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sábado, 23 de novembro de 2024
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Saúde

Os mitos e verdades sobre métodos contraceptivos

Diante de constantes polêmicas quanto ao uso de anticoncepcionais e à chegada de novidades à rede pública, médica ginecologista desvenda curiosidades

Postado em 16 de setembro de 2017 por Guilherme Araújo
Os mitos e verdades sobre métodos contraceptivos
Diante de constantes polêmicas quanto ao uso de anticoncepcionais e à chegada de novidades à rede pública

Guilherme Araujo*

Luiza Mota, 23 anos, nunca foi muito atenta aos sinais que o corpo dava. Usuária assídua de métodos contraceptivos como a pílula, foi após um período de 6 anos de uso praticamente ininterrupto desse tipo de medicação que se viu em uma situação complicada. Em uma manhã de quinta-feira, como faz questão de lembrar em detalhes, antes de sair para o trabalho, sentiu fortes dores. Pela insistência do namorado, procurou uma ginecologista e se descobriu com trombose.

Frente a uma série de questionamentos relativos à eficácia e à segurança desses métodos, os efeitos colaterais são elementos cada vez mais acompanhados. Um dos maiores é o do aumento de peso e da trombose. Para a dr. Marta Franco Finotti, no entanto, rebate a ideia e diz que os casos são variáveis para cada indivíduo: “Os contraceptivos hormonais combinados podem ser usados de maneira estendida ou continua sim, inclusive com algumas vantagens. Menos ciclos menstruais por ano, redução significativa dos efeitos colaterais, como por exemplo, a famosa Tensão Pré Menstrual (TPM), cefaléia pré menstrual e dor mamária, comuns nos períodos de pausa. Mas é preciso acompanhar”.

O número de mulheres que relatam ter problemas com métodos contraceptivos é alto. Para Marta Finotti, os mitos também contribuem para que a paciente se sinta apreensiva: “O principal mito é que a pílula é muito mais deletéria do que benéfica para a saúde da mulher. A verdade é que o uso de anticoncepcionais hormonais orais é uma estratégia importante na redução de morbimortalidade materna e perinatal, pois evita gestações não planejadas”. Ela ainda adverte que cuidados devem ser tomados: “É imprescindível que esse tipo de medicação seja sempre prescrita por profissionais habilitados para que a paciente conheça todos os riscos, benefícios e contra-indicações, e assim fique mais calma”.

A estudante Vânia de Sousa foi um destes casos. Em janeiro deste ano disse ter sofrido com algumas complicações graças ao uso de um anticoncepcional em cápsulas. Ela destaca a importância de se fazer acompanhamento contínuo: “Sentia náuseas com frequência, fortes dores de cabeça e percebi que meu fluxo menstrual estava apresentando um comportamento confuso. Foi conversando com uma amiga que percebi que algo poderia não estar correndo bem. Fiquei nervosa, mas depois de procurar ajuda e trocar o anticoncepcional, deixei a tensão de lado”, relata.

Quanto às contraindicações, anualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publica orientações relativas à segurança de utilização dos diferentes métodos contraceptivos, nomeadamente ao que se refere à contracepção hormonal combinada, baseada em estudos científicos realizados periodicamente. Entre os principais aspectos não-recomendados estão pacientes que são adeptos do tabagismo, possuem hipertensão, foram vítimas de câncer ou ainda problemas hormonais graves ainda não resolvidos.

DIU

Em Goiânia, desde o mês de agosto é oferecido em maternidades da rede pública de saúde o Dispositivo Intra Uterino (DIU). Profissionais da capital foram os primeiros do país a receberem capacitação do Ministério da Saúde para o serviço de implantação, geralmente aplicado, se autorizado pela paciente, após o parto ou em procedimentos pós-aborto.

Notadamente um método que goza de grande eficácia, o DIU é considerado bastante seguro e pode ser usados em mulheres em todas as idades, inclusive que ainda estejam na adolescência. Entre as principais vantagens, quando comparados a outros métodos reversíveis, estão maior proteção contraceptiva, rápido retorno a fertilidade após a remoção dos dispositivos e a não interferência na lactação.

Com validade média de 10 anos, a prática, bastante comum na Europa, onde estima-se que entre 19% e 26% das mulheres façam uso do dispositivo, somente no primeiro semestre de 2017, teve egistradas na capital 489 novas implantações do DIU em unidades públicas de saúde.    

Silvia Adriana Araújo, de 42 anos, foi uma das adeptas mais recentes do DIU. De acordo com ela, as mudanças foram grandes e a praticidade foi um dos aspectos que mais chamaram sua atenção: “De fato, o DIU é muito prático em vários sentidos. Não vi nenhum problema e acho até mais interessante. Não preciso ter tantos cuidados como a regularidade da pílula todos os dias, por exemplo”, afirma.

Reforçando a ideia de que o uso do DIU é tranquilo se comparado a outros métodos, a Drª Marta Finotti explica que os casos em que o método é contraindicado são poucos: “Geralmente, os mais comuns casos em que seu uso está fora de cogitação é quando surge uma gravidez, ou situações como um sangramento uterino anormal, um mioma uterino, ou a paciente passa por processos inflamatórios pélvicos agudos, como uma endometrite ou uma tuberculose pélvica”.

* Guilherme Araujo é membro do programa de estágio do jornal O HOJE, sob supervisão de Naiara Gonçalves.

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