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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Tecnoshow 2018

Criação de cães pastores é destaque em feira agropecuária

Animais, comercializados a preços em torno de R$ 1.500, são usados principalmente no pastoreio de rebanhos de ovinos

Postado em 10 de abril de 2018 por Guilherme Araújo
Criação de cães pastores é destaque em feira agropecuária
Animais

Guilherme Araujo*

O zootecnista Rafael Rodrigues Jorge, de 35 anos, considera-se
um amante do que faz. Sai todos os anos de Presidente Prudente, interior de São
Paulo, rumo a Rio Verde. Dono de mais de 40 animais de raças variadas e proprietário
do canil Pastores do Cerrado, que tem como foco a criação e venda de cães da
raça Border Collie, leva 9h em um
trailer até seu destino final.

“Antes de sair, já aplico vermífugo, vacina e remédio para
carrapato para que todos estejam seguros”, conta. Pelo 13º ano consecutivo na
Tecnoshow Comigo, maior evento de tecnologia agropecuária do Centro-Oeste, o
profissional faz um balanço positivo. Logo no primeiro dia de evento seu stand
já contava com movimentação considerável. “Existe muita especulação, mas há
muita procura também. O Border Collie
tem começado a se difundir como ferramenta de trabalho, então muita gente se
interessa”.

“São cães muito rústicos, feitos para trabalhar em fazenda”,
explica, apontando para os 6 exemplares – 2 filhotes e quatro adultos – que tem
expostos em um stand forrado com alpiste. Sempre interagindo com o público da
feira que rodeia incessantemente o espaço, os filhotes chegam a custar valores
em torno de R$ 1.500 – valor considerado justo pela eficiência. Em maio de 2016
um animal da raça foi leiloado na Grã Bretanha por 14 mil libras esterlinas –
algo em torno de R$ 75 mil.

Remontando conceitos darwinianos e por serem usados principalmente
no pastoreio de ovelhas, os animais passam por um processo detalhado de seleção
natural antes mesmo de nascerem. “Eles são selecionados geneticamente para
trabalhar. Isso é a coisa mais importante, mais até do que o treinamento”,
afirma.

Segundo Rafael o primeiro passo para criadores da raça é
partir em busca de um cão selecionado. “Existem linhagens variadas. Só depois
de definir qual animal será o doador do gene, é que se pensa em treinamento”.

Com treinadores especializados para pastoreio e movimentos
naturais do próprio cão, a proposta consiste em proporcionar ao animal esta
etapa amadurecimento, moldando suas atividades por meio de orientação e fazendo
com que ele obedeça. “Isso acontece por quê o trabalho do border collie se dá
por meio de pressão psicológica sobre o rebanho”, analisa.

Sem nome, os animais são geralmente dóceis, mas tem
temperamento diverso. “Alguns ficam um pouco irritados com a viagem”, conta o
zootecnista. Pensando em seu bem-estar, até mesmo o contato com o rebanho é
reduzido. “É uma lógica de treinamento. Agindo assim, logo o rebanho começa a
respeitá-lo; mas serve também para minimizar o estresse”.

Pets

De porte médio, com pesos que variam em fase adulta entre 13
e 20 kg, Rafael diz que preza pelo bem estar dos bichos, mas acredita que o
tratamento como pet os torna menos eficientes em sua função. “O cão, além do
trabalho que ele faz, também é dono da parte afetiva, mas não gosto de humaniza-los”.

Mesmo com a presença de associações internacionais que gozam
de longa data e prestígio, como a International
Sheep Dog Society
, criada em 1906 no Reino Unido, no Brasil a legislação
ainda ampara fracamente a produção genética de animais do tipo. Pensando nisso,
para que sejam ajustados parâmetros de desenvolvimento genético, preservação e
divulgação dos cães de pastoreio no país, foi criada em 2005 a Associação
Brasileira Border Collie.

“Tem que ter carinho, cuidado, mas sem achar que são gente”.
Por serem ferramentas de trabalho, o proprietário acredita que não é
interessante a ideia de deixar com que os animais tenham luxos como dormir em
casa, ou ainda, na cama, costume bastante comum envolvendo animais de raças
domesticadas.

Alvo de estereótipos em virtude de seu valor estético,
produtores criticam a ausência de cuidado com a introdução de novas raças que
modificam o gene do animal, taxando-o como um animal de estimação. “Nossa
preocupação como criador de trabalho é manter a origem. Selecionamos a função e
não a aparência, mas poucas pessoas se preocupam com isso”, diz.

*Repórter enviado para
a Tecnoshow a convite da Monsanto 
 

Foto: National Geographic

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