Com as mudanças sociais dos últimos anos, que abriram espaço para a introdução da mulher em atividades onde não era comum sua atuação e a participação masculina sempre foi maior, como por exemplo, na comercial, em cargos de chefia e liderança, a imagem de docilidade, dona de casa e esposa ganhou contornos mais ativos e independentes. Ela passou a comandar mais, expor mais suas vontades, mas também entrou em áreas menos ortodoxas como o crime.

De acordo com o Juiz de direito, Jesseir Coelho de Alcântara, dados apontam que as mulheres têm tomado o controle de organizações criminosas em resultado às prisões ou assassinatos de seus parceiros, continuando assim os crimes cometidos e iniciados por eles, se tornando “dona ou gerente’’ de tais práticas delituosas. Muitas se envolvem para acobertar as investidas de seus maridos ou companheiros ou se envolvem amorosamente com usuários ou traficantes de drogas. “A mulher empresária do crime é uma realidade, existe uma inserção gradativa na criminalidade”, explica o Juiz.

Os delitos, que antes eram crimes tipicamente considerados pelo meio social como femininos e assim mais leves, passaram a ser mais complexos, brutais ou com a necessidade do emprego de mais planejamento, igualando-se, portanto, aos praticados por homens em sua maioria.

Jesseir informa que há muito tempo elas deixaram de ser o “sexo frágil’’, o crescimento da mulher na sociedade trouxe pontos positivos, porém também aumentou a participação delas em delitos. “É triste ver que a mulher quer competir de igual para igual com o homem até no crime”, finaliza.

Por exemplo, no ano de 2014 o número de mulheres que cometeram homicídio doloso (quando há a intenção de matar) em Goiás era de 16, em 2015 esse índice subiu para 20. Neste ano já foram computados quatro práticas da infração. A exemplo disso temos o caso da Estudante Nathália Zucatelli, 18, que foi morta no dia 22 de fevereiro quando saia do cursinho pré-vestibular. Ela foi assassinada por Natália Gonçalves de Sousa, 20. A jovem chegou a ser presa anteriormente por receptação.

Segundo a autora do artigo, ”Aumento da criminalidade feminina’’, Elizabeth Misciasci, o tráfico de drogas é o crime que a mulher mais se envolve. Além de não precisar de experiência, esse tipo delito é um meio de ganhos rápidos.” A mulher se vê apenas diante das ofertas tentadoras, que não são encontradas facilmente em outros tipos de crimes’’, explica. O envolvimento feminino nessa prática em Goiás era de 349, em 2015 caiu para 328 e atualmente este número está em 59 participações delas.

Insegurança

O analista de processos, Wesley Vieira de Souza, 19 conta que ele foi assaltado sete vezes. Na última vez ,ele tinha sacado dinheiro no banco e se deslocado para seu serviço. No caminho foi abordado por um casal. “Eles estavam em uma moto onde a mulher desceu com uma faca e pediu meu dinheiro, fiquei assustado e entreguei”, relata. Wesley diz em momentos como esse não tem pulso para reagir e o sentimento é de revolta e insegurança.

Susto

A estudante, Alice Mendonça, 20, ia  para casa de uma amiga quando uma garota a abordou pela frente e outra por trás com uma faca, pedindo a bolsa. , Alice entregou a bolsa. 

Ajuda

No momento do ato um carro entrou na rua e assustou as infratoras. O veículo era de uma amiga, ela entrou no carro e ligou para a polícia que prendeu uma das suspeitas. Alice recuperou seus pertences e realizour o Boletim de Ocorrência. “Eu vi somente duas meninas, que estavam bem ajeitadas, não desconfiei.’’ Ela ainda considerou o fato  “normal’’ e que o policial falou que como as meninas são menor de idade, não daria em nada.

A bancaria e estudante, Gláucia Gomes da Silva, 28, estava no ponto de ônibus voltando para casa quando um casal em um carro parou em sua frente. Glaucia notou que quem conduzia o veículo era uma mulher, logo seguida um homem desceu e deu voz de assalto. A dupla de assaltantes roubou somente a bolsa da estudante.