BRT sofre novas alterações do projeto original
Previsão otimista é que a principal obra voltada para o transporte coletivo seja entregue em setembro | Foto: Wesley Costa
Uma das obras mais aguardadas pelos usuários do transporte coletivo de Goiânia é o corredor do BRT. Porém, esse sonho esbarra em alguns entraves e mudanças. As obras, que tiveram um valor contratual de R$ 217 milhões, já sofreram oito alterações em seu projeto inicial. Por causa disso, a previsão é que a inauguração de um trecho fique para setembro deste ano.
Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), a nova mudança consiste na alteração no projeto geométrico da Praça Cívica, no Centro de Goiânia. De acordo com a pasta, ao invés de duas faixas no anel interno para os ônibus, serão três. Com isso, será mantido o canteiro onde atualmente ficam os pontos de ônibus.
Além disso, a nova configuração destaca uma mudança no projeto da Praça do Trabalhador, também no Centro de Goiânia. A via preferencial que estava construída desde 2016 não será utilizada e será incorporada para o passeio de veículos particulares. Agora, será levado em consideração a intersecção do projeto das obras viárias da Avenida Leste-Oeste.
A Seinfra destaca ainda que, no trecho I, que vai do Terminal Isidória ao Terminal Cruzeiro do Sul, conta com cinco plataformas de embarques e um terminal em ampliação (Cruzeiro). Havia a expectativa da construção de uma nova estação no terreno onde funciona a sede dos Correios, na confluência das avenidas 4ª Radial, Transbrasiliana, Rio Verde e São Paulo. Porém, ele foi excluído devido a entraves na desapropriação do terreno, que não estava avançando. Pelo cenário, a prefeitura decidiu suprimir o novo terminal.
Já o trecho II, que fica entre os terminais Recanto do Bosque ao Isidória, contará com 31 estações de embarque e a construção de quatro novos terminais: Recanto do Bosque, Perimetral, Rodoviária e Isidória.
O projeto do BRT ainda destaca uma alteração de solução de pavimentação do corredor para pavimento rígido no trecho da Avenida Perimetral Norte ao Terminal do Recanto do Bosque. Essa adequação, segundo a Seinfra, se alinha ao padrão executivo dos dispositivos de drenagem conforme projetos da Dermu/Compav.
A outra mudança é a drenagem na Avenida Goiás. No local, a rede de absorção de água consiste na utilização de tubos em PVC do tipo RIB-LOC. O projeto ainda afirma a adequação da metodologia executiva da trincheira construída na Rua 90 que utiliza perfis e placas pré-moldadas no lugar de paredes diafragma. Outro ponto de mudança é a pintura da estrutura metálica das estações de embarque e desembarque e a inserção de acessórios necessários para a confecção de calçadas acessíveis.
A Seinfra encontrou algumas interferências para sobre pavimentação. Apesar de passar por modificações, elas não foram citadas para a reportagem. Outro fator foi a adequação da descrição dos itens relativos ao fornecimento de telhas para cobertura de terminais e estações.
Como já foi adiantado pela reportagem, também já foi feita uma mudança no viaduto previsto para ser construído no cruzamento das avenidas Goiás e Perimetral Norte. A ideia inicial era de que fosse realizado um viaduto de dois níveis, em que o BRT seguisse o nível atual, mas a Perimetral seria rebaixada. Porém, a prefeitura encontrou dificuldades para acertar as desapropriações de parte dos lotes localizados nas esquinas no trecho e, por isso, todo o projeto precisou ser revisto.
A ideia atual é que a Avenida Goiás tenha um elevado e a Perimetral tenha um rebaixamento menor que o previsto, apenas para tornar possível a construção. Dessa forma, o viaduto deverá ter, praticamente, três níveis. Mas, ele ainda segue em licitação e ainda não há previsão para o começo de obras no local.
O projeto também mostrou uma incompatibilidade no sistema de drenagem existente com o que foi projetado na Avenida 84. Com isso, todo o trabalho foi revisto e refeito. Um exemplo foi que, no entorno da Praça, foi construído o corredor em concreto para o BRT, o pavimento flexível em CBUQ, destinado aos demais veículos, e uma galeria de águas pluviais para melhorar a drenagem no local. Os meios-fios foram reconstruídos e foram implantadas as calçadas acessíveis. A iluminação pública será revitalizada, com a substituição das lâmpadas de sódio por luminárias em led.
A prefeitura ainda levou em consideração a alteração do acabamento das estações de embarque e desembarque. Antes estava previsto para ser utilizado o vidro, mas preferiu fazer o brise metálico. Um dos pontos mais polêmicos sobre o assunto foi na Praça do Cruzeiro. Houve a expectativa de que no local fossem construídas as estações de embarque e desembarque, de modo que os ônibus entrariam nos espaços. No entanto, ela foi tombada depois de uma ação judicial concluída em 2014 e o projeto necessitou sofrer adequações. Em 2019, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e a associação dos moradores do Setor Sul questionaram a obra.