida buscam atendimento
Centro cirúrgico da única unidade especializada do município está sem funcionar desde 2013. Casos são transferidos ao D. Íris, que pode não dar conta da demanda
Thiago Burigato
A falta de estrutura para atendimento em Aparecida de Goiânia está prejudicando as gestantes que buscam ajuda médica. Atualmente, Aparecida conta com apenas uma maternidade, o Hospital e Maternidade Marlene Teixeira. Os 13 leitos do local nunca foram suficientes para atender a demanda, e problemas na realização de obras no local prejudicaram ainda mais os atendimentos.
Em agosto de 2013, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) iniciou a reforma da unidade, que deveria ter sido entregue em seis meses. No entanto, a descoberta de possíveis irregularidades na documentação da empresa que venceu o processo licitatório ocasionou a suspensão do contrato.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a segunda colocada do certame foi convocada e chegou a iniciar os preparativos para as obras. Porém, a empresa desistiu e abandonou o projeto.
“Como não havia mais prazo para convocar outra empresa, nem para a realização de uma nova licitação, a SMS assumiu a obra para não prejudicar a população”, ressalta o órgão por meio de nota.
Após assumir a titularidade da secretaria, Vânia Cristina Rodrigues entregou o ambulatório em maio de 2015, mas a reforma do centro cirúrgico sofreu atrasos para ser iniciada por conta de problemas na licitação dos materiais de construção. As obras começaram efetivamente nesta semana.
Mesmo com a reforma, o número de leitos deve permanecer o mesmo que o atual devido à falta de espaço para ampliação. Antes da paralisação, o centro cirúrgico realizava uma média de 100 partos por mês, entre normal e cesariana.
Acordo
Com os problemas nos atendimentos em Aparecida, o Ministério Público de Goiás ajuizou ação civil pública para que fossem tomadas providências. Como resultado, foi firmado um acordo entre as SMSs de Aparecida e de Goiânia para que partos e casos de urgência e emergência fossem transferidos para a capital, mais precisamente na Maternidade Dona Íris.
A previsão inicial era de que os atendimentos na unidade aumentassem 30% com o fechamento do acordo. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia diz que o acréscimo pode ser um pouco maior.
Com a procura em alta, surgem relatos de mulheres que vão ao Dona Íris e voltam para casa sem conseguir atendimento. A SMS nega. “Mesmo com algumas dificuldades, todas estão sendo atendidas”, declara a assessoria de imprensa.
Preocupação
A dona de casa Nayara de Paula Silva discorda. Na 39ª semana de gestação, a jovem reclama que já esteve cinco vezes na unidade e teve que voltar para casa sem conseguir atendimento. “Sempre me dizem que não tem vagas”, relata.
Com duas filhas, Nayara afirma não ter condições para fazer um parto normal. Após cinco tentativas de marcar uma cesariana no Dona Íris sem sucesso, ela começa a se preocupar. “Sempre dizem que não está na hora e me mandam para casa passando mal, sem nem poder tomar um remédio para dor”, lamenta.
A jovem afirma que não tem se sentido bem nos últimos dias e tido sangramentos. “Eu fico com medo. Se passar da hora do parto, pode haver complicações”, diz.
Uma solução para problemas como o de Nayara não deve chegar a curto prazo. A própria SMS de Aparecida ressalta que a reforma do centro cirúrgico da Marlene Teixeira não resolverá o problema da demanda reprimida do município. “Para solucionar esse problema, a Central de Regulação de Aparecida conta com hospitais particulares pactuados com o município por meio do Sistema Único de Saúde”, ressalta o órgão. Em Aparecida, duas unidades possuem convênio e atendem gestantes: Hospital Garavelo e Hospital São Silvestre.