Em entrevista ao vivo ao Congresso em Foco nesta segunda-feira (28/06), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro sabia das irregularidades envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin. “Se abrirem um canal para os funcionários do Ministério da Saúde denunciarem em anônimo o que acontece dentro da pasta, vocês vão descobrir que esse R$ 1,6 bilhão não é nada”, disse ele.

O parlamentar afirmou que tentou proteger o presidente do escândalo, alertando-o horas antes de pedir uma audiência para denunciar o esquema de corrupção no Ministério da Saúde. “Depois não quero que digam que explodi a República”, comentou. “O presidente sabia pela minha própria intensidade que era gravíssimo”. Na entrevista, ele conta que ao informar Bolsonaro, o presidente teria reagido dizendo “p*** merda, mais um rolo desse, cara”.

Miranda confirmou que Bolsonaro já havia sido avisado sobre as suspeitas envolvendo contratos com outra empresa, a Global Gestão de Saúde, que é investigada por irregularidades na compra da vacina indiana assim como a Precisa Medicamentos.

“Essa bomba vai explodir”, advertiu. “[Não] fomos com intenção de prejudicar o governo. Não. Queríamos salvar vidas”, declarou o deputado. “Não queríamos acabar com governo. Tentamos proteger o governo”. Ele ressaltou ainda que se sente traído, já que é integrante da base aliada. “Se o governo não fez nada, a culpa é do governo de não ter evitado um escândalo de corrupção”.

O deputado diz ter entregado documentos com informações sobre superfaturamentos no Ministério da Saúde ao ministro Onyx Lorenzoni ainda em 2019, e que eles também devem ser entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Sobre o presidente, ele reforça: “Ele sabe que estou falando a verdade. Volto a dizer que é grave, gravíssimo quando essas investigações estourarem. O presidente tem de se antecipar. Se desconfia de alguém, tira do governo. Eu quis ajudar o presidente, ainda quero. Se ele quiser colaborar, envio para ele o que entreguei para o Onyx”.