Goiás é um dos Estados com menor aumento na geração de energia
Moradores de diversos municípios registraram queda de energia; em alguns locais serviço ficou em falta por dois dias
Mesmo que a capacidade do Brasil de produzir energia elétrica tenha aumentado em 795,98 MW (megawatts) de potência no último mês, segundo registrou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em expansão suficiente para abastecer quase um milhão de pessoas, Goiás não se encontra entre os Estados que registraram acréscimos significativos na capacidade de geração de energia. No último fim de semana, moradores da Capital e de diversas cidades sofreram com a falta de energia elétrica – alguns deles por dois dias.
De acordo com a Aneel, o aumento na capacidade de geração de energia é atribuído a um pico na quantidade de usinas geradoras que foram liberadas no mês passado. A Agência registrou a inauguração de novas usinas em 17 estados brasileiros, e Goiás foi apenas o segundo Estado com o menor acréscimo na capacidade de produção entre estes 17 Estados: somente um empreendimento entrou em operação, em Mineiros, no Sudoeste goiano.
Segundo a Agência, os Estados que registraram o maior acréscimo na capacidade de geração foram: Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul. Além disso, cerca de 80% da energia produzida por essas novas usinas vem de fontes eólicas, hídricas e solares.
Queda de energia
As chuvas fortes do último final de semana causaram a queda de energia em diferentes municípios goianos. De acordo com a Enel Distribuição, as principais cidades afetadas foram Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Goianira e Bela Vista. A distribuidora informou que, até a manhã de ontem (27), o fornecimento de energia já havia sido normalizado para 85% dos clientes afetados pelas chuvas, já que as quedas de energia teriam ocorrido devido aos ventos fortes que danificaram postes e fios da estrutura.
Até o fechamento desta edição, na tarde de ontem (27), dois dias após as chuvas, Igor Caldas, morador do Setor Marista, estava sem energia em casa. Ele afirma que tentou várias vezes se comunicar com a Enel e não teve resposta. O jovem trabalha em casa e conta que a falta de luz prejudicou muito sua produção. Ele disse ainda que a falta de energia é frequente, mas dessa vez, após as chuvas, durou tempo fora do normal. “Não é possível que uma chuva ocorrida domingo tenha causado estragos suficientes para me deixar sem luz por dois dias seguidos. Uma coisa são intempéries climáticas e problemas pontuais, outra é incompetência em lidar com contratempos recorrentes”, reclama.
Outra pessoa afetada com a falta de energia foi o produtor rural Afonso José. Morador do município de Vianópolis, a cerca de 90km da Capital, ele relata ter ficado 30 horas sem o fornecimento do serviço. “A energia caiu por volta das 05h da manhã do domingo e retornou somente às 11h da manhã de ontem, segunda”, afirmou à reportagem.
O principal transtorno para o produtor rural, além da preocupação da perda de alimentos congelados, a exemplo da carne, foi com relação à criação de peixes. “O motor responsável pela oxigenação dos peixes não funcionou no tempo necessário que deveria, e agora, o prejuízo pode vir a médio prazo, caso alguns peixes morram, já que eles ficaram com água do poço oxigenada por um período menor se comparado ao período em que há fornecimento normal de energia”, afirmou Afonso. Segundo ele, o estrago só não foi maior por conta do gerador. “Só foi possível mantê-los pois usamos o gerador a diesel para oxigenar. Se não fosse isso, alguns peixes já estariam mortos”, completou.
O produtor rural afirmou ainda que, as quedas de energia por três ou quatro horas costumam acontecer de forma recorrente na região, por até três vezes em um único mês. Entretanto, da forma que foi registrada neste último final de semana, com 30 horas sem energia, havia acontecido, neste ano, somente em março, devido a queda de um raio na região.
A Enel informa que, até a tarde de ontem (27), normalizou o fornecimento de energia foi retomado para 96% dos clientes afetados pelas chuvas, mas não deu um prazo de quando ia regularizar o fornecimento para os outros consumidores da empresa. (Especial para O Hoje)