Projeto em debate censura pesquisas eleitorais, esvazia cotas e dificulta punição a políticos
O projeto também dá poder amplo aos partidos para usar como bem entenderem as verbas do fundo partidário e esvazia o poder de análise da Justiça Eleitoral das contas de partidos políticos.
Um projeto de Lei complementar que traz diversas alterações na legislação eleitoral, pode entrar em votação na Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (04/08), conforme intenção do presidente da casa, Arthur Lira (PP/AL).
Além de restrições aos levantamentos eleitorais, entre outros pontos, a proposta enfraquece as cotas para estímulo de participação de mulheres e negros na política, esvazia regras de fiscalização e punição a candidatos e partidos que façam mau uso das verbas públicas e tenta colocar amarras ao poder da Justiça de editar resoluções para as eleições, diz a Folha de São Paulo.
O projeto, relatado pela deputada Margarete Coelho (PP-PI), pretende revogar toda a legislação eleitoral e estabelecer um único código eleitoral. Para entrar em vigor ainda nas eleições de 2022, a medida precisa ser aprovada por Câmara e Senado e ser sancionada pelo presidente da República até o início de outubro, um ano antes da disputa.
A proposta estabelece que as pesquisas eleitorais só poderão ser divulgadas até a antevéspera da eleição e que os institutos responsáveis devem informar o percentual de acertos das pesquisas realizadas nas últimas cinco eleições. O projeto também dá poder amplo aos partidos para usar como bem entenderem as verbas do fundo partidário e esvazia o poder de análise da Justiça Eleitoral das contas de partidos políticos. Ela ficará restrita apenas a verificar se as siglas receberam recursos de fontes vedadas ou de origem não identificada.
O prazo para a Justiça Eleitoral analisar as contas partidárias cai de cinco para dois anos. Se isso não ocorrer, o processo pode ser extinto. O atual projeto, por exemplo, dá poder amplo aos partidos para usar como bem entenderem as verbas do fundo partidário, que distribui a cada ano cerca de R$ 1 bilhão às legendas.