“Não há como falar em prazo”, diz prefeito sobre obra na Marginal Botafogo
Segundo chefe do Executivo, o principal entrave estaria relacionado às ações de despejo. Seinfra, no entanto, chama atenção para remanejamento da parte elétrica.
As obras que envolvem o complexo viário da Marginal Botafogo caminham a passos largos rumo ao seu primeiro ano de atraso. Lançadas ainda na gestão do emedebista e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, a intervenção em uma das principais vias que cortam a cidade foi anunciada sob a promessa de escoamento rápido do trânsito, especialmente em horários de pico.
Conforme já mostrado pela reportagem do jornal O Hoje, para além do complexo, a prefeitura ainda toca obras de prolongamento da marginal entre as Avenidas Segundas Radial, na Vila Redenção, e Jamel Cecílio, no Jardim Goiás. Estão 97% executadas. Apesar do estágio avançado em que o projeto como um todo se encontra, o resultado prático dessas obras ainda se limita ao imaginário dos interessados: os goianienses.
Ao contrário do que se esperava, o que se vê hoje, especialmente por volta das 18h em dias de semana, é um trânsito lento tomado por motoristas que buscam levar vantagem entre as estreitas ruas dos bairros adjacentes ao projeto.
Durante passagem pela Câmara Municipal de Goiânia para prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2021, o prefeito da capital, Rogério Cruz (Republicanos) foi questionado sobre a entrega da estrutura, mas a resposta foi um tanto quanto desanimadora: “Não há como se falar em prazo”.
Na ocasião, o prefeito explicou que o entrave não estaria ligado à prefeitura, mas que se trata, na verdade, de problemas judiciais. “Todas as obras deixadas pela gestão passada estão tendo continuidade. Isso foi uma promessa de campanha. Quanto à Marginal Botafogo, a expectativa é muito grande em entregar o mais rápido possível, mas temos algumas situações, nas alças de entrada ou saída, onde precisamos desabrigar alguns imóveis e é aí que vem a complicação”, disse o gestor.
Em seguida, Cruz completou: “Tivemos um caso onde havia ali um imóvel. Nós solicitamos a retirada a partir de um mandado [judicial] que tínhamos, mas a pessoa entrou novamente [na Justiça] contra a prefeitura e tivemos que esperar uma nova ação. Tudo isso faz com que a condução desse projeto leve mais tempo”.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) também foi procurada pela reportagem. Segundo a pasta, as obras seguem em andamento e nunca estiveram paralisadas. Quanto ao que ainda resta para ser concluído, a Seinfra informou que os trabalhos estão concentrados nas alças de acesso e deslocamento dos postes de energia.
Sobre os entraves, no entanto, a Secretaria associou ao remanejamento da parte elétrica por parte da Enel. E concluiu, depois, que não há previsão para liberação ainda que parcial do trânsito. Apesar das declarações do prefeito, a Seinfra informou que a conclusão da obra, que está 88% executada, está prevista para dezembro.
“Os serviços estão caminhando com regularidade, mas em junho tivemos um contratempo com a chuva, que não estava prevista para aquela época e levou o escoramento da obra. Mas tudo foi rapidamente contornado e seguimos trabalhando diariamente para entregar a obra completa com a rotatória no nível da Alameda Leopoldo de Bulhões e a trincheira da Marginal Botafogo até a Avenida 2ª Radial”, disse o titular da Seinfra, Fausto Sarmento, ao O Hoje.
A última sinalização no que diz respeito aos prazos foi divulgada em 25 de agosto pela prefeitura de Goiânia que, na ocasião, estimou a liberação do trânsito na região para o final de setembro. O prolongamento da via é parte da contrapartida da administração municipal no contrato celebrado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para execução do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns.
As obras do trecho Sul/Norte da Marginal Botafogo envolvem, além do prolongamento da via, ações de recomposição do leito do córrego Botafogo e obras de drenagem nas vias laterais à pista, no Jardim Goiás. O novo trecho da Marginal conta com 1,7 quilômetro de extensão e vai da Avenida Jamel Cecílio, no Jardim Goiás, até a Avenida Segunda Radial, no Setor Pedro Ludovico.
Além da extensão da Marginal, a obra consiste também na construção de um elevado na Avenida Jamel Cecílio — único inaugurado até o momento — um viaduto no nível e uma trincheira. O padrão é o mesmo do construído no cruzamento das avenidas T-63 e 85, entre os setores Bueno e Bela Vista da capital.
O elevado na Jamel Cecílio foi pensado com o intuito de promover fluxo direto para as pessoas que querem atingir a BR-153, a GO-020 ou os bairros e condomínios da região. Já a Marginal Botafogo tem como a premissa de funcionar como uma via expressa, sem nenhuma interferência semafórica.
Para quem for acessar à região, a Alameda Leopoldo de Bulhões terá acesso à direita para a Jamel Cecílio ou à esquerda para o Setor Sul. Assim, o motorista poderá fazer o contorno e seguir ou retornar à própria Alameda. O projeto prevê que o trânsito flua em todas as direções, sem interferência de semáforos, beneficiando consequentemente os interessados em acessar as regiões do Parque Flamboyant, Alphaville, Portal do Sol, Alto da Glória e Jardim Goiás.