“O partido sempre reagiu às infidelidades”, diz Daniel Vilela
Na entrevista, Daniel fala da relação com prefeitos dissidentes e da liberdade a administradores e deputados de compor com o Governo do Estado – Foto: Cristóvão Matos
Lucas de Godoi e Rubens Salomão
Em entrevista ao O Hoje, ex-deputado federal e presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, comentou a possível chegada dos ex-petebistas Jovair Arantes e Henrique Arantes e disse que a chegada de ambos fortalece o partido para os próximos pleitos, inclusive em Goiânia, onde avalia que o nome de Iris Rezende (MDB) ainda é incerto para a reeleição. “Ele pode muito bem no ano que vem não querer ser candidato e encerrar o mandato bem avaliado, mas pode ter as razões de, entendendo que está tudo muito bem, e decidir, caso escolhido, continuar este trabalho”, acredita. Na entrevista, Daniel fala da relação com prefeitos dissidentes e da liberdade a administradores e deputados de compor com o Governo do Estado.
O MDB se fortalece em Goiás com a adesão de políticos que fazem oposição ao Governo?
Estamos bastante otimistas em relação às eleições municipais de 2020 e nós estamos pensando, também, nas eleições de 2022. É fato que a gente está se fortalecendo e estamos tendo a procura de diversas forças políticas do Estado. São pessoas que estão procurando o nosso partido para se candidatarem. Nós já somos um partido enraizado, com diversos diretórios com líderes em todo o Estado, mas também estamos abrindo portas para novas pessoas que querem contribuir para este novo projeto de oposição, com uma nova roupagem do MDB, que já se iniciou na eleição passada. Estamos recebendo o ex-deputado Jovair Arantes, o deputado estadual Henrique Arantes, que é uma das principais lideranças de oposição na Assembleia Legislativa. Estamos recebendo prefeitos de cidades importantes do PTB.
O que representa a chegada da família Arantes ao MDB?
Eu fui colega dele [Jovair Arantes] na Câmara, ele era coordenador da bancada goiana e sempre tivemos uma boa relação. Eu conheço as qualidades do Jovair. É um excelente articulador e tem uma excelente atuação nos bastidores. Ele tem um time muito forte politicamente. Ter um partido, considerado médio, e ter prefeitos importantes como eles têm só foi em razão da capacidade política dele. Tem prefeitos relevantes no ponto de vista e estamos construindo para que todas estas forças venham para o MDB também.
O MDB teve uma votação pequena em municípios petebistas. A chegada reforça a legenda para os próximos pleitos?
Eu acho que reforça, mas não podemos levar em consideração a votação da eleição de 2018, particularmente, porque foi uma eleição de certo modo, atípica. Foi um pleito em que o debate nacional sufocou o debate estadual. As pessoas não discutiam eleição estadual aqui, discutiam eleição nacional. Entre os três principais candidatos, eu era o candidato menos conhecido e tinha o desafio de me tornar conhecido primeiro. Com os petebistas nós teremos uma capilaridade maior.
Como está a relação do partido com os prefeitos dissidentes?
Os prefeitos que tiveram processo de expulsão, o partido não tem mais um relacionamento, e eles estão procurando ocupar os espaços em outros partidos. Os que ameaçaram sair são de um período anterior. São da antiga base aliada do PSDB. Alguns saíram, outros não. Temos um bom relacionamento com todos os prefeitos. A partir do início do ano houve uma deliberação entendendo a necessidade daqueles prefeitos que buscassem uma aproximação administrativa de acordo com as necessidades e os serviços prestados pelo Estado. Da mesma forma os deputados estaduais. A gente tem que observar também que o grande adversário do MDB será o DEM. Aqueles que estavam em outros partidos, e também em razão do fim das coligações proporcionais, eles estão optando por dois caminhos: migrar para o MDB, ou migrar para o DEM. Aí vai das convicções ideológicas de cada um.
Qual é a identidade do MDB hoje e como tem se dado os processos de expulsões no partido?
Logo após a eleição de 2014, 22 prefeitos foram expulsos do MDB. Alguns, inclusive, tiveram as solicitações por pessoas que foram expulsas agora, e outros que saíram do partido. Foram 22, e agora tivemos só quatro, sendo que um acabou se desfiliando antes. O partido sempre reagiu às infidelidades. É bom falar isso, senão vão dizer que foi o Daniel quem pediu para expulsar. Eu acho que nós temos que ter uma identificação com o partido, daquilo que a gente pensa para Goiás, daquilo que a gente pensa para o país, daquilo que a gente pensa como política para conquistar resultados para o país. É principal questão que a gente tem que procurar. Hoje se tem uma discussão muito acalorada de esquerda, direita e de muito radicalismo. Acho que é uma marca que devemos ter e é uma característica já tradicional do MDB, que é a característica do centro. Do equilíbrio.
No MDB os deputados têm liberdade para ser da base ou da oposição?
Lógico que sim. Mas isso também entra um pouco no momento partidário que a gente vive no Brasil. A legislação não dá qualquer condição ao partido de punir qualquer mandatário que está ligado qualquer mandatário que está aliado politicamente a um adversário político do passado. Não adianta impor alguma coisa que, de fato, não vai acontecer. Se amanhã eu, como presidente do partido, decidir que amanhã o MDB vai ser oposição ao governador você acha que vai resolver? Claro que não vai resolver. Mas tirando o Bruno Peixoto, que é um aliado inconteste do governador, os deputados Humberto Aidar e Paulo César Martins vivem o dia-a-dia do partido. E tem coisas lá dentro da Assembleia que muitas vezes eles têm o entendimento por algo que é do interesse do governo. Eu não posso cobrar isso, até por que, mesmo com o partido sendo dono do mandato, não é bem assim. A grande maioria dos votos vem dos deputados são em razão do trabalho pessoal deles. Essa liberdade existe e o partido não pode querer mudar isso.
O Iris vai ser candidato à reeleição?
É difícil a gente ter uma definição sobre isso. Mas ele tem dito constantemente que não será candidato, mas a gente vê que ele está trabalhando muito e está fazendo ações importantes por toda a cidade. Ele pode muito bem no ano que vem não querer ser candidato e encerrar o mandato bem avaliado, mas pode ter as razões de entendendo que está tudo muito bem e decidir, caso escolhido, continuar este trabalho. É uma decisão que só saberemos de fato em meados de junho ou julho do ano que vem.
Qual a perspectiva do seu nome?
Estou fazendo o meu trabalho como presidente do partido em construir candidaturas, e estou bastante entusiasmado e otimista. Mas o meu projeto político pessoal está muito distante e longe de definição. Vou continuar fazendo este trabalho pelo partido, e ajudar os meus companheiros e correligionários e depois, no momento mais adequado, vamos discutir às eleições de 2022.