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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Cidades

Plano de segurança hídrica será apresentado ao Governo

Após crise hídrica, distribuição diária chega a 87,1% na região. Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável vai apresentar plano ao Governo

Postado em 24 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
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Higor Santana*

De acordo com dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2016 para 2017, o Centro-Oeste sofreu uma redução de 94,7% para 81,7% dos domicílios com disponibilidade diária de água em rede geral. Em contrapartida, em 2018, a disponibilidade diária de água na região aumentou para 87,1%, ainda distante do patamar de 2016. Para a pasta, o aumento é consequente do fim do racionamento de água nas capitais da região central do país.

Para a especialista e técnica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy, o aumento no abastecimento é um sinal positivo, mas ainda está longe do esperado. “Com o fim do racionamento em 2018, a cobertura de acesso no Distrito Federal subiu, elevando os números da região. A situação está bem melhor do que em 2017, mas ainda aquém do patamar de 2016”, comenta.

De acordo com o IBGE, a queda do abastecimento ocorreu em função do racionamento de água no Distrito Federal, entre janeiro de 2017 e junho de 2018. A capital federal também se recuperou em 2018, com 64,6% dos domicílios com acesso diário à água, mas ainda distante dos 99,7% de 2016, período anterior à crise hídrica.

Conforme uma projeção feita pelo Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA), o aumento proporcional do uso de recursos hídricos diários em Goiás até 2030 será de 44%, o terceiro maior entre os estados brasileiros, atrás apenas de Tocantins e do Amazonas. Em números absolutos, equivale dizer que o Estado chegará em 2030 consumindo, em um ano, quase 1,4 trilhão de litros de água a mais do que gasta hoje. 

De acordo com a empresa de Saneamento de Goiás (Saneago), apesar da situação atual do Rio Meia Ponte não oferecer riscos de desabastecimento, continuam as orientações de consumo consciente das reservas domiciliares. A empresa lembrou que, de acordo com o plano de racionamento, o rodízio no fornecimento de água só é realizado se a vazão do Meia Ponte ficar abaixo de 1.500 litros por segundo. De acordo com dados da ANA, a vazão atual do rio não aponta este cenário, mas é necessário consciência das pessoas na utilização da água.

Entre os diferentes segmentos e usuários de água analisados pelo estudo, as maiores variações na demanda hídrica em Goiás ocorrerão no setor da indústria e da agricultura, por meio da irrigação, que é hoje o maior consumidor de água no Brasil e no Estado. O presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Bruno Beraldi, diz que o setor não acredita nesse incremento todo. “Primeiro temos de ter uma demanda da economia dos produtos da indústria. Não temos como falar ainda se isso está certo ou não”, diz. 

Conscientização

Consciente da realidade e dos alertas já presentes no Plano Estadual de Recursos Hídricos de Goiás, publicado em 2016, a secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, diz que um plano de segurança hídrica para o Estado será elaborado e apresentado ao governo. Basicamente, a ideia é implantar medidas que propiciem a convivência dos diversos segmentos usuários de água dentro de uma realidade possível de disponibilidade e sustentabilidade hídrica. “Em um Estado com franco avanço da economia, isso é muito preocupante”, diz.

Segundo a secretária, a necessidade de conciliação em prol da garantia do uso prioritário, que é o abastecimento humano e animal, mostrou-se necessária, por exemplo, na bacia do Rio Meia Ponte, em 2017, de onde sai a água que corresponde a mais da metade do fornecimento de Goiânia e cidades da região. De acordo a Semad, foram constatados, na época, diversos usos irregulares acima do ponto de captação da Saneago, que continuava a todo vapor, independente da escassez de chuva, e que, por consequência, contribuíram para acirrar a falta de água em quase uma centena de bairros.

Para Federação da Indústria do Estado de Goiás (Fieg), a tendência com o tempo, é de que a disponibilidade hídrica seja um fator limitante do crescimento. Segundo a entidade, em Cristalina, cidade do Leste goiano e maior usuária de água do Estado, devido à grande concentração de pivôs centrais (a maior da América Latina), a implantação de uma indústria, por exemplo, é algo impraticável. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

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