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quarta-feira, 28 de agosto de 2024
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Mobilidade urbana

Iphan contesta mudança no BRT sugerida por Iris

Pela proposta do prefeito, não haveria a interligação entre a região norte da capital a partir do terminal Recanto do Bosque, ao Terminal Cruzeiro, em Aparecida de Goiânia

Postado em 11 de março de 2017 por Sheyla Sousa
Iphan contesta mudança no BRT sugerida por Iris
Pela proposta do prefeito

Venceslau Pimentel

A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Salma Saddi, classificou com imprudente a sugestão do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), de alterar o trajeto do BRT – Norte Sul, com pontos de embarque e desembarque antes da Avenida Independência e nas imediações da Praça do Cruzeiro, sem passar pela Avenida Central.

Pela proposta do prefeito, não haveria a interligação entre a região norte da capital a partir do terminal Recanto do Bosque, ao terminal Cruzeiro, em Aparecida de Goiânia, como está previsto no projeto executivo original para a implantação do Transporte Rápido por Ônibus.

“Mudar o rumo do BRT é uma temeridade a essa altura do projeto”, disse Saddi, em audiência pública realizada ontem na Câmara de Goiânia, promovida pela Comissão Especial Temporária criada para fiscalizar a obra. Segundo ela, as alterações solicitadas pelo Iphan ao Consórcio que está construindo a obra foram atendidas, e que nada mais impede a implantação do sistema viário. “O Iphan é completamente favorável à mobilidade urbana, pois o transporte público é muito ruim. Que o BRT saia logo, pois não se pode retroceder”.

Na visita que fez à Câmara, no dia 20 de fevereiro, para prestar contas referentes ao terceiro quadrimestre de 2016, o prefeito defendeu a mudança de rota para preservação da Avenida Goiás, e classificou o BRT como trambolho de concreto. Iris justificou a alteração afirmando que não havia demanda de passageiros da região norte da capital a Aparecida de Goiânia, e vice-versa. Para ele, todos os usuários desembarcam no centro da cidade.

O engenheiro Benjamin Kennedy Machado da Costa, da Unidade de Coordenação do BRT, mostrou sua discordância com as alegações do prefeito, e disse que é grande a demanda tanto de quem sai da região Norte quanto os usuários que moram em Aparecida. Segundo ele, não há risco de desfiguração da Avenida Goiás

O professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Adriano Reis, afirmou que não se pode admitir retrocesso na implantação da obra. Da mesma forma, o representante do governo estadual, Carlos Maranhão, defendeu a continuidade do projeto, como novas adequações, caso haja necessidade, para preservar o centro histórico. Quem também se posicionou contra qualquer alteração no projeto executivo foi o presidente do Conselho Regional de Engenharia (Crea-Go), Francisco de Almeida.

“Como um representante de um órgão técnico o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) de Goiás não aceitará qualquer alteração no projeto original”, defendeu com veemência o presidente da entidade, Francisco de Almeida. Expôs que para ser aprovado o projeto passou pelas mãos de vários técnicos e órgãos fiscalizadores os quais deram pareceres favoráveis à obra.

Autor da criação da Comissão Especial Temporária, o vereador Alysson Lima (PRB) lamenta a paralisação da obra, que está avaliada em R$ 340 milhões. Benjamin Costa explicou que os trabalhos estão parados porque a prefeitura ainda não pagou a contrapartida que cabe a ela. Já o também vereador Vinícius Cirqueira (Pros), que mediou a audiência pública, disse que a ideia de realizar o evento se deu por conta da proposta de Iris Rezende.

Tombamento

O conjunto urbano de Goiânia, que foi tombado pelo Iphan, em 2003, inclui 22 edifícios e monumentos públicos, com maior concentração no centro da cidade. Estão relacionados a Torre do Relógio na Avenida Goiás, Praça Cívica, Estação Ferroviária, Teatro Goiânia, Prédio da Procuradoria-Geral do Estado, Grande Hotel, Coreto da Praça Cívica, fontes luminosas, Palácio das Esmeraldas, Fórum e Tribunal de Justiça e Colégio Lyceu. Em outras regiões, foram tombados a Capela de Nossa Senhora das Graças e a de São José, Casa de Cultura Altamiro de Moura Pacheco, Centro Cultural Gustav Ritter e Cemitério Santana.

O BRT terá 21,8 quilômetros de extensão, ligando as regiões norte (Terminal Recanto do Bosque) e sul (Terminal Cruzeiro), passando pela Avenida Rio Verde, 1ª e 4ª Radial, Rua 90, Avenida Goias, Avenida Horácio Costa e Silva, Rua Tapuios, Avenida Genésio de Lima Brito, Avenida dos Ipês, Avenida Lúcio Rebelo, Rua Oriente e Avenida Mangalô. No total, abrande 148 bairros. A maioria dos recursos vem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC da mobilidade Grandes Cidades). Apenas 30% da obra já foi concluída. 

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