Descumprir ordem judicial é crime ou golpe de Estado, diz ministro do STF
Na semana passada, Renan Calheiros se tornou réu no STF e teve afastamento determinado por medida cautelar, que não foi cumprida pelo Senado
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto
Barroso, afirmou hoje (7) à Agência Brasil que “deixar de cumprir uma
decisão judicial é crime de desobediência ou golpe de Estado”.
O comentário foi feito em referência ao posicionamento da
Mesa Diretora do Senado, que ontem (6) decidiu aguardar a decisão do plenário
do STF antes de cumprir uma medida cautelar expedida na segunda-feira (5) pelo
ministro Marco Aurélio Mello, na qual afastou, com efeito imediato, o senador
Renan Calheiros da presidência do Congresso Nacional.
Ontem, após esperar por horas no Senado, um oficial de
justiça deixou o Congresso sem que Renan assinasse a notificação que o
informava da decisão de Marco Aurélio.
O ministro acabou por liberar a medida cautelar para ser
apreciada também por seus pares. O plenário do STF julga na tarde desta
quarta-feira (7) se referenda ou revoga a liminar que afastou Renan da
presidência do Senado. Barroso não participa da sessão, por ter sido declarado
impedido no processo.
Voto pode ser modificado
Internamente, a expectativa é que ao menos um ministro do
STF modifique voto proferido anteriormente na ação que resultou no afastamento
de Renan, de modo que o senador possa permanecer na presidência do Senado e
fique impedido somente de assumir a presidência da República em caso de
ausência de Michel Temer.
Na ação original, o partido Rede Sustentabilidade pede ao
STF que declare réus – pessoas que respondem a ação penal – como impedidos de
ocupar cargos na linha de sucessão presidencial (presidente do Senado,
presidente da Câmara e presidente do STF).
O julgamento definitivo sobre o assunto ficou interrompido
por um pedido de vista feito pelo ministro Dias Toffoli, com 6 votos a favor do
impedimento e nenhum contra.
Na semana passada, Renan Calheiros se tornou réu no STF pelo
crime de peculato, razão pela qual a Rede pediu seu afastamento por medida
cautelar, no que foi atendido por Marco Aurélio.
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