Com expectativa de inflação em 4,2%, cortes na Selic podem ser interrompidos
O Copom afirma que “caso o cenário básico evolua conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, ou seja de redução da Selic
O ciclo de cortes da taxa básica
de juros, a Selic, pode ser interrompido na próxima reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em março. De acordo com a ata
da última reunião, divulgada hoje (15), o Copom afirma que “caso o cenário
básico evolua conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada
a interrupção do processo de flexibilização monetária”, ou seja de redução da
Selic. Na reunião realizada nos dias 6 e 7 deste mês, a taxa básica foi
reduzida para 6,75% ao ano, no 11º corte seguido.
Entretanto, o Copom ressalta que
essa “visão para a próxima reunião” pode se alterar e levar a uma redução
moderada adicional na taxa, se houver mudanças na evolução do cenário básico e
do balanço de riscos. O Copom afirmou que seus próximos passos continuam
dependendo da evolução da atividade econômica e das expectativas para a
inflação.
Para o Copom, a inflação deve
ficar em torno de 4,2%, em 2018 e 2019. A meta de inflação para 2018 é 4,5% e
para 2019, 4,25%. Nos dois anos, há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para baixo ou para cima do centro da meta. Em 2017, a inflação
fechou o ano abaixo do centro da meta (4,5%) e do limite inferior (3%), em
2,95%.
Para alcançar a meta, o BC usa
como principal instrumento a taxa a Selic. Quando o Copom aumenta a Selic, a
meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços porque os
juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom
diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com
incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.
“Todos [os membros do Copom,
composto pela diretoria do BC] concordaram que a recuperação da economia
apresenta maior consistência. Nesse contexto, entendem que, à medida que a
atividade econômica se recupera, a inflação tende a voltar para a meta”, diz a
ata. O Copom reiterou que devido aos atuais níveis de ociosidade da economia,
revisões pequenas na intensidade de recuperação do país não levariam a mudanças
na trajetória esperada para a inflação.
Na análise para decidir sobre a
taxa Selic, o Copom informou que levou em consideração as oscilações recentes
dos preços de energia elétrica e dos combustíveis.
O comitê também avaliou que “uma
frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas” como a da
Previdência” e “ajustes necessários” na economia brasileira podem afetar
prêmios de risco (retorno adicional aos investidores por correr maior risco de
calote) e elevar a trajetória da inflação.
Cenário externo
No debate sobre os próximos
passos, o comitê avaliou, na reunião, que a interrupção do processo de cortes
da Selic seria favorecida não só pela “recuperação mais consistente da
economia” brasileira, mas também por “uma piora no cenário internacional”.
Os membros do comitê avaliaram
que, no mundo, há perspectivas de retorno das taxas de inflação para patamares
mais próximos da meta, em países países centrais (que comandam a economia
mundial), além de elevação de salários nessas economias. Para o Copom, isso
reforça o cenário de continuidade do processo de normalização das taxas de
juros desses países, como os Estados Unidos. A expectativa é que isso ocorra de
forma gradual. “Mas a trajetória prospectiva da inflação de preços e salários
pode tornar esse processo mais volátil [com fortes oscilações] e produzir algum
aperto das condições financeiras globais”, disse.
Uma elevação das taxas de juros
nos Estados Unidos estimula os investidores a vender ações na bolsa de valores
e a comprar títulos do Tesouro norte-americano, considerados os papéis mais
seguros do planeta. Dessa forma, propiciam a fuga de capitais de países
emergentes, como o Brasil, para cobrir prejuízos em mercados de economias
avançadas.
Mas os membros do Copom
destacaram a capacidade da economia brasileira de “absorver eventual revés no
cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e
o ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de
recuperação econômica”.
Com informações da Agência Brasil. Foto: Reprodução