Gênero ainda influencia em salário
Apesar do aumento do número de mulheres no mercado de trabalho, elas continuam ganhando menos que os homens
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RHUDY CRYSTHIAN
Apesar da aparente igualdade de gênero, os salários entre homens e mulheres continuam sendo diferentes. As disparidades salariais entre os dois sexos persistem como um obstáculo para o empoderamento econômico feminino e a superação da pobreza e a desigualdade. A constatação é do Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgado ontem (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em termos salariais, em 2014, os homens receberam, em média, R$ 2.521,07 e as mulheres, R$ 2.016,63. Essa diferença, que havia sido de 25,3 % em 2012 e de 25,8% em 2013, passou a ser de 25% em 2014. Naquele ano, no âmbito empresarial, 56,5% do pessoal ocupado eram homens e 43,5%, mulheres.
A participação feminina cresceu 1,6% em relação a 2009, quando era de 41,9%. Na comparação dos números absolutos, de 2013 para 2014, houve aumento do número de mulheres (2%) e recuo no número de homens (-0,1%), fazendo com que a proporção de homens no pessoal ocupado caísse 0,5% em 2014, enquanto a participação das mulheres aumentou na mesma proporção.
A partir das informações coletadas em pesquisas domiciliares, o Instituto analisou o salário médio de homens e mulheres que trabalham em centros urbanos com idades entre 20 e 49 que trabalham 35 horas ou mais por semana. A pesquisa faz uma comparação por anos de estudo e sua evolução observando a persistência e o nível de escolaridade de pessoas empregadas.
Para a especialista em recursos humanos, Daniela Amorim, a política de valorização e igualdade do gênero no ambiente corporativo é uma questão de cultura interna da empresa, mas que deveria ser uma premissa de toda entidade privada ou pública. “Trabalhar essa igualdade salarial é incentivar e promover a valorização da mulher no mercado de trabalho”, explica.
A SVP jurídico e de riscos da AccorHotels que administra diversas bandeiras hoteleiras, entre eles os Hoteis Mercure, Magda Kiehl, explica que os salários do mesmo nível hierárquico é uma política da empresa. A companhia conta com um programa de valorização e promoção da carreira das mulheres com a missão de desenvolver essas profissionais com mais de dois anos de casa, que já passaram pelo período de maior rotatividade. “Queremos entender e atender às necessidades de demandas desse público com planejamento de carreira e valorização salarial”, explica.
Magda garante que na empresa as mulheres e homens ganham a mesma faixa salarial. Lá, 46% dos cargos de gerente são ocupados pelo público feminino. “É um avanço, mas acredito que muito ainda pode ser feito para valorização das mulheres no mercado de trabalho”, diz.
A engenheira civil e gerente de incorporação em Goiânia, Lyvia Mendonça Queiróz, afirma que trabalha em uma empresa onde o que é valorizado é o talento, independente do gênero. “Os colaboradores que trabalham aqui recebem a mesma faixa salarial. Independente de serem homens ou mulheres”, garante.
Ela começou como estagiária e comenta que o crescimento foi natural e o fato de ser mulher nunca a diferenciou dos outros colaboradores. “Deve ser muito chato trabalhar em um lugar onde você é discriminada e recebe menos pelo simples fato de ser mulher. Se acontecesse isso onde eu trabalho, nem teria me candidatado para a vaga”, assegura.
Escolaridade
Em termos salariais, o pessoal ocupado assalariado com nível superior recebeu, em média, R$ 4.995,08, enquanto o pessoal sem nível superior, R$ 1.639,04, ou seja, uma diferença de 204,8%.