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domingo, 24 de novembro de 2024
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Crime

Anistia critica “ineficácia” de autoridades no caso Marielle

Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março no Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Os assassinos dispararam tiros de um carro que seguia a vereadora

Postado em 12 de julho de 2018 por Katrine Fernandes
Anistia critica "ineficácia" de autoridades no caso Marielle
Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março no Estácio

Na semana em que o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completa quatro meses, a Anistia Internacional no Brasil divulgou hoje (12) um comunicado em que critica as instituições do Sistema de Justiça Criminal Brasileiro por ainda não terem chegado a uma solução para os crimes.

“Após quatro meses, a não resolução do assassinato de Marielle Franco demonstra ineficácia, incompetência e falta de vontade das instituições do Sistema de Justiça Criminal brasileiro em resolver o caso. É urgente o estabelecimento de um mecanismo externo e independente para monitorar essa investigação”, afirmou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional, que também pediu que as autoridades quebrem o silêncio e voltem a se comprometer publicamente a encontrar os responsáveis pelos assassinatos.

“A não solução do caso demonstra de forma inconteste a falta de compromisso do Estado brasileiro com seus defensores e defensoras de direitos humanos”, disse.

Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março no Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Os assassinos dispararam tiros de um carro que seguia a vereadora.

A coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, defendeu hoje que a falta de solução do caso e a possibilidade de envolvimento de agentes do Estado apontam a necessidade de se criar um mecanismo independente de acompanhamento das investigações. Quem participaria desse órgão e como se daria a sua criação são pontos que ainda é necessário discutir, ponderou ela.

“É importante para garantir que  as investigações andem de forma célere, não sofram com interferências indevidas e que todas as diligências sejam feitas”, disse ela, que explicou que esse órgão externo não faria uma investigação paralela, mas apenas verificaria se os procedimentos corretos estão sendo cumpridos.

Quando o crime completou três meses, a Anistia cobrou que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro destacasse membros de seus grupos especializados para acompanhar o trabalho da Polícia Civil, que toca as investigações em sigilo. Segundo Renata, o MP não atendeu essa reivindicação e explicou que cinco promotores já estavam reforçando o trabalho do promotor responsável pelo caso.

Pais de Marielle

Os pais de Marielle Franco estiveram na sede da Anistia Internacional na manhã de hoje para reforçar a cobrança por uma investigação mais célere e transparente. Marinete da Silva disse que já não recebe notícias das autoridades fluminenses há mais de um mês.

“É bem ruim pra gente esse silêncio. É um sentimento de que se está chegando a um ponto de impunidade”, disse ela, que afirmou que ainda confia no trabalho da Polícia e nas condições que ela tem de chegar a uma solução. “Eu preciso acreditar”, desabafou.

Antônio Francisco da Silva, pai de Marielle também criticou as autoridades e disse que nenhuma se prontifica a falar com a família. Ele também disse ter confiança de que a Polícia pode chegar aos criminosos e mandantes do crime e afirmou que não apenas a família, mas a sociedade brasileira e a comunidade internacional também esperam que a justiça seja feita. 

“Todo dia quando eu acordo eu faço essa pergunta: O que minha filha fez, o que ela falou, para que tirassem a vida dela brutal e covardemente como foi?”

Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança Pública afirmou em nota que não vai se posicionar sobre o caso, porque ele segue em sigilo. 

(Agência Brasil)

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