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quarta-feira, 28 de agosto de 2024
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Governo

“Pacto federativo só existe no discurso”, afirma Marconi Perillo

A afirmação foi feita pelo governador Marconi Perillo, durante Fórum Nacional, ontem, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro

Postado em 19 de maio de 2017 por Sheyla Sousa
“Pacto federativo só existe no discurso”
A afirmação foi feita pelo governador Marconi Perillo

Renan Castro

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou, ontem (18), que “um pacto federativo só existe no discurso”. A afirmação foi feita na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, durante o XXIX Fórum Nacional: Recessão, crise estadual e da infraestrutura. Para onde vai a economia brasileira? Perillo explanou no painel Crise Financeira Estadual, que teve também a participação dos governadores de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O Fórum foi coordenado pelo economista e presidente interino do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), Raul Velloso.

Perillo ressaltou que a União, que fica com 70% do bolo fiscal, se exime de responsabilidades, como a questão da Segurança Pública. Marconi se lamentou e que o financiamento da Saúde e da Segurança Pública é uma das grandes contradições do chamado Pacto Federativo. “A União faz de conta que paga consultas, faz de conta que paga internação e faz de conta que paga leitos de UTI”, argumento. Conforme Marconi, outra anomalia diz respeito ao financiamento da Educação. “O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) é uma farsa”, afirmou. Perillo alegou que a responsabilidade maior de financiar a Educação fica com Estados e Municípios.

Marconi voltou a defender a reforma da Previdência durante a palestra.  Ele disse que  55% de tudo que se arrecada na União, excluindo os juros da dívida, são para bancar a Previdência. “Não tem como País dar certo”, afirmou e explicou que em Goiás existem 400 coronéis na reserva e 33 em atividade. Dias atrás, assinou a aposentadoria de um coronel com 47 anos de idade e salário de R$ 28 mil por mês. Para Marconi, se alguma coisa não for feita, “os governos vão entrar em colapso, os estados vão falir mesmo”.

É preciso afastar o populismo e o corporativismo do debate sobre a Previdência, segundo Marconi. Ele também falou dos avanços de Goiás no Ideb e o desafio de implantar o modelo de gestão escolar por Organizações Sociais. Conforme o governador, Goiás foi um dos primeiros estados a regulamentar o direito de greve. Recentemente, o STF decidiu pela proibição de greve de forças de segurança.

Goiás é um dos primeiros estados do País, de acordo com Perillo, a destinar “vultosos recursos” para as áreas de insfraestrutura, Educação e obras municipais, no valor de R$ 9 bilhões – R$ 6 bilhões de investimentos públicos e R$ 3 bilhões da iniciativa privada. Marconi lamentou ainda que os estados continuem pagando a conta, uma vez que leis são criadas, mas a União continua se eximindo da responsabilidade de aportar recursos em áreas fundamentais, como Segurança, Saúde e Educação. 

Recessão derrubou receitas

Raul Velloso, presidente interino do XXIX Fórum Nacional, afirmou que o Brasil tem quatro apagões que precisam ser enfrentados e todos são interligados entre si. “São os apagões fiscal, de investimento, de infraestrutura e de produtividade, que se tornam muito piores por estarmos no meio da pior recessão da história”, disse.

A atual recessão econômica, de acordo com o economista, é causa e também consequência desses apagões. “Por isso, é complicado e difícil resolver”, manifestou. Ele disse ainda que a recessão impede a economia de crescer e, fazendo isso, cria buracos financeiros muitos pesados no setor público que necessitam ser resolvidos. “Se não resolver esses buracos, o investimento não sobe”, 

Segundo Velloso, todas as saídas dependem do governo federal. No lado fiscal, por exemplo, Raul Velloso afirmou que a ênfase tem de ser na previdência pública e fazer um fundo de ativos para ajudar a pagar o déficit previdenciário e, ao mesmo tempo, trazer dinheiro para o caixa dos estados, que estão “quebrados, porque a recessão derrubou as receitas”.

Esta foi primeira vez que o Fórum Nacional não foi presidido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Veloso, superintendente do Inae, que se recupera de um acidente.  

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