Calvície também atinge as mulheres
De acordo com a Sociedade Brasileira do Cabelo, 50% das mulheres reclamam de queda de cabelo, sendo que 5% desenvolvem a perda aguda dos fios
Muito conhecida em
homens, a calvície também é motivo de preocupação para a vaidade feminina.
Dados da Academia Americana de Dermatologia (AAD) apontam que a alopecia,
caracterizada pela redução total ou parcial de cabelos em determinada região da
cabeça, atinge mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, sendo que, mais
de 100 milhões são mulheres.
De acordo com
o cirurgião plástico e especialista em transplantes capilares, Rogério Matoso,
da Clínica Bruno Vargas, o ser humano perde de
60 a 100 fios de cabelo diariamente. Porém, isso não é motivo para desespero,
já que a reposição ocorre naturalmente ao longo do tempo. “Apesar de o número
assustar, ele está dentro da normalidade e justifica a quantidade de
cabelo que se encontra no ralo do banheiro, travesseiro, escova ou até mesmo
caído nas roupas”. Mas, o médico pondera que é preciso observar quando os fios
estiverem caindo em maior quantidade.
O cirurgião
explica que a causa mais comum de calvície é de origem genética (alopécia
androgenética), porém em alguns casos “devem-se investigar disfunções
hormonais, principalmente se ocorrem em mulheres, associadas ao quadro de
irregularidade menstrual, acne, crescimento de pelos corporais e sobrepeso”.
Ele cita outros distúrbios frequentes que provocam a queda dos fios. “Eflúvio
telógeno, que é a queda acentuada dos fios por disfunções hormonais,
deficiências nutricionais, pós-parto, pós-doenças infecciosas ou febris e
durante o uso de determinados medicamentos, dentre outros fatores”, pontua.
Há ainda a
alopecia areata, que provoca queda dos fios em alguns pontos localizados e
específicos do couro cabeludo; alopecia frontal fibrosante, que faz com que os
fios da parte da frente da cabeça caiam, podendo ocorrer acometimento das
sobrancelhas e, em alguns casos, dos pelos dos braços e pernas, além de líquen
plano, doença inflamatória crônica, que, entre outros sintomas, também pode
levar à queda dos cabelos.
Existem
medicamentos que retardam os efeitos da calvície, com ações hormonais e, além
disso, podem ser feitos procedimentos cirúrgicos. “As técnicas FUT (Follicular Unit Transplantation)
e FUE (Follicular
Unit Extraction) são as principais formas de transplante
capilar. Na primeira delas, extraem-se fios de uma faixa de couro cabeludo e
implanta-se na área atingida pela calvície; já na segunda, o implante é fio a
fio”, descreve Matoso.
Prevenção
A médica e
tricologista Patrícia Lima, também da Clínica Bruno Vargas, explica que, no
caso da calvície, boa qualidade de vida e alimentação equilibrada podem ajudar,
mas a prevenção é realmente difícil em casos influenciados pela herança
genética. “Há tratamentos diferentes para cada caso e a recomendação é procurar
um profissional qualificado para detectar a doença e fazer o tratamento
adequado, como um transplante de cabelo, por exemplo”.
Diagnóstico
Ela ressalta
que, caso haja um aumento visível na queda dos fios, é importante procurar um
especialista, para que ele possa fazer a tricoscopia digital – exame que
avalia, com ajuda de aparelhos, o couro cabeludo e o aspecto dos fios. Além
disso, são investigadas várias causas a partir de exames de sangue. Dessa
forma, é possível fazer um diagnóstico correto e definir o tratamento mais
adequado para o caso em questão. “Quanto antes for iniciado o acompanhamento,
melhores os resultados”.
No
Brasil
Segundo a
Sociedade Brasileira do Cabelo, 50% das mulheres têm alguma queixa relacionada
à queda de cabelos. E a calvície propriamente dita, que é a
diminuição aguda dos fios, acomete 5% da população feminina. Patrícia Lima
revela que só este ano houve um aumento de 40% no número de mulheres que
iniciaram tratamentos na clínica Bruno Vargas, em comparação com 2016. “A
elevação dos níveis de estresse e ansiedade da população de forma geral também
podem gerar mais perda de cabelos e, consequentemente, contribuem para o
aumento da procura pelo tratamento”, revela.
A
especialista explica que, quando se fala em calvície, imagina-se uma pessoa
completamente calva. Mas, no caso das mulheres, na maior parte das vezes, o que
ocorre é que os fios se tornam muito ralos e é incomum que elas cheguem a ficar
totalmente carecas. O afinamento dos fios ou miniaturização caracteriza o
primeiro sinal da calvície, seguido pela redução da fase anágena (fase em que o
fio permanece em crescimento no couro cabeludo). A evolução é lenta e a
rarefação do couro cabeludo começa a ser notada de forma progressiva e difusa,
poupando, em geral, apenas a linha da franja. “A mulher começa a notar mais a pele
do couro cabeludo ou a queima-lo após exposição solar”, conta a médica. O
quadro pode se iniciar na adolescência, mas, muitos casos têm início após a
menopausa.