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domingo, 1 de setembro de 2024
DJs

Mulheres que dominam as pistas

Interesse das mulheres neste segmento tem crescimento significativo

Postado em 22 de abril de 2017 por Sheyla Sousa
Mulheres que dominam as pistas
Interesse das mulheres neste segmento tem crescimento significativo

Ludmilla Lobo

Elas estão em todos os lugares, inclusive no comando das pick-ups das festas mais badaladas de todo o mundo. Muitas DJs estão mostrando que o talento com a discotecagem não pertence apenas aos homens, e estão ganhando cada vez mais espaço no cenário da música. O interesse das mulheres nesse segmento tem crescido tanto que, em Goiânia, já existem cursos com turmas exclusivas para o sexo feminino.

Além da paixão pela música, a inspiração daquelas que buscam entrar nesse mercado também vem de outras brasileiras que já chegaram longe no cenário musical. A paulistana Eli Iwasa, que tem 36 anos e há 16 anos atua como DJ, é famosa pelo seu estilo que combina techno e house, gêneros da música eletrônica. Atualmente, ela comanda a Club 88, uma das baladas mais famosas de Campinas, em São Paulo. Outro exemplo de sucesso é a DJ Anna, que foi a primeira mulher a levar o prêmio de Melhor DJ Underground da Rio Music Conference. Ela está presente nas baladas mais renomadas da Europa, inclusive nos clubs de Ibiza.

Carreira

A goiana Rayanne Coimbra, de 20 anos, diz como fez a escolha de seguir carreira com DJ. Segunda ela, a profissão veio como resultado de seu grande interesse pela música: “Minha mãe conheceu o produtor musical Daniell Melo, e contou para ele que eu sempre tive vontade de aprender a tocar, mas nunca tive uma oportunidade. Foi quando eu comecei a fazer o curso”.

Sobre o mercado para DJs em Goiânia, Rayanne afirma que ainda existem muitas pessoas com a ideia de que “mulher toca apenas para mulher”, e acabam contratando as DJs somente para eventos com público feminino. Segundo Rayanne, para aquelas que estão começando no setor, trabalhar com um público misto é mais complicado: “As pessoas não conhecem seu trabalho e não te dão a oportunidade de mostrar o que você sabe fazer .”  A DJ ainda relata que o trabalho de quem está começando é desvalorizado, e alguns clientes querem contratar o profissional por um preço que não cobre nem os gastos com os equipamentos. 

Sobre o apoio da família e amigos na profissão, Rayanne diz que sua mãe sempre foi seu principal apoio, tanto emocional, quanto financeiro. “No início, ela pagou tudo, desde o curso, equipamentos, até a gasolina para eu ir aos eventos que eu ainda não tinha recebido o cachê”. Sobre as situações de assédio por ser mulher dentro de um ambiente de maioria masculina, a DJ conta que não dá muita abertura: “Eu sou uma pessoa curta, chego e faço meu trabalho”. Mesmo assim, a DJ percebe alguns olhares e ainda recebe mensagens em redes sociais de “pessoas que pensam que, por sua aparência física e pelo seu trabalho, vão conseguir alguma coisa”.

A DJ goiana completa que tem visto uma nova tendência no mercado: “Estamos vivendo em uma fase em que as mulheres estão priorizando serviços prestados por outras mulheres”. E, na música, não tem sido diferente: quando comparado com os homens, o público feminino valoriza e reconhece muito mais o trabalho de uma DJ. Para aquelas que estão pensando em começar uma carreira, ou estão nos primeiros passos da discotecagem Rayanne aconselha: “Tenha foco e não ligue para as opiniões alheias; críticas sempre vão existir em qualquer área. Tente todas as oportunidades e estude bastante”.

Oportunidade

O fundador do curso de discotecagem exclusivo para mulheres Daniell Melo, da Casa de Música em Goiânia, explica o motivo de ter criado uma turma só para elas:  “O mercado de DJs para mulheres é bem grande, assim como o para homem, mas tem poucas no mercado. Resolvi fazer uma ação e descobri o porquê de a procura ser tão pouca”. Segundo o produtor, as principais razões seriam a falta de tempo e de recursos financeiros, então ele criou uma turma com um valor menor e horário reservado apenas para as meninas.

O curso da Casa de Música é de iniciação à discotecagem, no entanto o produtor afirma que todas já saem de lá tocando. Todas as aulas são práticas com os toca-discos, mas além disso as alunas aprendem sobre a postura profissional e o coleguismo. Sobre o ambiente de aprendizado entre as mulheres, Daniell afirma que as alunas se sentem mais à vontade entre elas mesmas. “Lá, podem falar o que quiser, sem se preocupar com o comentário de homens”.

O produtor lembrou que o curso é para mulheres que nunca tiveram contato com o mundo da mixagem e que as aulas começam ‘do zero’. Para as que já são DJs, existem cursos de aperfeiçoamento e reciclagem. Para mais informações sobre o curso, interessadas podem acessar a página da produtora.

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