Após escândalo no governo, dólar dispara e bolsa cai 8,8%
Em um dia de pânico no mercado brasileiro, o dólar tem maior alta em mais de 14 anos
Após delação
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo
JBS, em que o presidente da república Michel Temer é gravado dando aval para
comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os mercados do
dólar e de ações foram fortemente atingidos. Nesta quinta-feira (18), o dólar
opera em progressiva alta em relação ao real. No início da manhã abriu com alta
superior a 5% sendo cotado a R$ 3,315. Por volta de 11h, intensificou a valorização e
passou a ser cotado a R$ 3,409.
A agitação política também atingiu a Bolsa
brasileira. No mercado futuro, o Ibovespa, que reúne as principais ações do
mercado brasileiro, interrompeu os negócios pouco
depois da abertura após cair 10,46%, para 60.470 pontos. Os negócios ficaram parados por 30
minutos e, quando voltaram, registravam queda de mais de 10%. A suspensão dos negócios, nomeada como Circuit Breaker, é um
mecanismo utilizado para garantir proteção de mercados quando ocorrem grandes
instabilidades. Foi a primeira vez que aconteceu em nove anos.
Devido à expectativa de um
pregão de forte volatilidade, o Banco Central já informou em nota que
acompanhará o impacto dessa notícia. “O Banco Central está monitorando o
impacto das informações recentemente divulgadas pela imprensa e atuará para
manter a plena funcionalidade dos mercados. Esse monitoramento e atuação têm
foco no bom funcionamento dos mercados. Não há relação direta e mecânica com a
política monetária, que continuará focada nos seus objetivos tradicionais”, diz
comunicado.
Analistas de mercado avaliam
que diante deste cenário político o governo de Michel Temer terá dificuldade em
manter a sua governabilidade, comprometendo a continuidade e aprovação de suas
reformas, como a da Previdência, considerada por alguns economistas essencial
para a retomada do crescimento econômico do país.
Presidente do BNDES mantém serenidade
Em fala no 29° Fórum Nacional, que aconteceu
nesta quinta-feira (18), no Rio de Janeiro, a presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Sílvia Bastos Marques, revelou
que ainda não sabe os rumos que a economia brasileira pode tomar depois dos
últimos acontecimentos políticos envolvendo o presidente da república Michel
Temer. “O momento é de trabalhar ainda mais, com serenidade, e aguardar o que
vai acontecer”, afirma.
Maria Sílvia também comentou que em relação à
JBS, na qual a subisidiária do banco BNDES Participações (BNDESPAR) detém 21%
do capital, por se tratar apenas de uma participação acionária “sua valorização
ou não depende da evolução do próprio mercado” e afirma que o contexto está
sendo acompanhado “com a diligência que nós temos que acompanhar”.
O banco é investigado por favorecimento à JBS
pela Polícia Federal na Operação Bullish, na qual 37 servidores da instituição
foram levados coercitivamente para depor.