Ingrid Reis

Dados de 2014, do
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), apontam que a mulher é mais
cautelosa no trânsito do que o homem. De acordo com a pesquisa, 71% dos acidentes
são provocados por homens e apenas 11% pelas mulheres, sem contar que 70% das
multas são para motoristas do sexo masculino.

Mesmo com os dados atestando que elas são boas na direção, a
discriminação não dá folga. A motorista do Uber, Larissa Manrique, 27, conta
que sofre preconceito no trânsito por ser mulher. “Ouço muito de homens que ‘lugar
de mulher é na cozinha’ ou ‘vai lavar roupa’. Quando não deixo que eles me
ultrapassem pela direita, a coisa fica bem pior, é quase como se eu estivesse
ferindo a virilidade deles”, explica.

Segundo ela, muitos homens acham inovador uma mulher
dirigindo profissionalmente, mas isso não acontece sempre. Larissa conta que já
presenciou uma colisão contra o veículo de uma mulher, causada por um homem,
que estava dirigindo e falando ao telefone. Apesar da imprudência cometida por
ele, o sujeito desceu do carro e ameaçou a mulher.

Ela afirma que nunca sofreu assédio no Uber, uma vez que o
público é diferenciado, mas mesmo assim, conta que usa aliança de namoro bem grossa
para tentar evitar investidas indesejadas.

Perigos

Larissa explica que o perigo dos assaltos é ainda bem pior
quando a motorista é mulher, principalmente à noite. “Me sinto vulnerável não é
pela perda de bens materiais, mas pelo risco de estupro, porque eles atacam
mesmo.”

Por outro lado, as passageiras ficam mais tranquilas quando percebem
que estão na presença de uma mulher, e que estão livres de possíveis assédios,
e até situações de violências mais graves, como já ocorreu na capital.

A cautela ao volante e a atenção com o cliente é outro
diferencial que não agrada apenas o público feminino , como também muitos
homens.  (Foto: dinamicarpneus)