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quarta-feira, 28 de agosto de 2024
ESCRITORAS

Em 115 anos, 13 mulheres receberam Nobel de Litearura

Há falta de equidade na literatura, assim como em posições de poder

Postado em 11 de março de 2017 por Sheyla Sousa
Em 115 anos
Há falta de equidade na literatura

O Dia Internacional da Mulher, celebrado recentemente, chamou a atenção para as desigualdades de gênero, violência e conquista de direitos. Costuma-se apontar a falta de equidade em áreas como a ciência ou em posições de poder, mas na literatura há também um número menor de mulheres que conseguem reconhecimento sobre suas obras.

Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio Nobel de Literatura. No Prêmio Camões, que é concedido por Brasil e Portugal a escritores lusófonos, apenas seis mulheres foram homenageadas em 28 anos. O Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, foi dado a apenas 12 mulheres desde 1959, na categoria Romance.

Apesar do pouco reconhecimento, muitas autoras escrevem sobre feminismo: seja do ponto de vista político, filosófico ou social, seja por meio de poemas ou colocando mulheres como protagonistas em histórias que provocam reflexão. Dessa forma, ajudam a compreender o movimento que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a compreender esse conceito:

Ana Cristina César

Também conhecida como Ana C, Ana Cristina César foi uma poeta brasileira que fez parte do movimento de Poesia Marginal e deixou uma obra em que retrata seu cotidiano e intimidade, por vezes criticando padrões de comportamento impostos à mulher. Em seus livros, em que a poesia se mistura com outros estilos, como a carta e o diário, ela fala abertamente sobre seu corpo e sua sexualidade. Em 2016, a poeta foi homenageada pela Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), principal evento deste porte do Brasil. Em 14 anos de Flip, só Ana e Clarice Lispector (2005) foram homenageadas. Em 2013, foi lançado pela Cia. das Letras o livro Poética, que reúne todas as obras de Ana C. 

Ana Maria Gonçalves

Antes publicitária, a mineira Ana Maria Gonçalves abandonou a profissão para se dedicar à literatura e lançou, em 2006, o livro Um Defeito de Cor. Na obra, ela mostra a trajetória de uma menina negra capturada como escrava ainda na infância, e sua luta até se tornar uma mulher livre. Além de retratar, na obra, a força da mulher, ela faz um relato detalhado sobre a vida dos negros no Brasil Colonial.

Angela Davis

A filósofa e professora norte-americana Angela Davis dá aulas no Departamento de Estudos Feministas na Universidade da Califórnia e é ex-integrante do grupo Panteras Negras. Ativista pelos direitos da mulher e pela igualdade racial, Angela é autora de diversos livros, e sua obra mais conhecida, Mulheres, Raça e Classe, de 1981, foi traduzida e lançada no Brasil apenas em 2016.

Carolina Maria de Jesus

A mineira Carolina de Jesus era catadora de recicláveis e registrava seu cotidiano, na antiga favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, em cadernos que encontrava pelo lixo. Seus escritos, datados de 1955 a 1960, se tornaram o livro Quarto de Despejo, que denuncia a miséria, a fome e a violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é considerada referência para estudos sobre a sociedade brasileira.

Chimamanda Ngozi Adichie

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, de 39 anos, desponta como um dos principais nomes femininos da literatura africana. Suas obras retratam o cotidiano de mulheres negras, abordando questões como o racismo e a violência contra a mulher. É autora dos livros Sejamos Todos Feministas e Para Educar Crianças Feministas – Um Manifesto, que são uma introdução para quem busca compreender o assunto. O romance Americanah é sua obra mais aclamada. 

Clarice Lispector

Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector é um dos exemplos em que o feminismo se mostra por meio de mulheres protagonistas. Nos romances escritos por ela, as personagens mergulham em reflexões sobre a condição humana, muitas vezes questionando o que elas são e o que a sociedade impõe que elas sejam. Clarice é considerada, mundialmente, a maior escritora de origem judaica, depois de Franz Kafka. Entre suas obras o romance A Paixão Segundo G.H. (1964) e a novela A Hora da Estrela (1977) se destacam. 

Conceição Evaristo

A mineira Conceição Evaristo é doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e se destaca por abordar, em suas obras, a discriminação de gênero, raça e classe, valorizando a reflexão sobre os afrodescendentes, suas memórias e sua importância histórica para a cultura do Brasil. É autora do romance Ponciá Venâncio (2003) e dos livros de contos Histórias de Leves Enganos e Parecenças (2016) e Olhos d’Água (2014), este último vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Contos.

Simone de Beauvoir

A filósofa e escritora francesa, integrante do movimento existencialista, é referência em estudos sobre o feminismo, abordando, especialmente na obra O Segundo Sexo, a diferença entre a existência e a construção social de gênero, bem como os fatores que levam à opressão das mulheres. Ao falar de comportamentos e de estereótipos dos homens, ela critica o patriarcado e a resistência dos homens à compreensão sobre as demandas feministas.

Svetlana Aleksiévitch

A escritora ucraniana Svetlana Aleksiévitch é a mulher que mais recentemente recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (2015), sendo a primeira vez que uma escritora de jornalismo literário recebeu o prêmio. No livro A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, ela apresenta a história da 2ª guerra mundial sob a perspectiva – até então desconhecida – das soldadas soviéticas que estiveram no front de batalha atuando como franco-atiradoras, voluntárias, pilotos de tanques ou enfermeiras. Com o livro, Svetlana mostra que os conflitos militares costumam ter narrativas apenas masculinas, muitas vezes ignorando o importante papel das mulheres em momentos históricos.

Toni Morrison

Toni  Morrison é a única negra que recebeu o Nobel de Literatura. A obra Amada, pela qual foi condecorada, conta a história de uma ex-escrava que foge com os filhos após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. O livro é o primeiro de uma trilogia, que inclui ainda Jazz (1992) e Paraíso (1997). (Agência Brasil)

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