Excesso de conexões pode oferecer riscos
Quantidade exagerada de fios em um único poste contribui para acidentes e poluição visual
Higor Santana*
Postes de energia, além de serem utilizados para a iluminação pública, ainda têm a missão de sustentar fios de eletricidade, de telefonia, de internet, dentre outros tipos. Nesta estrutura, é curiosa a imagem de um emaranhado de conexões que ajudam a levar recursos para residências e empresas. A grande quantidade de ligações em um único poste sobrecarrega o sistema e compromete a estrutura que pode oferecer riscos de queda ou descargas elétricas.
Segundo a Enel Distribuição Goiás, que trata do compartilhamento de postes, as empresas que utilizam a estrutura devem seguir o plano de ocupação e as normas técnicas da distribuidora local. O compartilhamento é o uso conjunto de uma infraestrutura da rede de distribuição aérea com as instalações das redes de telecomunicações. Já a gestão é do titular do poste e o serviço se dá por meio de aluguel. Segundo as normas técnicas da distribuidora de energia, podem ser feitas seis ligações em um poste, sendo cinco de empresas de telecomunicações e uma da Enel. A distância mínima para a fiação de baixa tensão em via urbana é de 5 metros.
Um estudo recente realizado pela Companhia identificou que essas normas não vêm sendo cumpridas e muitas empresas estão sobrecarregando os postes da distribuidora, comprometendo a estrutura da rede de distribuição e a segurança dos clientes. O “bolo” de fios que se enrola e desenrola por diferentes cantos da cidade também tira um pouco da beleza dela. Grandes gambiarras trazem consequências negativas e perigosas.
Fiscalização
Com o objetivo de melhorar a imagem da cidade e diminuir a poluição visual, a Enel já iniciou ações de fiscalização da fiação dos postes da Capital. O objetivo é notificar as empresas que possuem contrato com a distribuidora de compartilhamento de infraestrutura, a fim de regularizar todas as situações de cabos e equipamentos irregulares. A iniciativa faz parte das atividades regulares do plano de fiscalização da empresa, previsto para toda área de concessão, para melhorar a imagem da cidade.
A empresa informou que pretende realizar fiscalizações por mês, com emissões de notificação em toda a sua área de concessão nos próximos três anos. Para a regularização, as empresas precisam apresentar um projeto de compartilhamento de postes, ter disponibilidade na rede e a autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Nas situações em que as empresas não realizarem as regularizações, a distribuidora irá efetuar a retirada da fiação clandestina e com risco emergencial. De acordo com o responsável pela área de Grandes Clientes da Enel, Carlos Falconiere, a ação pretende reduzir a poluição visual da rede no Estado e os riscos de acidentes envolvendo cabos soltos de telefonia. Ainda segundo ele, as empresas de telecomunicações já foram previamente notificadas sobre a ação e sobre as normas técnicas da Companhia para uso e compartilhamento dos postes.
Cabeamento subterrâneo
Um projeto de Lei, provado por unanimidade pela Câmara Municipal no ano passado, obriga a instalação de cabeamento subterrâneo de linhas de transmissão de energia acima de 69 quilovolts, as chamadas redes de alta tensão. O projeto, busca melhorar a qualidade da linha de transmissão de alta tensão na Capital. De acordo com a lei, serão plantadas árvores no lugar dos postes removidos para a retirada do cabeamento aéreo. “As árvores, além de terem o importante papel de amenizar o clima da cidade, têm função paisagística e de qualificação do espaço urbano, aumentando a qualidade de vida da população”, afirmou o autor do projeto vereador Elias Vaz (PSB).
A lei estabelece um prazo de 20 anos para que as concessionárias de transmissão e distribuição de energia elétrica façam a substituição, mas exige a troca anual de pelo menos 5% dos cabos, com previsão de multa em caso de descumprimento. “É um tipo de investimento que é mais caro no início, mas que traz benefícios a longo prazo. A cidade terá menos problemas com rompimentos de cabos, falta de energia e acidentes, sem contar a questão da poluição visual”, explica o vereador. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)