Submarino era usado para tráfico internacional de drogas
Piloto que morreu em acidente ano passado é suspeito de participar de tráfico internacional
Higor Santana*
A Polícia Federal deflagrou na manhã da última quinta-feira (21) a “Operação Flack”, que investiga o tráfico internacional de drogas. A ação apontou que o piloto goiano Cristiano Felipe Rocha Reis, que morreu em agosto do ano passado, após a queda de um avião no Pará, participava diretamente do esquema junto com o pai e um tio. A suspeita é de que o grupo tenha movimentado R$ 13 milhões em menos de 2 anos.
Durante a operação foram apreendidos 47 aeronaves, 13 fazendas cerca de 10 mil cabeças de gado e até mesmo um submarino no Suriname, apreendido em fevereiro do ano passado, suspeito de ser usado para levar a droga até a costa da África. Ao todo foram 55 mandados de prisão e 81 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4º Vara Federal de Palmas, nos estados de Tocantins, Goiás, Paraná, Pará, Roraima, São Paulo, Ceará e no Distrito Federal.
O submarino apreendido tem capacidade de transportar até oito toneladas de drogas. De acordo com a decisão da Justiça Federal para operação Flack, a embarcação foi localizada a 15 km de uma pista de pouso clandestina, que recebia aviões com drogas.
Dentro do submarino, a polícia encontrou motores náuticos adquiridos em uma empresa de Belém, no Pará. No documento, também consta que, 13 dias após a sua apreensão, uma aeronave com 488 quilos de cocaína foi apreendida na pista clandestina.
De acordo com a PF, os entorpecentes eram transportados em aeronaves da Colômbia e da Bolívia e distribuídos no Brasil, Estados Unidos e Europa. Em Goiás, os agentes da PF chegaram no início da manhã de ontem no Aeródromo de Goiânia, que fica às margens da GO-070, saída para Inhumas. As aeronaves se encontram no hangar do aeródromo sobe vigilância da PF, impedidas de voar.
Piloto morto
Cristiano Felipe, morto no acidente, era sobrinho do empresário João Soares Rocha, que seria dono da empresa de aviação, responsável pelas aeronaves utilizadas no transporte da droga. João foi preso em Tucumã, no Pará. Outro citado como integrante da operação é Evandro Geraldo Rocha dos Reis, pai de Cristiano, que morreu na queda do mesmo avião em que o filho estava.
A ação realizada pela PF envolveu 400 policiais, e contou com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar de Goiás e da ajuda da polícia antiterrorismo do Suriname.
Os investigados devem responder por tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, financiamento ao tráfico, organização criminosa, lavagem de dinheiro e atentado contra a segurança do transporte aéreo.
Investigações
De acordo com a PF, as investigações iniciaram há dois anos. A corporação apurou que entre os anos de 2017 e 2018 foram realizados cerca de 23 voos transportando em média 400 quilos de cocaína cada, totalizando mais de nove toneladas. Há indícios que a escolha da tripulação que faria o transporte das drogas ficava a cargo de Cristiano e dos parentes.
Segundo a corporação, o grupo não tinha um perfil definido dos pilotos, pois foram encontrados profissionais recém-formados, de aviação agrícola, pilotos experientes e até comerciais que atuavam no meio comercial. Também eram contratadas pessoas para tarefas adicionais, como carregamento e entrega da droga, e laranjas.
Além de pilotos, a organização contava com mecânicos que adulteravam as aeronaves para aumentar a autonomia dos voos e ocultar o prefixo original dos aparelhos, para despistar as autoridades. O grupo usava Palmas e Porto Nacional, no Tocantins, como pontos de apoio.
As investigações indicam que a rota do transporte de drogas saía de países produtores como Colômbia e Bolívia, passava por países intermediários, como Venezuela, Honduras, Suriname, e Guatemala, e tinha destino final no Brasil, Estados Unidos e União Europeia. (Higor Santana é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)