Pichações dominam os viadutos da Marginal Botafogo
Dema garante que a falta de boletim de ocorrência é uma das maiores dificuldades para combater as pichações
Caio Marx
A pouca conservação e o excesso de pichações dos viadutos e das pontes de Goiânia tem gerado reclamações dos pedestres e dos motoristas que passam pelos locais. Além dos viadutos, as pichações estão em todas as partes da cidade em casas, prédios, comércios. Os grupos praticantes da ação se intitulam “galeras” e atacam patrimônios públicos e privados para deixarem suas marcas e competirem entre si.
A reportagem do O Hoje percorreu toda a extensão da Marginal Botafogo e foi raro encontrar uma ponte ou viaduto que não estivesse com a marca das pichações por todos os lados. As novas pichações encobrem as antigas, fazendo com que as paredes laterais e o teto fiquem completamente tomados.
Em entrevista a reportagem do O Hoje, Luziano Severino de Carvalho, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), conta que uma das maiores dificuldades para combater as pichações é a falta de denúncia. Nos casos de pichação na Marginal Botafogo, por exemplo, o titular disse que não tem novos registros sobre as pichações
Segundo o delegado, alguns anos atrás houve uma verdadeira caça aos pichadores, com isso, as ocorrências diminuíram em 2016. “Atualmente, novos inquéritos estão sendo instaurados e vários pichadores já foram identificados pela polícia. Porém, às vezes identificamos o suspeito, mas a vítima se recusa a realizar o boletim de ocorrência e isso dificulta a dar continuidade ao caso”, afirmou o titular.
O delegado ainda ressalta que os pichadores não possuem perfil definido, além de a maioria ser adolescente fazendo com que a consequência seja ainda mais branda, pois a pena para quem comete o crime é prisão por menos de um ano. Há galeras em todas as regiões da capital, composta por homens e mulheres de todos os níveis sociais.
Nas ruas da capital, o mais comum é achar gente que não apóia a prática. Segundo a comerciante Sabrina Pereira, de 38 anos, ela teve que pagar pela segunda vez apenas este ano, para que as paredes de sua loja fossem pintadas em função das pichações. “As ações são lamentáveis, a cidade fica suja, essas atitudes demonstram uma total falta de educação e cultura.”, lamenta a comerciante.
O Advogado José Lopes, 49, lamenta todo mês ter que repintar a fachada de seu escritório no Centro da capital. “Os pichadores são muito ousados, já houve vezes de picharem nossa fachada com o escritório em funcionamento em plena luz do dia. Hoje em dia, já nem realizo mais ocorrências, isso não adianta”, afirma o advogado.
Adrenalina
O jovem Paulo (nome fictício), de 24 anos, foi pichador dos 13 aos 20 anos. Ele conta que entrou em uma ‘galera’ por influência de alguns primos. De acordo com ele, há maioria dos grupos picham e se envolvem em brigas, pois existem gangues rivais. O grupo que eu participava pichava e brigava. Cada pichador tem a sua identificação. O pichador escreve nas paredes o seu apelido e embaixo o nome da ‘galera’ que ele representa. Quando a pichação é feita em território rival, os pichadores escrevem também algum recado para a outra gangue.