Menopausa precoce pode atrapalhar saúde da mulher
Término antecipado do período fértil provoca sintomas físicos e psicológicos
Bruna Policena
Menopausa é a cessação da menstruação por término do período fértil. E, acompanhada do evento climatério, muitas mulheres têm sintomas como diminuição da lubrificação íntima, da libido, pele seca, os famosos fogachos (calorões) e depressão. Normalmente, a partir dos 48 anos de idade, o corpo da mulher finda seu período de fertilidade. O ginecologista Jurandir Passos explica que a chegada da menopausa antes dos 40 é considerada precoce.
A chegada precoce da menopausa pode abalar o sonho de muitas mulheres que desejam serem mães e são pegas de surpresa pela infertilidade. E um dos sintomas mais fortes da menopausa é a depressão, desencadeada pelo impedimento de engravidar. Atualmente, as mulheres estão planejando ter filhos mais tarde, após equilibrar a vida financeira e emocional, e, nesse período de espera, chega a menopausa precoce.
A servidora pública Mariana Rosa está com 42 anos, mas, antes dos 40, já sentia as alterações hormonais e atrasos na menstruação. Logo procurou sua ginecologista, que pediu uma leva de exames. E, mesmo ainda não sentindo os calorões do climatério, a ginecologista pediu um acompanhamento mais frequente e já indicou uma reposição de cálcio por conta do seu histórico de massa óssea para prevenir a descalcificação. “Eu já tenho dois filhos, então não me preocupo com a infertilidade, mas quero ter qualidade de vida”, comenta Mariana.
De acordo com Jurandir, cada mulher já nasce com uma determinada quantidade de folículos ovarianos que serão liberados um a um ao longo da vida fértil, a cada ciclo menstrual. O número de óvulos varia, assim como a idade em que cada menina menstrua pela primeira vez, e tudo isso pode influenciar na chegada precoce da menopausa. E para cada caso é preciso fazer um acompanhamento da saúde da mulher para entender qual tipo de reposição hormonal será necessário.
As causas da chegada da menopausa precoce podem ser por conta de defeitos cromossomiais, ainda durante a gestação, que influenciará na quantidade de óvulos. Também pode ser por exposição a toxinas ou uso de drogas, e neste também se encaixam os tratamentos para doenças autoimunes, como a radio e quimioterapia. A remoção dos ovários também desencadeia a disfunção hormonal. O doutor afirma que o uso prolongado de anticoncepcionais e a alimentação e rotina não influenciam diretamente no tardar ou antecipação da menopausa.
E para cada tratamento é preciso avaliar o histórico genético e doenças autoimunes para, assim, determinar o tipo de reposição hormonal para manter as funções do corpo. O ginecologista explica que “não há um modelo de tratamento pronto e generalizado”; deve ser feita uma avaliação específica de adequação e acompanhando da saúde da mulher.
A osteoporose é comum na evolução das mulheres a partir dos 60, 70 anos. E, por conta da antecipação da menopausa, problemas na massa óssea também podem chegar mais cedo junto com os outros sintomas. Assim, o doutor explica que quando a mulher começa a reparar nos atrasos menstruais e procura o ginecologista, é preciso fazer uma avaliação completa para identificar os possíveis efeitos que chegaram com a menopausa, para tardá-los ou amenizá-los.
Se a criança passa por algum tratamento de quimio ou rádioterapia, é preciso fazer o acompanhamento para avaliar se haverá alterações cromossômicas e, com o tratamento, tardar a primeira menstruação e evitar a menopausa precoce. Quando é necessário tirar o ovário ou o tratamento mexer com a fertilidade, pode ser feita, ainda quando criança, a retirada e o congelamento dos óvulos para que, futuramente, caso a mulher deseje engravidar, possa ter um bebê gerado do próprio óvulo.