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domingo, 1 de setembro de 2024
Comando

Por que há poucas mulheres em cargos de liderança?

Há quem acredite que o mundo do trabalho já não faz distinções por gênero, mas não é bem isso que acontece quando se trata de cargos de liderança

Postado em 18 de outubro de 2017 por Kamilla Lemes
Por que há poucas mulheres em cargos de liderança?
Há quem acredite que o mundo do trabalho já não faz distinções por gênero

Claudia Santos*

Nas últimas décadas, as mulheres têm
ganhado cada vez mais espaço no ambiente corporativo, antes dominado pelo sexo
masculino. Há quem acredite que o mundo do trabalho já não faz distinções por
gênero, mas não é bem isso que acontece quando se trata de cargos de liderança.

Apesar de representarem 43,8% dos
trabalhadores no Brasil, as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de gerência,
de acordo com o IBGE. Quando se trata dos comitês executivos das grandes
empresas, esse número cai para 10%. Além disso, elas ainda recebem o
equivalente a 76% do salário dos homens.

Essa desigualdade de gênero ainda é
recorrente nas empresas em todo o mundo. Neste ano, um relatório da consultoria
americana Boston Consulting Group (BCG) mostrou que, ainda que aspirem cargos
de liderança, as mulheres são desencorajadas a chefiar. Entre os motivos estão
as microagressões que sofrem no dia a dia, a falta de oportunidades ao longo da
carreira e, ainda, a falta de exemplos de mulheres na liderança.

Em empresas mais diversas com relação
ao gênero, todos os funcionários se sentem encorajados a aspirar cargos de
direção. Para as mulheres, enxergar outras pessoas do sexo feminino na chefia
pode incentivá-las a buscar o crescimento na carreira.

E essa diversidade não é importante apenas
para encorajá-las, mas também pode trazer resultados financeiros para as
companhias. De acordo com 
um estudo de
2016 do Peterson Institute for International Economics
, empresas com
ao menos 30% de presença feminina em cargos executivos têm um lucro 15% maior.

Para mudar esse cenário, as empresas
precisam criar políticas de recursos humanos mais inclusivas, sem qualquer
distinção por gênero. Mas isso não é papel apenas do profissional de RH: tanto
a direção da empresa quanto os funcionários precisam trabalhar juntos para
tirar as ideias do papel e colocá-las em prática.

De acordo com a consultoria BCG,
algumas ações podem ser tomadas para garantir uma empresa mais igualitária: nos
processos seletivos, é recomendado que haja um número igual de homens e
mulheres, o que garantirá um quadro de funcionários mais misto. Além disso,
incluir as mulheres nas interações cotidianas e na tomada de decisões é
fundamental para que elas se sintam, de fato, parte da equipe.

Outra questão fundamental para
garantir a equidade é a criação de políticas que garantam a permanência das
mulheres nas empresas, facilitando o equilíbrio entre vida pessoal e
profissional. Entre elas, a licença maternidade para o pai e a mãe, a
instalação de berçário nos escritórios, a adequação de metas após o retorno da
licença-maternidade, o home office e a flexibilização de horários de entrada e
saída.

A superação das diferenças precisa
partir de todos, em um esforço coletivo para transformar a cultura interna da
organização. Quando as lideranças entendem isso, conseguem conscientizar toda a
empresa e minimizar qualquer tipo de resistência. Uma sociedade mais justa
exige a igualdade de gênero em todos os seus ambientes – e o mundo corporativo
não pode estar isolado da realidade.

*Claudia Regina Araujo dos Santos é especialista em gestão estratégica de pessoas, palestrante,
coach executiva e diretora da Emovere You
www.emovereyou.com.br). (Especial para o Hoje)

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