Saiba mais sobre Chal, o goiano indicado ao grammy
Artista concorre na categoria de Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, com o álbum ‘O Céu Sobre a Cabeça’
Guilherme Melo
“Ainda como uma criança, do seus sete anos, doida para aprender o real significado das letras daquelas músicas que tanto amava”, é assim que Chal lembra de sua infância no centro de Goiânia, da década de 1980. O cantor foi indicado, nesta semana, ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa. O álbum indicado, terceiro trabalho do artista, ‘O Céu Sobre a Cabeça’. O goiano concorre com a cantora Pitty com o disco ‘Matriz’, Liniker e os Caramelows (‘Goela Abaixo’), The Baggios (‘Vulcão’) e Baianasystem (‘O futuro não demora’).
Entusiasmado com a notícia, Chal comenta como é gratificante representar o seu estado em uma premiação internacional. “Fico muito feliz, primeiro porque amo rock n’ roll e todas as suas vertentes. A que mais gosto, sem dúvida nenhuma, é o rock rural a quem eu represento, que é a música do homem simples, homem do campo, que sabe se divertir, que sabe pensar, se posicionar. Isso diz muito sobre Goiás, fico orgulho em levar o nome do Estado em uma premiação como o Grammy”, afirma o artista, em entrevista ao Essência.
Essa é a primeira indicação do cantor ao Grammy Latino. O álbum indicado contém 10 faixas musicais sendo seis inéditas e quatro regravações. “Foi uma surpresa ser indicado ao Grammy, mas depois de dois álbuns indepedentes, eu quis fazer algo mais ‘profissional’. Com isso fiz uma pesquisa e acabei fazendo um disco mais voltado para o pop e rock. Trabalhar com mais gêneros musicais me possibilitou uma melhor ingressão no cenário musical brasileiro, e consequentemente internacional”, cita Chal.
Mas a indicação deste ano não é a primeira vez que Chal dá as caras no cenário nacional. Em 2017, a música ‘A Vida Continua’ fez parte da trilha sonora da novela ‘O Outro Lado do Paraíso’. “Uma composição minha, em uma novela nacional! Nem dava para acerditar. Isso surgiu de bons relacionamentos que eu fui tendo conforme ia crescendo na música”, revela o artista.
Chal lembra que seus grandes ídolos são Neil Young, Bob Dylan e Lynyrd Skynyrd , assim como o country alternativo (conhecido no exterior como alt. country) entrando como elemento complementar nos primeiros discos, os EPs, ‘Singing for the fools’ (2009) e ‘Up-Country’ (2010), e também o single que lançou em 2012, versão do clássico folk ‘Wayfaring stranger’. “Criança eu já fazia aulas de inglês, na época era raridade. Isso me ajudou a entender melhor as letras dos meus ídolos, e assim internalizar nas minhas canções”, comenta o artista.
‘O céu sobre a cabeça’, álbum indicado, foi gravado com a mesma equipe que os discos anteriores (baixista Bruno Migliari no lugar de Rodrigo Santos) e produtores que vêm trabalhando e dividindo experiências criativas com Chal nos últimos oito anos. Para Chal, o álbum expande sua identidade por meio do que ele tem de mais simples e autêntico.
O canto, mais próximo do estilo brasileiro de cantautores como Renato Teixeira e Almir Sater, está mais natural e “limpo” do que nunca, guardando os arroubos épicos para ocasiões certeiras. A música escolhida para primeiro single, “A vida continua”, é uma dessas ocasiões que exige tal tratamento. Sua mensagem forte de resistência e luta cristaliza de modo doce o tema principal do álbum: estradas que precisam ser cruzadas, viagens que precisam ser completadas.
Inspiração não é problema para Chal. Não depois de ter frequentado por seis anos uma fazenda em Cezarina, há 80 quilômetros de Goiânia, criando gado e fazendo música. “Sempre gostei de ambientes mais tranqüilos, isso me ajuda a pensar. A fazendo foi uma experiência de aceitação e identificação”, finaliza.
Quem é Chal?
Gustavo Henrique Bernardes Balduino, nome de batismo, teve vários apelidos até se decidir aos 28 anos, por Chal, seguindo conselho do professor de meditação de seu pai. Chal sempre demostrou interesse por músic. Aos 10 anos de idade ele já tocava piano e foi tecladista de um grupo musical cover do Pink Floyd. Além disso teve banda de new metal e ainda tentou duas outras formações até seguir carreira-solo apostando em um misto de Rock, sertanejo, música nordestina, country e blues.
O artista lançou dois EPs e um single antes do lançamento do primeiro albúm ‘Aonde o tempo é Solto’, de 2014, em que também regravou clássicos, como a música ‘Disparada’ de Geraldo Vandré e Theo de Barros que ficou conhecida na voz de Jair Rodrigues. O segundo álbum foi ‘Enlace’, de 2015, composto por músicas autorais e duas releituras, a primeira é a canção Foi ‘Tudo Culpa do Amor’, de Odair José e Ana Maria Lorio e a segunda é ‘O Cio da Terra’, de Milton Nascimento e Chico Buarque. Com o single ‘A Vida Continua’, Chal apresenta uma amostra do que conte no seu terceiro álbum, ‘O Céu Sobre a Cabeça’, lançado pelo selo Toca do Bandido no início de 2018.
O cantor goiano, com veia roqueira e rural, mostra um mix de influências, que passam por Luiz Carlos Sá, Almir Sater, Renato Teixeira e pela abordagem poética de Bob Dylan. “Imagino meu som com uma brasilidade muito forte que dialoga com o que chega do estrangeiro, pois sempre tive influência de ambos. Recentemente tenho escutado muito Chris Stapleton, Blackberry Smoke, sempre na ‘benção’ do country rock de Lynyrd Skynyrd”, explica o cantor.
(Guilherme Melo é
estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor Lucas de Godoi)