Mulheres compõem apenas 8% das vagas na área de tecnologia
Apesar do baixo índice, é na internet que elas conseguem mais oportunidades. Relatório aponta que fim da desigualdade de gênero no mercado precisaria de dois séculos
Ingryd Bastos
Mesmo com o desemprego e necessidade de profissionais qualificados em alta, o mercado da tecnologia permanece com menos mulheres até os dias de hoje, mesmo com o aumento da presença delas em cursos de predominância masculina.
De acordo com uma pesquisa feita esse ano pela plataforma de serviços freelance Workana, a atuação feminina na área de programação e tecnologia da informação (T.I) cadastrada é de apenas 8%, conta os 43% dos homens. Foram entrevistados um total de duas mil pessoas, de oito categorias de trabalhos diferentes, entre homens e mulheres.
Apesar do baixo índice de representatividade das mulheres na área tecnológica, a pesquisa contatou que elas sofrem menos com a desigualdade de gênero conseguindo mais oportunidades em trabalhos na internet como freelancer, em relação ao mercado tradicional.
O resultado foi que 82% das mulheres entrevistadas explicaram que em uma negociação de trabalho pela internet alguns fatores como ter filhos não foram questionados e que o fato delas serem mulheres não foi um aspecto considerado na hora da contratação virtual. Por outro lado, 87% dessas mesmas mulheres disseram já terem sido questionadas sobre ter filhos em entrevistas presenciais, contra 68% dos homens.
No quesito salário, as mulheres também estão bem atrás, na plataforma 16% dos homens que trabalham com tecnologia conseguem um rendimento mensal acima de R$ 4 mil, enquanto apenas 8% das mulheres conseguem esse valor.
Qualificação
Atualmente quase um quarto dos jovens está sem estudar e trabalhar, no Brasil, e cerca de 30% desse total são mulheres, de acordo com Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em contrapartida, apesar das mulheres serem minoria na atuação nas áreas tecnológicas, em geral, são elas as mais qualificadas. Enquanto 30% dos homens têm graduação na área, 11% pós-graduação e 4% MBA, as mulheres seguem 34% graduadas, 17% com pós-graduação e 5% tem MBA.
A explicação para as mulheres continuarem com dificuldades em conseguir empregos na área, com salários igualados aos homens, mesmo sendo mais qualificadas está na desigualdade de gênero, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF).
Ainda de acordo com a WEF, mulheres da área da TI possuem mais instrução que os homens e ainda assim ganham 34% a menos que eles. Já na área de inteligência artificial (IA), apenas 22% dos profissionais são mulheres e somente 20% das mulheres estão em cargos de diretoria nas empresas tecnológicas, no mundo.
O relatório emitido pelo Fórum Econômico Mundial aponta que para o fim da desigualdade de gênero acontecer no mercado de trabalho seria necessário mais de dois séculos.