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domingo, 24 de novembro de 2024
Análise

Goiânia póstuma: a fragilidade das alianças políticas

Não é novidade que partidos se organizam para garantir o toma lá dá cá se eleitos pra cargos públicos, mas o que aconteceu na capital de Goiás pós eleições municipais, mostra a vulnerabilidade de alguns pactos | Foto: reprodução

Postado em 10 de abril de 2021 por Carlos Nathan Sampaio
Goiânia póstuma: a fragilidade das alianças políticas
Não é novidade que partidos se organizam para garantir o toma lá dá cá se eleitos pra cargos públicos

Nathan Sampaio

“Daniel [Vilela] precisa entender que não foi eleito”, disse
Rogério Cruz (Republicanos), o prefeito de Goiânia, na tarde da última
segunda-feira (5/4) em pronunciamento sobre o rompimento de parte do Movimento
Democrático Brasileiro (MDB) goiano com sua base de governo. Há exatos 85 dias,
porém, a frase era “Daniel vai estar ao meu lado”, quando, recém empossado,
Cruz afirmou que continuaria os projetos de Maguito, que perdeu a vida no dia
13 de janeiro em decorrência das consequências causadas pela Covid-19.

Como todos sabem, hoje, no centésimo dia de governo da nova
gestão municipal, muita coisa aconteceu. Cerca de 11 secretários que começaram
a trabalhar por Goiânia e eram anunciados como portadores de perfil técnico, já
não fazem mais parte da atual gestão. Isso acontece por quê, quando partidos se
juntam em uma chapa, há uma divisão planejada caso sejam eleitos, e cada
partido ou grupo fica por conta de chefiar uma diretoria ou pasta do governo.

Isso aconteceu na eleição municipal do último ano e vai
continuar acontecendo em todas as outras, porém, especificamente em Goiânia,
não estava planejada uma coisa: a morte de Maguito Vilela. O emedebista, que
venceu a luta contra os adversários políticos e não teve a mesma corte com o
vírus que gerou a atual pandemia, provavelmente nem teve a consciência sã de
que foi empossado prefeito em um evento atípico que o investiu como prefeito da
capital de Goiás.

Semanas depois da “rasgação de ceda” entre Daniel, filho de
Maguito e pessoa escolhida para ajudar a coordenar alguns assuntos políticos e
de gestão ao lado de Rogério, a aliança foi quase que totalmente desfeita.
Agora, inclusive, Daniel diz que o republicano não está à altura do cargo.

O combinado – provavelmente – era de que, mesmo sendo de
outro partido, Cruz deixasse o MDB governar, mas não foi o que aconteceu. Junto
a outros aliados, o republicano deixou projetos importantes em segundo plano e
começou sua reforma política antes mesmo que se completassem 100 dias de governo.

Vale lembrar novamente de que não há problemas em trocas de
cargos, até por que equipes de profissionais em sua grande maioria foram
mantidas, mas se era uma equipe anteriormente anunciada como “técnica”, por quê
a pressa em trocar algo que deveria funcionar para o goianiense, que afinal
votou em Maguito para prefeito e em Rogério para vice, e não o contrário.

Acidentes, se é disso que se pode chamar a morte de Maguito,
acontecem e são fatalidades, que mudam rumos e destinos, mas não estamos
falando apenas de uma família, uma empresa, um grupo pequeno. Estamos falando
de uma cidade, capital de um estado, com quase 2 milhões de habitantes e que,
constantemente, sofrem por problemas frequentes e não resolvidos há anos, como
transporte público em geral e insuficiência parcial na Saúde, Educação e
infraestrutura.

O que se espera de um prefeito é o óbvio, mas o óbvio tem
que ser dito: cumpra seu papel como chefe do Poder Executivo e administre com
responsabilidade a cidade em que vive você e milhões de outros cidadãos. Cobre
os impostos e taxas devidos, mas custeie as obras, serviços essenciais para a
vida dos goianienses. 

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