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domingo, 24 de novembro de 2024
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Mundo

China foi origem de quase um terço das offshores

Empresa suspeita de envolvimento no caso Panamá Papers criou 16,3 mil empresas de fachada ou 29% do conjunto mundial

Postado em 8 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
China foi origem de quase um terço das offshores
Empresa suspeita de envolvimento no caso Panamá Papers criou 16

Quase um terço das firmas offshore expostas pelo caso Panamá Papers teve origem em Hong Kong e na China, segundo dados novos revelados ontem pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês).

Os escritórios na China da Mossack Fonseca, empresa suspeita de envolvimento em esquemas de evasão fiscal, criaram 16,3 mil empresas de fachada ou 29% do conjunto mundial.

A investigação da ICIJ abrangeu 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da Mossack Fonseca, que conta com uma carteira de clientes prestigiados, entre os quais responsáveis políticos ou personalidades do esporte ou da cultura.

De acordo com o ICIJ, pelo menos oito atuais ou antigos membros do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na China, terão colocado seus bens em empresas offshore.

No “Índex de Transparência” de 2015, que avalia o nível da corrupção em 168 países, a China figura em 83º lugar.

No ano passado, o país asiático registrou uma massiva fuga de capitais privados, apesar das restrições cambiais impostas por Pequim. A economia chinesa registrou no mesmo período o menor crescimento dos últimos 25 anos.

Entre os familiares ou pessoas próximas de altos responsáveis chineses envolvidos está Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do atual Presidente Xi Jinping.

Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma midiática campanha anticorrupção, enquanto reprimiu ativistas e dissidentes que exigiam maior escrutínio sobre os titulares de cargos públicos.

Familiares de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, atuais membros do Politburo do PCC, criaram também empresas de fachada, revelou o ICIJ.

O jornal britânico The Guardian, que fez parte da investigação, implicou ainda familiares do ex-primeiro-ministro chinês Li Peng, que integrou a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989.

Entre os nomes chineses envolvidos, consta ainda Chen Dongsheng, o marido de uma das netas de Mao Zedong, o fundador da República Popular da China. Chen foi dono da Keen Best International Limited, uma firma com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.

A criação de empresas offshore não é ilegal, apesar de visar frequentemente a lavagem de dinheiro ou a evasão fiscal. (Agência Brasil) 

Entenda o caso Panamá Papers

A Panamá Papers é uma investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) sobre a indústria de empresas offshore. Esse tipo de empresa pode ser usada para esconder dinheiro e dificultar o rastreamento de seus verdadeiros donos.

O ICIJ, com apoio do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, teve acesso a 11,5 milhões de documentos ligados ao escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os milhões de documentos vazados foram esmiuçados por mais de 370 jornalistas de 76 países. No Brasil, fazem parte da ICIJ profissionais do portal UOL, do jornal O Estado de S. Paulo e da emissora Rede TV!.

Os documentos mostraram que a Mossack Fonseca, que tem escritórios em outros países, é uma das maiores criadoras de empresas de fachada do mundo. A documentação analisada apontou a criação de 214 mil empresas offshore ligadas a pessoas em mais de 200 países e territórios.

As descobertas das investigações trazidas a público envolvem 140 políticos de mais de 50 países, ligados a empresas offshore em 21 paraísos fiscais. Nomes de chefes de Estado, ministros e parlamentares de vários países aparecem no Panamá Papers.  As planilhas, e-mails, faturas e registros corporativos apontam que as fraudes foram cometidas nos últimos 40 anos.

A Receita Federal do Brasil informou que a criação de offshores não é ilegal e representa uma forma de investimento no exterior, desde que as informações sejam declaradas. No entanto, caso o Fisco constate tentativa de evasão fiscal ou de ocultação do verdadeiro dono dos bens, o contribuinte pode ser autuado e multado. (ABr)

 

 

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