Abrigos de idosos entram em alerta
Abrigo em Anápolis chegou a suspender visitação após 27 moradores terem Covid-19. Todos foram imunizados com as duas doses
Goiânia e municípios como Anápolis, Pirenópolis e Inhumas registraram surtos de Covid-19 em idosos que residem em abrigos nos meses de maio e junho, período que sucedeu a vacinação contra a doença da população nesta faixa etária. Contaminação em população já vacinada reafirma importância da vacinação, apontam especialistas.
Somente na Capital, oito idosos testaram positivo para a Covid-19 em um abrigo localizado no Setor Jaó, região Norte da cidade. Além dos idosos, três trabalhadores também foram contaminados com a doença. De acordo com a Secretaria de Saúde de Goiânia (SMS), entretanto, a vacina Coronavac, aplicada nos idosos no início do ano, evitou casos graves da Covid-19 no abrigo. “Isso mostra que a vacina teve uma eficácia acima de 50%, pois menos da metade teve a Covid-19 e praticamente sem sintomas”, afirmou a diretora de vigilância Epidemiológica de Goiânia, Grécia Pessoni.
Em Pirenópolis, já são 22 idosos moradores de um mesmo abrigo, infectados pela Covid-19. todos foram imunizados, na semana passada, dois chegaram a ser hospitalizados, sendo que um destes deu entrada na Unidade de terapia Intensiva (UtI). Em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, um abrigo para idosos e pessoas com deficiência chegou a registrar 57 internos com Covid-19. O primeiro interno contaminado foi diagnosticado no dia 24 do mês passado.
Em Anápolis, contudo, já chegou a 10 o número de idosos mortos em decorrência da Covid-19 em um abrigo. Dos 80 moradores do Abrigo dos velhos Professor Nicephoro Pereira da Silva, somente cinco não tiveram a doença. No mesmo local, 65 moradores foram contaminados e cinco chegaram a dar entrada em UtI para tratar a doença.
Imunização
Apesar de não evitar a doença, o médico infectologista e professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo, Robert fabian Crespo Rosas, explica que tomar as duas doses da vacina é fundamental para que haja um resultado eficaz, inicialmente na produção de anticorpos e após, na proteção que os anticorpos irão conferir ao paciente pelos próximos meses.
“vários estudos e um recente apresentado pelo Ministério da Saúde Chileno mostra que quando são aplicadas as duas doses da vacina, o risco de internação em Unidades de terapia Intensiva (UtIs) é reduzido em praticamente cinco vezes, se comparado com quem tomou uma ou nenhuma dose do imunizante. Em caso de contaminação, haverá uma forma assintomática ou mais leve da doença”, afirma o Infectologista.
De acordo com o médico, a imunização completa em idosos é ainda mais importante uma vez que, a medida em que a idade aumenta, a chance de precisar de internação caso haja infecção por Covid-19 também aumenta. “Entre 18 e 35 anos, a chance desse doente com Covid-19 precisar de UtI gira em torno de 3,5%. À medida que a gente vai aumentando a idade a chance desse paciente precisar de UtI passa para 17%, 18%. Com uma única dose, é possível reduzir essa chance de internação de 18% para 16,5%, ou seja, uma dose somente não é muito protetiva”, explica Robert.
Vacinas Seguindo o Plano Nacional de Imunização (PNI), no Brasil, a vacinação está sendo realizada com a aplicação de três imunizantes diferentes: Pfizer, Astrazeneca e Coronavac. As vacinas passaram por criteriosa análise da Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa), sendo consideradas seguras para a população. Produzidas por diferentes laboratórios em parcerias com universidades e institutos como o brasileiro Butantan, cada imunizante foi desenvolvido a partir de componentes e tecnologias específicas, o que explica as diferenças em relação ao aprazamento (intervalo entre a primeira e a segunda dose) e, possíveis, efeitos colaterais. Ressalta-se que apesar das diferenças, as três vacinas apresentam alto índice de eficácia em relação às variantes em circulação. (Especial para O Hoje)