Dia Internacional da Mulher Negra reforça debate contra o racismo e machismo
Em 1992, durante um encontro de mulheres na República Dominicana ficou estabelecido que o dia 25 de julho é dedicado às mulheres negas da América Latina e Caribe
Ingryd Bastos
Para lembrar a luta das mulheres negas Latino-Americanas e Caribenhas foi estabelecido, desde 1992, que todo 25 de julho é o dia destinado a elas. Nessa data, em várias regiões do Brasil e do mundo, mulheres se unem para discutir e refletir sobre a desigualdade sofrida pela classe.
No Brasil a maior parcela da população é composta por negros e mulheres, já as mulheres negras são as mais banalizadas e exploradas de acordo com dados que aparecem, por exemplo, nos mapas da violência, representatividade política, mercado de trabalho, classes sociais e escolaridade.
Dados coletados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), através do projeto Retratos das Desigualdades de Gêneros e Raça, mostram que o país é composto por 55,6 milhões de mulheres negras, 41,1% delas são chefes de família. Ainda de acordo com o Ipea, as mulheres negras são 50% mais sujeitas ao desemprego do que mulheres e homens brancos, e recebem uma renda média menor que a metade da média de renda dos homens e 35% menor que a renda de mulheres brancas.
Na política, das 513 parlamentares, apenas 10 são negras, de acordo com a campanha Mulheres Negras Decidem. No mapa da violência, foram registrados 4.936 assassinatos contra mulheres em 2017, e 66% delas eram negras, as vítimas foram mortas por arma de fogo, na maioria dos casos dentro da própria casa, segundo dados do Atlas da Violência 2019.
No mercado de trabalho, as mulheres negras são as mais afetadas, em 2017 quando a crise econômica no Brasil se tornou crônica, elas voltaram a enfrentar ainda mais o desemprego. Cerca de 22% de desemprego correspondiam as mulheres negras, taxas muito mais altas que a das mulheres brancas que era de 11,1%, ambas bem abaixo dos homens não negros que era de 9,4%, explica a economista da Dieese e especialista do mercado de trabalho, Lucia Garcia.
Além do desemprego, o número de mulheres negras empregadas irregularmente é alarmante, elas representam 6,6% sem carteira assinada, enquanto as mulheres brancas são de 3,8%. A economista também observa que trabalhos manuais mais pesados são destinados às negras, como o emprego doméstico. “Produções associados ao trabalho pesado e pouco valorizado também são tradicionalmente lugares das mulheres negras, como o trabalho doméstico que representa 23,4% das negras e apenas 11,5% das não negras. E a remuneração desses serviços fica bem longe de outros segmentos populacionais, diferença que chega a ser 68% dos rendimentos médios de homens não negros”, finaliza.