Dia das Mães: a rotina de quem se divide entre a maternidade e o enfrentamento à Covid-19
Profissionais de enfermagem descrevem os principais desafios entre a maternidade e a atuação na pandemia
O dia das mães e o dia da enfermagem são comemorados no mês de maio. Ambas funções possuem características semelhantes: o cuidado, a preocupação, o servir. Para quem está na linha de frente do combate à Covid-19, a rotina costuma ser desafiadora. Mãe de útero ou mãe de coração, não importa, o amor é o mesmo. A técnica de enfermagem do Hospital Ortopédico Promed (HOP) – unidade do Sistema Hapvida – Francineide dos Santos Carvalho, acredita que a sua missão no mundo é exercer a maternidade, independente dos vínculos.
Ela tem dois filhos biológicos, uma enteada e uma criança que está em processo final de adoção. Além disso, ajudou a cuidar dos sobrinhos que também a chamam de mãe. “Eu gosto muito de cuidar. Eu me identifico muito com a maternidade. Tenho 43 anos e não descarto a possibilidade de engravidar de novo. E isso está relacionado também a profissão que escolhi. Aqui no hospital eu amo ajudar os colegas, amo cuidar dos pacientes, me sinto bem fazendo isso”, declara a técnica.
Há oito meses atuando como técnica de enfermagem, Francineide conta a experiência de atuar na linha de frente de combate à Covid-19. “Me formei em dezembro de 2019, e só comecei a trabalhar em agosto de 2020. Apesar de ter começado a trabalhar durante a pandemia, acredito que tudo tem um propósito, e sei que Deus me colocou dentro do hospital para estender a mão ao próximo, e ajudar e zelar do amor de alguém”.
A coordenadora de enfermagem do Centro Cirúrgico do HOP, Mariana Claudino, também se divide entre o trabalho e a rotina da maternidade. É mãe de quatro filhos com as idades 12, 6, 4 e 2 anos. Esse será o segundo ano que a data será celebrada em meio a pandemia. “Agradeço a Deus pela minha família ter permanecido bem durante todo esse momento difícil que vivemos, e devido a minha carga horária, terei o prazer em passar o dia das mães ao lado das minhas joias raras! Neste dia peço à Deus para amparar todos os filhos que perderam suas mães para a Covid-19”, explica.
Mariana explica que conciliar a maternidade com o trabalho, ainda mais durante a pandemia é desafiador, mas fez questão de deixar a sua homenagem, especialmente para as mães da linha de frente de combate à pandemia. “Gostaria de falar para essas mães que precisam trabalhar, que tudo o que estão fazendo, irão receber em dobro, pois estão cuidando do amor de alguém. A nossa profissão é linda, somos luz na vida de alguém, no sofrimento da família somos o amparo, e até mesmo quando não sai como esperamos, nós enfermeiras temos o dom de amenizar o sofrimento. Sou muito apaixonada pela minha profissão, sou grata por poder ajudar, cuidar e transmitir meu amor a alguém que está precisando”, explica.
A carga das mães
Com a proximidade do Dia das Mães, é preciso refletir sobre o papel delas na família e também na sociedade. Ser mãe é sinônimo de amor, mas principalmente entrega e dedicação. Porém, muitas vezes esse papel desempenhado pelas mulheres trazem uma sobrecarga de trabalho, o que é preciso ser avaliado pela rede de apoio. “São mulheres que acabam se sobrecarregando de atividades que acabam levando à exaustão, seja por se cobrar excessivamente para serem super mães ou tentar atender as expectativas da sociedade”, explica a psicóloga do Sistema Hapvida, Ivana Teles.
Dividir as tarefas entre os familiares é importante para aliviar a responsabilidade das mães. “É importante refletir para não entrar em sobrecarga. Afinal de contas, mãe não é máquina, mãe é ser humano e que precisa receber sim cuidado, apoio e suporte. É interessante essa mãe refletir sobre isso, cuidar de si, lembrar que tem seus próprios limites, pedir ajuda para quem está ao lado para formar essa rede de apoio. Importante acontecer esse revezamento dos familiares para acolher e ouvir essa mãe, ajudá-la nas atividades do dia a dia. A gente sabe que são atividades muito intensas”, alerta a profissional.