Ricardo Barros ataca trabalhos da CPI e sessão é suspensa
“Espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, produza o efeito positivo para o Brasil porque o negativo já produziu muito”, disse o deputado.
O depoimento do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta quinta-feira (12/08) terminou em confusão. Após o depoente atacar os trabalhos da CPI e ter bate boca, o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão.
Durante seu depoimento, Barros disse que esperava que a CPI pudesse trazer resultado positivo ao país, pois negativo já havia produzido vários. “O mundo inteiro quer comprar vacinas e espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, produza o efeito positivo para o Brasil porque o negativo já produziu muito, afastou muitas empresas interessadas em vender vacina ao Brasil que não se interessam mais”, disse.
A fala do deputado gerou reação de vários senadores, que o acusaram de mentir. “Isso não é verdade”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “Aí não dá”, lamentou Humberto Costa (PT-PE).
Por fim, o presidente da comissão resolveu suspender a sessão. “Afastamos as vacinas que vocês do governo queriam tirar proveito, rapaz […] Reunião está suspensa e vamos avaliar o convite do deputado”, afirmou Aziz.
Depoimento
Barros, que é líder do Governo na Câmara, disse aos senadores que o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), na verdade, fez uma pergunta e não uma afirmação sobre seu nome.
“Em todas suas falas, Miranda disse que o presidente na verdade perguntou se eu estava envolvido no caso e nunca afirmou que eu estava. O presidente nunca afirmou e não tinha como desmentir o que não afirmou”, disse.
Barros foi parar na CPI depois que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) denunciou suspeita de irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin pelo governo federal. Miranda relatou que esteve reunido com Jair Bolsonaro e lhe informou o problema. O presidente teria dito então que “isso era coisa de Ricardo Barros” e que iria determinar uma investigação.
A denúncia resultou num inquérito da Polícia Federal, que apura se o presidente da República cometeu crime de prevaricação, caso não tenha tomado providências para apuração dos fatos.
A reunião começou tensa, marcada por bate-bocas entre governistas e oposicionistas. A confusão começou já na primeira pergunta do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que exibiu um vídeo mostrando parte do depoimento do deputado Luis Miranda à CPI. Ricardo Barros começou a responder, foi interrompido por Renan e fez críticas à CPI, o que provocou reação do senador Omar Aziz. Para o presidente da Comissão, não era necessária a presença de Barros na CPI, bastava o presidente da República ter desmentindo o deputado Luis Miranda, o que Bolsonaro não fez em momento algum.